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Bastonadas e gás pimenta a reformados em Buenos Aires

A Polícia Federal reprimiu, esta quarta-feira, um grupo de reformados e pensionistas que denunciavam frente ao Congresso argentino o veto iminente de Milei à lei que aumenta as suas pensões.

CréditosSandra Cartasso / Página 12

Segundo revela o Página 12, com base nos relatos dos manifestantes e nas imagens divulgadas, pouco depois das 16h os agentes começaram a empurrar os pensionistas e reformados, que se mobilizaram para denunciar o veto anunciado por Javier Milei à lei aprovada no Congresso que aumenta as reformas e altera a fórmula de actualização.

A acção da Polícia, indica a fonte, seguiu o protocolo da ministra da Segurança, Patricia Bullrich. Aos empurrões, seguiram-se as bastonadas e o gás pimenta.

«Atiraram-nos gás pimenta para a cara, isto é uma loucura», disse um dos reformados a uma das TV presentes no local, que deram conta de vários feridos.

Página 12

«Tenho 75 anos, vivi a época de Videla [militar da ditadura] e isto já parece o mesmo, atiraram-nos gás para a vista, é muito triste», disse outro reformado, que teve de receber cuidados.

«Não nos chega para viver. Querem matar os velhos porque, para eles, não servimos para nada, mas fizemos a Argentina grande. Milei diz que não há dinheiro para nós, mas há para os ricos. É um traidor e entrega o nosso país», disse outro cidadão.

A concentração teve início pelas 15h locais, no contexto de uma jornada de mobilização que também incluía uma manifestação até à Praça de Maio, promovida por várias organizações de reformados e pensionistas que contestam o veto presidencial anunciado, uma vez que deitará por terra o aumento decidido pelo Congresso.

«O aumento a que o governo de opõe é muito pequeno, são 17 mil pesos [cerca de 16 euros] que não resolvem os problemas que temos. Ainda assim, devemos evitar que seja vetado», declarou Marcos Wolman, membro da Mesa Coordenadora de Organizações de Reformados e Pensionistas da República Argentina.

Página 12

«O Governo está a desfinanciar o sistema de pensões. O seu plano é caminhar para a privatização do sistema […], voltando a um modelo que falhou na década de 1990», acrescentou Wolman.

Entre as organizações que apoiam o protesto estão o Encuentro de Jubilados y Asambleas Barriales, Jubilados del Frente Grande, Jubilados Independientes, Jubilados en Lucha, Confederación de Jubilados de la República Argentina, Jubilados Clasistas e a Asociación Trabajadores del Estado.

Com a jornada de mobilização, pretendem, além de protestar contra o veto presidencial anunciado, dinamizar uma campanha de recolha de assinaturas contra a austeridade e a privatização do sistema de pensões.

«É importante que a sociedade se aperceba de como o governo vai tirando dinheiro às pensões. Está a reduzir os contributos [… e] o aumento do desemprego e do trabalho não declarado também ajuda a desfinanciar o sistema», disse ainda Wolman, alertando que a pensão mínima cobre apenas um terço do cabaz de bens essenciais.

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