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Prosseguem as mobilizações na Índia pelo fim das violências contra as mulheres

Há quase um mês que as mobilizações, lideradas pela esquerda, têm lugar na Índia em defesa de espaços públicos seguros para as mulheres, depois da violação e assassinato de uma jovem médica em Calcutá.

Mobilização em Calcutá a 3 de Setembro de 2024 Créditos / @cpimspeak

Na terça-feira passada, milhares de pessoas participaram numa manifestação na capital do estado indiano de Bengala Ocidental, exigindo justiça para a médica violada e assassinada, em Agosto, no hospital público RG Kar.

A mobilização, que foi convocada por uma frente de esquerda no estado, também chamou a atenção para a questão da segurança das mulheres nos espaços públicos e o seu direito a moverem-se em liberdade, indica o Peoples Dispatch.

Além disso, refere a fonte, os manifestantes exigiram a responsabilização do governo estadual, que, em seu entender, «não conseguiu controlar a deterioração da lei e da ordem». Também reclamaram a detenção do director do hospital, assim como do comissário da Polícia de Calcutá, que alegadamente terá tentado encobrir o incidente para proteger os culpados.

O Partido Comunista da Índia (Marxista) – PCI(M) e o Partido Comunista da Índia (PCI) estiveram entre as forças que lançaram um apelo conjunto à mobilização.

As mobilizações em Bengala Ocidental têm-se sucedido para exigir o fim dos assassinatos e das violações das mulheres, segurança e liberdade de movimentos / Mayukh Biswas

Outros partidos e organizações também participaram nos protestos, como a Federação dos Estudantes da Índia (SFI), a Federação Democrática da Juventude da Índia (DYFI) ou a Associação das Mulheres Democratas de Toda a Índia (AIDWA).

Em declarações à imprensa, dirigentes dos partidos de esquerda acusaram Mamta Baneerjee, ministra-chefe de Bengala Ocidental, de tentar proteger a pessoa acusada no caso usando o seu poder. Neste sentido, exigiram que se demitisse do cargo, para que uma investigação «livre e justa» possa ser levada a cabo e para que seja feita justiça.

«A tentativa audaciosa do partido no poder e da administração para inviabilizar a investigação do incidente no [hospital] RG Kar e proteger os culpados já foi exposta. O fracasso da ministra-chefe em garantir um ambiente seguro para as mulheres é patente. O povo do estado exige que ela se demita e que os culpados sejam punidos», disse Sujan Chakraborty, dirigente do PCI(M), aos jornalistas.

Vigílias vão continuar

Partidos políticos e outras organizações de esquerda têm-se mobilizado por todo o estado (e noutros pontos do país) desde que veio a público a notícia da violação e assassinato da jovem médica num hospital de Calcutá, exigindo justiça, segurança para as mulheres nos espaços públicos e liberdade de movimento.

Com estas exigências em mente, continuam a organizar vigílias nocturnas, insistindo na questão do direito das mulheres à segurança.

De acordo com o Peoples Dispatch, «a violação e outras formas de violência contra as mulheres na Índia têm aumentado na última década, tendo sido registados mais de 31 500 casos de violação só em 2022».

Vigília nocturna em Calcutá para exigir justiça para o caso do Hospital RG Kar / @cpimspeak

O Gabinete de Registo do Crime Nacional (NCRB) aponta que a taxa de condenação destes casos no país asiático não ultrapassa os 27%.

No que respeita ao crime cometido a 9 de Agosto no Hospital RG Kar, a esquerda insiste, com base na autópsia, que não foi cometido apenas por uma pessoa, e que o partido no poder em Bengala Ocidental tem tentado abafar o caso, para proteger pessoas que lhe são próximas.

Entretanto, milhares de médicos estagiários e a fazer a especialidade continuam em greve por tempo indeterminado, reclamando justiça para a vítima do RG Kar e mais segurança nos locais de trabalho.

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