A 7 de Julho deste ano, o Público publicou uma notícia cujo título foi «França prepara-se para noite de desacatos. Políticos apelam à calma». O lead que a acompanhou dizia o seguinte: «Políticos receiam onda de violência depois de conhecidos os resultados da segunda volta das eleições legislativas. Algumas lojas dos centros urbanos foram barricadas para minimizar prejuízos».
Três dias antes, o Diário de Notícias publicou uma notícia também sobre França onde se podia ler: «Clima de violência: 30 mil polícias para evitar “desordem” na 2.ª volta» e «Governo quer garantir que “nem a extrema-esquerda nem a extrema-direita” estragam a noite eleitoral, depois de um final de campanha marcado por agressões a candidatos».
Estes são apenas dois exemplos de um tipo de tratamento noticioso que nem sempre é norma. Fazendo uma rápida pesquisa, para os órgãos de comunicação social portugueses, na Venezuela, na acção da chamada «oposição» parece não existir uma «onda de violência», nem lojas destruídas, nem «desordem» após a noite eleitoral.
O que há, segundo notícia do Jornal de Notícias, são «pelo menos 24 mortos nas manifestações contra a reeleição de Maduro» e a fonte é uma ONG chamada Provea. Este tipo de tratamento noticioso é o modus operandi - as organizações não-governamentais valem mais que as entidades oficiais e a violência é única e exclusivamente feita pelas denominadas «forças pró-Maduro».
O apagamento da violência da «oposição» e a suposta denúncia de uma repressão estatal serve, então, para legitimar a narrativa de que Nicolás Maduro é sinónimo da opressão e que o seu «regime» está em «crise». A questão é que a realidade não se molda mediante vontades nem desejos, e a Telesur fez um apanhado das forças pró-Maria Corina Machado e dos seu candidato.
Eis a destruição da chamada «oposição» venezuelana em números:
- 12 universidades do país, incluindo a UCV, atacadas;
- 7 creches atacadas;
- 21 escolas primárias atacadas;
- 34 escolas secundárias atacadas;
- 6 centros de diagnóstico completo atacados;
- 1 ataque a um centro de saúde de alta tecnologia;
- 30 clínicas de cuidados ambulatoriais atacadas;
- 6 centros de armazenamento de alimentos e supermercados de Comités Locais de Abastecimento e Produção atacados;
- 11 estações de metro de Caracas atacadas;
- 1 comboio incendiado em Valência;
- 38 autocarros a atacados;
- 27 monumentos e estátuas destruídas, incluindo os de Simón Bolívar e Hugo Chávez;
- 10 sedes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) atacadas, algumas com pessoas no interior;
- 1 centro de esgotos em Nueva Esparta atacado;
- 10 quarteis atacados, como o quartel de San Jacinto, em Aragua;
- 1 ataque à sede do Ministério da Habitação em Chacao, com balas e cocktails molotov. No interior, encontravam-se trabalhadores do Ministério da Habitação com os seus filhos e filhas, que estavam ali porque estavam de férias;
- 10 sedes regionais do Conselho Nacional Eleitoral (CNE);
- 1 tentativa de incêndio à sede nacional do CNE;
- 2 rajadas de artilharia desferidas com a tentativa de invasão do Palácio Presidencial de Miraflores.
- 60 observadores internacionais alvos disparos que não tiveram sucesso graças à pronta acção da Guarda Nacional da Venezuela;
- 2 ataques de fogo posto às câmaras municipais de Carirubana e Quíbor;
- 5 000 ameaças a activistas políticos;
- 2 soldados da Força Armada Nacional Bolivariana da Venezuela mortos
- 1 general de brigada ferido;
- 1 tenente-coronel ferido;
- 1 primeiro-tenente ferido;
- 21 soldados feridos;
- 120 polícias feridos.
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