O Teatro Simón Bolívar, em Caracas, foi palco da abertura do II Encontro para uma Alternativa Social Mundial – de Bolívar a Chávez, que esteve a cargo de Jorge Arreaza, secretário executivo da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP).
Seguiram-se três painéis de debate, o primeiro dos quais centrado no tema «Comunicação e Resistência: o papel dos meios de comunicação na geopolítica actual», com a participação, entre outros, dos jornalistas Darión Roque (Cuba), Vivian Fernandes (Brasil), Alan McLeod (Reino Unido) e Patricia Villegas (Venezuela).
No encontro organizado pela ALBA-TCP e o Instituto Simón Bolívar, Villegas destacou a necessidade de contar a verdade da Venezuela perante os meios dominantes, que «manipulam a realidade do país sul-americano».
Em seu entender, está em curso um plano para atentar contra a vontade do povo venezuelano, ao avançar-se com a ideia de uma fraude eleitoral, «pelo que é nosso dever agir para divulgar a verdade na Venezuela».
Entre outros aspectos da sua intervenção, a jornalista venezuelana destacou a militância e o activismo digitais, tendo em conta as «novas tendências de informação através das redes sociais e o uso abrangente da Internet».
Lembrando que no seu país não são legais os resultados à boca da urna e que é necessário aguardar pela contagem do poder eleitoral, Villegas afirmou que as agências internacionais e os meios dominantes vão procurar recorrer à contagem à boca da urna, apesar da ilegalidade em que incorrem.
Neste sentido, considerou indispensável que «tenhamos consciência de quem se propõe distorcer a verdade, através de fontes não confiáveis», e defendeu que os jornalistas devem agir com base na sua experiência para enfrentar «o relato dominante, algo que fez a TeleSur ao longos dos anos».
A este propósito, disse que, mesmo quando «pensamos que a guerra é muito desequilibrada», é possível «quebrar o discurso dominante».
«As nossas câmaras e jornalistas conseguiram contar a verdade dos factos com coragem, rigor, capacidade técnica e estética», declarou, ao referir-se à cadeia em que trabalha.
Sermos elementos activos da comunicação
Ao inaugurar, em Caracas, o Encontro para uma Alternativa Social Mundial, Jorge Arreaza afirmou que são os povos ruas, com os governos revolucionários, que podem criar uma via alternativa. Começou esta quinta-feira, na capital venezuelana, o Encontro para uma Alternativa Social Mundial, que se prolonga até sábado, por iniciativa da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) e do Instituto Simón Bolívar. Ao dar as boas-vindas aos cerca de 500 delegados de 60 países participantes no encontro, o secretário executivo da ALBA-TCP, Jorge Arreaza, abordou os perigos e ameaças hoje existentes na região e no mundo. Neste contexto de «dificuldades e complexidades», defendeu que é tempo de unidade e de construção de uma alternativa para os povos, que «só nós podemos fazer», referindo-se aos representantes das organizações, movimentos sociais, partidos políticos e intelectuais presentes. O diplomata venezuelano afirmou que «o imperialismo já está a perder o controlo dos seus pilares» produtivo e financeiro, tendo entrado numa fase de declive em que apenas lhe sobra o pilar militar, tecnológico e comunicacional. Neste sentido, referiu-se à gravidade da situação, porque esse «imperialismo em declínio, como uma fera ferida, dá patadas para tentar prolongar o que está destinado a morrer». O secretário executivo do bloco de integração latino-americana disse ainda que, «neste claro-escuro», surgem monstros como os que hoje bombardeiam o povo palestiniano. «Só nós, os povos nas ruas, com os governos revolucionários, podemos conter estes monstros – o imperialismo – e apresentar ao mundo um caminho alternativo», sublinhou. Num encontro que pretende fomentar a unidade e desenhar estratégias para combater o imperialismo e o intervencionismo norte-americano, Jorge Arreaza afirmou que do conclave deve sair uma «agenda mínima de acção», também para ver o que se pode fazer em matéria de educação, saúde, habitação, cultura e alimentação. Depois da intervenção de boas-vindas, estavam agendados vários seminários, como «Perigos e ameaças para a humanidade», «A civilização decadente», «Um só imperialismo, um só inimigo» e «A necessidade de um projecto comum». Ao intervir no painel sobre «Perigos e ameaças para a humanidade», a socióloga equatoriana Irene León afirmou que vivemos «uma batalha política, económica e geopolítica de grande magnitude», num contexto em que «o capital quer esmagar todo o potencial que reside nos nossos povos». «Estamos perante uma batalha de poder que agita todos os cenários da humanidade», afirmou, destacando igualmente que o «mundo multipolar é uma realidade tangível que começa a mostrar músculo». Por seu lado, o sociólogo argentino Atilio Borón sublinhou que «a guerra está a ocorrer nos media» e que, «se não entendermos isso, continuaremos a ser vítimas do império». «Os meios de comunicação mentem de forma escandalosa», denunciou Borón, que chamou ainda a atenção para a «perseguição implacável na Europa» contra quem «se atreve a falar contra o imperialismo e a NATO». Esta sexta-feira, o Encontro propõe dois debates: «O princípio da Unidade como elemento transformador», a cargo de Jorge Arreaza; e «Hiper-imperialismo e uma Alternativa Social Mundial», dirigido pelo indiano Vijay Prashad, do Instituto Tricontinental de Investigação Social. Além dos intelectuais e dirigentes sociais referidos, participam nos debates Rania Khalek (EUA/Líbano), Carlos Rosero (Colômbia), Tebogo Phadu (África do Sul), Marta Martín (Espanha) e Abel Prieto (Cuba), entre outros, provenientes do Brasil, México, Porto Rico ou Guatemala. Segundo avançou a organização, ao longo do evento haverá mostras de solidariedade com a Palestina, Cuba, Haiti, Venezuela, o povo saarauí e o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas. A encerrar o Encontro, no sábado, dia 20, realiza-se o Seminário das Juventudes Anti-imperialistas em luta e pela solidariedade. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
«Só os povos nas ruas, com os governos revolucionários, podem conter o imperialismo»
Mundo multipolar é uma realidade tangível
Debates e seminários até sábado
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«Uma das estratégias fundamentais para criar propostas é que cada um se veja como um elemento activo da comunicação», disse, frisando a necessidade de «empreender o caminho para produzir os nossos próprios conteúdos».
Também destacou a importância de aprender a ler as redes sociais, de «aprender a ler esses conteúdos que hoje estão ao alcance das nossas mãos».
No entender de Villegas, é igualmente importante a criação das «nossas próprias autoestradas de informação, sem depender de canais que são controlados por espaços dominantes que dizem o que fazer e quando».
A este propósito, afirmou que as redes sociais «têm códigos e regras que não são as nossas» e, independentemente de os cumprirmos ou não, «cortam-nos a transmissão e tornam-nos invisíveis».
O II Encontro para uma Alternativa Social Mundial – de Bolívar a Chávez começou esta terça-feira e prossegue hoje, com a realização de painéis de debate sobre a paz, a justiça económica e a justiça política, antes da sessão de encerramento.
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