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Educação pública madrilena em greve contra o subfinanciamento

Docentes de todos os níveis educativos estão em greve, esta segunda-feira, contra o contínuo «subfinanciamento» imposto por Ayuso, presidente da Comunidade de Madrid – a que menos investe na Educação.

Créditos / elplural.com

«Salvem o sector público» é o lema da paralisação promovida pelos sindicatos CGT, STEM, CNT, Co. bas e Solidaridad Obrera, que se estende ao dia de amanhã, no ensino pré-escolar, primário, secundário, formação profissional e ensino especial, contra a privatização e a precarização do trabalho. Segundo o El Salto, há um problema comum a afectar os profissionais de todos os níveis educativos: a falta de financiamento da educação pública na Comunidade de Madrid, governada por Isabel Díaz Ayuso (Partido Popular).

De acordo com os últimos dados disponíveis do Ministério espanhol da Educação, com 6039 euros por aluno por ano, a região de Madrid é a que menos investe, situando-se muito atrás dos 11 880 euros atribuídos pelo País Basco ou dos 9 446 euros atribuídos por Navarra, e da média nacional de Espanha, que é de 7384 euros. «Esta falta de financiamento ameaça a qualidade da educação e as condições de trabalho», explicou uma professora ao online, detalhando aspectos como a falta de sistemas de ar condicionado ou de toldos nos pátios. 

A par do subfinanciamento, os profissionais da educação criticam a falta de vontade de reverter os cortes implementados em 2010. Adianta o El Salto que a Comunidade de Madrid «é a única que mantém seu quadro de pessoal de ensino fundamental, médio e profissional com um aumento de horas de ensino». Neste sentido, os professores de Madrid continuam a exigir o regresso às 23 horas, no caso do Ensino Pré-Escolar e primário, em vez das actuais 25, e às 18 horas no Ensino Secundário e profissional, em vez das 20 horas, criticando o acordo assinado pelos sindicatos UGT, CCOO, ANPE e CISF, e o Departamento de Educação do governo de Ayuso, por ter deixado de fora o pessoal da Educação Infantil e do Ensino Primário na redução do número de horas lectivas. 

Estima-se que, se a reivindicação fosse aceite, 4000 novos professores seriam recrutados no próximo ano, «tendo em conta que, nos primeiros anos da crise [2010], se perderam 6000 professores». 

Os promotores da paralisação denunciam ainda que o Projecto de Lei do Ensino Superior estabelece que a tutela regional financiará apenas 70% do orçamento, «conduzindo a uma maior dependência económica estrutural do capital privado, a um aumento das propinas e ao encerramento de cursos com base em critérios de mercado e no número de estudantes».

Um manifesto conjunto em defesa da universidade pública, promovido por estruturas sindicais como a CGT, em Dezembro passado, denunciava as «políticas de desvalorização do sector público» na comunidade madrilena. «Políticas que se têm baseado especificamente em medidas orçamentais, reduzindo drasticamente o financiamento público de serviços essenciais, enquanto a iniciativa privada é financiada com recursos públicos para a prestação desses mesmos serviços», refere-se no texto, salientando que «isto explica a situação económica e financeira das Universidades Públicas de Madrid».

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