As forças da chamada oposição moderada, assim designada pelos EUA e outros países ocidentais, têm estado a bombardear áreas residenciais em Alepo (Norte da Síria) «em coordenação e cooperação» com a Frente al-Nusra (o braço sírio da Al-Qaeda) nos últimos dias. A acusação é feita pelo Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros numa missiva enviada dia 5 de Junho às NU.
No documento, citado pela agência noticiosa SANA, Damasco acusa a Turquia, a Arábia Saudita e o Qatar de «patrocinarem o terrorismo», de «minarem os esforços feitos no sentido de parar o derramamento de sangue» e de «fazerem descarrilar as conversações de Genebra e os termos da trégua».
Para além disso, Damasco acusa alguns Estados-membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) de terem «dois pesos e duas medidas» na luta contra o terrorismo e de não estarem realmente envolvidos nela. O texto refere-se, concretamente, ao facto de os EUA, a França, o Reino Unido e a Ucrânia se terem recusado a incluir a Jaish al-Islam, a Ahrar al-Sham e a Jaish al-Fatah na lista de organizações terroristas, assim classificadas pelo Governo sírio, que as considera «filiadas» na Al-Qaeda.
Assim, Damasco exige ao CSNU que «assuma as suas responsabilidades na preservação da paz e da segurança internacional» e tome medidas punitivas imediatas contra os países que apoiam grupos terroristas. O Governo sírio sublinha, em simultâneo, que, «ao fecharem os olhos à passagem, nas fronteiras turcas, de milhares de terroristas, de todo o género de armamento e até de soldados turcos com destino ao Norte de Alepo», alguns países estão a dar alento aos terroristas para que levem a cabo massacres em Alepo e violem o cessar-fogo.
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Não bombardear a Al-Nusra...
Entretanto, o Ministério da Defesa russo revelou que os ataques e bombardeamentos mais recentes em várias localidades do Norte da Síria e em Sheikh Maqsood, bairro de Alepo até agora controlado por milícias curdas, foram possíveis porque as posições dos terroristas não foram atacadas durante algum tempo pela Força Aérea Russa, a pedido dos norte-americanos.
De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, Washington pediu à Rússia que não atacasse o braço sírio da Al-Qaeda porque partilhava o mesmo território que a chamada oposição moderada.
Numa entrevista exclusiva à RT, Peter Ford, antigo embaixador britânico na Síria, defende que o pedido dos norte-americanos evidencia até que ponto estão «preparados para se aliar» com os seus «arqui-inimigos da Al-Qaeda». Classificando esta estratégia como «grotesca», Ford criticou de forma veemente a obsessão dos EUA em «derrubar Assad e o Governo secular da Síria».
O ex-embaixador afirmou não existir qualquer diferença entre a Al-Nusra e grupos como Jaish al-Islam, Ahrar al-Sham e Jaish al-Fatah, na medida em que não se distinguem em termos ideológicos ou a nível de métodos de actuação. No que respeita às diferenças com a oposição moderada – assim dita pelo Ocidente –, sublinhou que elas residem apenas no domínio táctico.
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