A Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) afirma em comunicado que, na sequência das eleições presidenciais equatorianas do passado dia 13, «segue com atenção e suma preocupação o desenvolvimento dos acontecimentos».
Neste sentido, o bloco de integração latino-americano e caribenho aponta «as numerosas irregularidades que afectaram o resultado das eleições no Equador e as consequentes acusações de fraude nesse processo, facto sem precedentes neste país».
O texto denuncia que «as eleições se realizaram sob um estado de excepção, declarado 24 horas antes do sufrágio, que vigorou precisamente nas províncias em que a oposição equatoriana mantinha um apoio popular histórico».
«A presença militar intimidatória nas mesas de voto e centros eleitorais foi evidente e alastrou a todo o país», afirma a ALBA-TCP, frisando que «alguns observadores internacionais declararam sentir-se pressionados por autoridades oficiais».
A aliança bolivariana refere ainda que, no meio deste clima repressivo, nos dias e horas anteriores às eleições tiveram lugar «detenções arbitrárias, acompanhadas da perseguição aberta a dirigentes da oposição».
«Para complicar ainda mais a situação, o governo contratou os serviços de um reputado mercenário norte-americano e da sua equipa, especialistas em violência militar e psicológica, para intimidar ainda mais o eleitorado», lê-se no texto.
O organismo de integração refere-se também a informações partilhadas oficialmente por observadores internacionais de acordo com as quais a disputa eleitoral «decorreu em condições desiguais, com utilização indevida de instituições e recursos estatais e alterações de última hora em aspectos organizacionais cruciais».
Tais irregularidades geraram «desconfiança e incerteza no processo eleitoral», sublinha, para depois lembrar que os estudos de opinião e as sondagens à boca da urna faziam prever uma contenda renhida e, inclusive, uma vitória da candidata Luisa González, da Revolução Cidadã.
Luisa González revela novas irregularidades
Num vídeo divulgado esta quinta-feira na sua conta de Twitter (X), a candidata à Presidência do Equador, que, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), ficou 11 pontos percentuais atrás de Daniel Noboa, afirmou que a campanha eleitoral esteve «repleta de irregularidades», a começar pelo facto de Noboa ter feito campanha sem ter solicitado a autorização devida.
González acusou ainda o presidente equatoriano de ter tomado as «instituições eleitorais, que permitiram ilegalmente a utilização indiscriminada de recursos públicos para uma campanha aberta pelo governo».
Para a candidata da Revolução Cidadã, quem agora assume o poder «sob a fictícia sombra da democracia» cometeu um «sem-número de infracções», nomeadamente a alteração de locais de voto ou a declaração do estado de excepção à última hora.
Luisa González enumerou uma série de irregularidades na contagem dos votos, tendo-se referido à existência de «múltiplas versões de actas que foram alteradas pelo CNE», à diminuição artificial do absentismo e a casos em que há «mais votos que votantes».
«Temos 1984 actas sem assinaturas conjunta – o que viola o artigo 127.º do Código da Democracia e implica a sua invalidação», disse, referindo que foram detectadas outras 1526 actas em que «a soma não coincide com o número de votantes», o que implica a sua anulação pelo CNE.
Também mencionou que se registou «uma diminuição inusual do voto em branco, o que deixa em dúvida a eventual manipulação directa de mais de 150 mil boletins de voto».
Afirmou que todas estas descobertas «extremamente graves» serão contestadas e impugnadas perante as autoridades competentes, «que hoje, infelizmente, estão sob o controlo de quem governa».
González alertou para a «perseguição àqueles que tiveram a coragem de erguer a voz», a quem foram «arrebatados mais de um milhão de votos numa eleição injusta, desigual e jamais vista na nossa história».
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