Na terça-feira passada, milhares de pessoas participaram numa manifestação na capital do estado indiano de Bengala Ocidental, exigindo justiça para a médica violada e assassinada, em Agosto, no hospital público RG Kar.
A mobilização, que foi convocada por uma frente de esquerda no estado, também chamou a atenção para a questão da segurança das mulheres nos espaços públicos e o seu direito a moverem-se em liberdade, indica o Peoples Dispatch.
Além disso, refere a fonte, os manifestantes exigiram a responsabilização do governo estadual, que, em seu entender, «não conseguiu controlar a deterioração da lei e da ordem». Também reclamaram a detenção do director do hospital, assim como do comissário da Polícia de Calcutá, que alegadamente terá tentado encobrir o incidente para proteger os culpados.
O Partido Comunista da Índia (Marxista) – PCI(M) e o Partido Comunista da Índia (PCI) estiveram entre as forças que lançaram um apelo conjunto à mobilização.
Outros partidos e organizações também participaram nos protestos, como a Federação dos Estudantes da Índia (SFI), a Federação Democrática da Juventude da Índia (DYFI) ou a Associação das Mulheres Democratas de Toda a Índia (AIDWA).
Em declarações à imprensa, dirigentes dos partidos de esquerda acusaram Mamta Baneerjee, ministra-chefe de Bengala Ocidental, de tentar proteger a pessoa acusada no caso usando o seu poder. Neste sentido, exigiram que se demitisse do cargo, para que uma investigação «livre e justa» possa ser levada a cabo e para que seja feita justiça.
«A tentativa audaciosa do partido no poder e da administração para inviabilizar a investigação do incidente no [hospital] RG Kar e proteger os culpados já foi exposta. O fracasso da ministra-chefe em garantir um ambiente seguro para as mulheres é patente. O povo do estado exige que ela se demita e que os culpados sejam punidos», disse Sujan Chakraborty, dirigente do PCI(M), aos jornalistas.
Vigílias vão continuar
Partidos políticos e outras organizações de esquerda têm-se mobilizado por todo o estado (e noutros pontos do país) desde que veio a público a notícia da violação e assassinato da jovem médica num hospital de Calcutá, exigindo justiça, segurança para as mulheres nos espaços públicos e liberdade de movimento.
Com estas exigências em mente, continuam a organizar vigílias nocturnas, insistindo na questão do direito das mulheres à segurança.
De acordo com o Peoples Dispatch, «a violação e outras formas de violência contra as mulheres na Índia têm aumentado na última década, tendo sido registados mais de 31 500 casos de violação só em 2022».
O Gabinete de Registo do Crime Nacional (NCRB) aponta que a taxa de condenação destes casos no país asiático não ultrapassa os 27%.
No que respeita ao crime cometido a 9 de Agosto no Hospital RG Kar, a esquerda insiste, com base na autópsia, que não foi cometido apenas por uma pessoa, e que o partido no poder em Bengala Ocidental tem tentado abafar o caso, para proteger pessoas que lhe são próximas.
Entretanto, milhares de médicos estagiários e a fazer a especialidade continuam em greve por tempo indeterminado, reclamando justiça para a vítima do RG Kar e mais segurança nos locais de trabalho.
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