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Cuba lutou, resistiu e venceu, mas alerta que o bloqueio ainda permanece

O Governo dos Estados Unidos anunciou a decisão de excluir Cuba da lista de países que supostamente patrocinam o terrorismo. Mesmo considerando uma vitória, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba considera que, «apesar da sua natureza limitada, é uma decisão na direcção certa».

CréditosErnesto Mastrascusa / EPA

Peca por tardia a decisão dos Estados Unidos. Cuba foi retirada da lista de países que supostamente patrocinam o terrorismo, uma medida da anterior administração que agora é revogada e que teve, desde o primeiro momento, a resistência do povo cubano e milhões de pessoas espalhadas pelo mundo. 

Numa nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba considerou o anúncio como «uma decisão na direcção certa e em linha com a exigência sustentada e firme do governo e do povo de Cuba, e com o apelo amplo, enfático e reiterado de numerosos governos, especialmente os da América Latina, e do Caribe, de cubanos residentes no exterior, de organizações políticas, religiosas e sociais, e de numerosas figuras políticas dos Estados Unidos e de outros países».

Posto isto, as autoridades cubanas, entendendo que a «decisão põe fim a medidas coercivas específicas que, juntamente com muitas outras, causam graves danos à economia cubana, com graves efeitos para a população», não esquecem que «o bloqueio económico e boa parte das dezenas de medidas coercivas que foram postas em vigor desde 2017 para o reforçar continuam em vigor».

Em cima da mesa ainda está a «perseguição ilegal e agressiva contra os fornecimentos de combustível que Cuba tem o direito legítimo de importar», a «perseguição cruel e absurda aos legítimos acordos de cooperação médica internacional de Cuba com outros países», e a proibição de «transações financeiras internacionais de Cuba ou de qualquer nacional relacionadas com Cuba».

A isto, acresce ainda o facto de todos os cidadãos norte-americanos, empresas e entidades subsidiárias de uma empresa desse país estarem proibidos de negociar com Cuba ou entidades cubanas, salvo exceções muito restritas e regulamentadas, o que dificulta bastante o desenvolvimento do país. 

«A guerra económica continua e persiste a constituir o obstáculo fundamental ao desenvolvimento e à recuperação da economia cubana com um elevado custo humano para a população, e continua a ser um estímulo à emigração», considera o Ministério das Relações Exteriores de Cuba.

Ainda assim, o Ministério entende que a «decisão hoje anunciada pelos Estados Unidos corrige, de forma muito limitada, aspectos de uma política cruel e injusta», mas que «já deveria ter sido concretizado anos atrás, como um acto elementar de justiça, sem exigir nada em troca e sem criar pretextos para justificar a inação, caso se quisesse agir corretamente».

«É sabido que o governo desse país [EUA] poderá reverter no futuro as medidas adoptadas hoje, como já aconteceu noutras ocasiões e como sinal da falta de legitimidade, ética, consistência e razão na sua conduta contra Cuba», ressalvam os cubanos, não esquecendo que a administração Trump está próxima de tomar posse.

O Governo cubano diz ainda que «Cuba continuará a confrontar e denunciar esta política de guerra económica, programas de interferência e desinformação e operações de descrédito financiadas todos os anos com dezenas de milhões de dólares do orçamento federal dos Estados Unidos. Continuará também disposto a desenvolver uma relação de respeito com esse país, baseada no diálogo e na não ingerência nos assuntos internos de cada um, apesar das diferenças». 

Associação Portugal-Cuba «recebeu com agrado a notícia»

Num comunicado enviado à imprensa, a Associação Portugal-Cuba assinalou o agrado pela decisão agora tomada pelos Estado Unidos, mas reafirma a inclusão de Cuba na lista de países alegadamente patrocinadores de terrorismo «que nunca devia ter acontecido, juntamente com outras medidas, teve um impacto altamente lesivo».

«A retirada de Cuba é, pois, uma medida mais que justa que só peca por ser tardia e por ser limitada. Recordamos que se mantém o bloqueio que os EUA impõem a Cuba há mais de 60 anos, bem como as medidas coercivas unilaterais que, desde 2017, sufocam a economia e o desenvolvimento de Cuba», pode ler-se no comunicado. 

Como não podia deixar de ser, a Associação Portugal-Cuba finda o comunicado expressando a sua firme solidariedade a Cuba e ao seu heroico povo e compromete-se a continuar a exigir o fim do criminoso bloqueio imposto pelos EUA e a defender relações de solidariedade e cooperação entre todos os países, reconhecendo o direito de cada povo a decidir livremente o seu caminho, sem ingerências.
 

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