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Os «ataques» da Airbus não chegaram a tempo: luta dos trabalhadores já descolou

A Airbus Atlantic exigiu que trabalhadores informassem a empresa sobre a sua adesão à greve de 17 de Abril e proibiu-os de prestar declarações à imprensa. Resultado? Ao final do 1.º turno, a adesão estava próxima dos 100%.

Face à greve convocada pelos seus trabalhadores e pelo seu sindicato, o SITE Norte/CGTP-IN (Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Norte), a Airbus Atlantic Portugal tinha duas hipóteses: ou valorizava devidamente os trabalhadores que, todos os dias, asseguram a criação da riqueza na empresa ou iniciava uma campanha de intimidação, chantagem e ameaças.

O patronato fez a sua opção nas vésperas da greve parcial de dia 17 de Abril. Em dois comunicados que fez chegar às chefias, com a instrução de que o seu conteúdo fosse divulgado aos trabalhadores, a Airbus Atlantic exigiu que todo «o colaborador [trabalhador] que aderir à greve» informasse antecipadamento o seu «manager [chefia]». Caso não transmitam essa informação, «a ausência terá o tratamento previsto para as faltas injustificadas».

Para além do «ataque» ao direito constitucional à greve, que não pode ser punido pela entidade empregadora, como está definido no Artigo 540.º do Código do Trabalho: «constitui contra-ordenação muito grave o acto do empregador que implique coacção do trabalhador no sentido de não aderir a greve, ou que o prejudique ou discrimine por aderir ou não a greve», a Airbus Atlantic informou ainda os trabalhadores de que estes estavam impedidos de falar com qualquer órgão de imprensa.

«Conforme as diretrizes internas da empresa, nenhum colaborador está autorizado a prestar declarações ou representar a empresa junto da comunicação social», pode ler-se na informação dirigida aos trabalhadores. «Qualquer pedido de comentário, entrevista ou esclarecimento por parte de jornalistas ou outros meios de comunicação social deve ser tratado exclusivamente pela equipa de comunicação», exigiu a Airbus Atlantic.

Em declarações prestadas ao AbrilAbril, ao início da concentração, Miguel Ângelo, dirigente sindical, destacou a grande adesão à greve parcial que se verificou no primeiro turno, entre as 12h e as 14h, com relatos de uma paralisação total da produção. «A adesão deve andar pelos 90% ou até 100%», confirmou Miguel Ângelo, sublinhando a participação de muitos trabalhadores jovens, «com muita alegria, com muita determinação», à porta da fábrica em Santo Tirso.

Em comunicado enviado ao AbrilAbril, o SITE Norte denuncia a «tentativa» fracassada «de limitação grave do direito à greve», uma situação que já levou o sindicato a pedir a intervenção urgente da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT). «Tais atitudes só vêm reforçar os motivos para uma grande participação na luta» por aumentos salariais «dignos e justos para todos e pela negociação do Caderno Reivindicativo».

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