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Cenário de guerra no centro do Rio com votação do «pacote das maldades»

A Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro reprimiu, ontem, de forma violenta os protestos, junto à Assembleia Legislativa, contra o pacote de medidas de austeridade do governo estadual.

Trabalhadores protestaram, no Rio de Janeiro, contra o chamado «pacote das maldades» e a Polícia Militar interveio de forma violenta
Créditos / Mídia Ninja

A votação do «pacote das maldades» teve início ontem, dia 6, e deve prolongar-se até dia 12. No primeiro dia da votação, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), centenas de manifestantes tentaram protestar contra medidas que «prevêem cortes nos programas sociais, aumento de impostos para trabalhadores assalariados e aposentados, redução de direitos laborais, congelamento de salários», informa o Brasil de Fato.

A Polícia Militar (PM) do governo de Luiz Fernando Pezão (PMDB) interveio de forma violenta, de tal forma que o comércio no centro da cidade teve de fechar, as ruas ficaram repletas de gás lacrimogéneo e, segundo denunciaram os manifestantes, «milhares de disparos foram efectuados contra quem estava em frente à Alerj para reivindicar os seus direitos».

O centro do Rio tornou-se um cenário de guerra, com «árvores, escadas e muros próximos à Alerj» a servir de barricadas aos manifestantes, «que se protegiam da violência policial». Os agentes, pelo seu lado, posicionaram-se nos telhados próximos para disparar balas de borracha contra quem protestava.

Em declarações ao Brasil de Fato, Marta Moraes, coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação, disse: «Hoje o centro do Rio estava em guerra. Já passava das 16h e a tropa de choque ainda estava perseguindo manifestantes nos arredores da Alerj». E sublinhou: «Nós vamos continuar protestando e nos dias 14 e 15 de Dezembro todos os servidores públicos vão realizar uma paralisação de 48h».

Funcionários públicos em luta

Os manifestantes eram na sua maioria funcionários públicos – professores, polícias civis e militares, bombeiros, funcionários da Justiça, da saúde e da administração pública –, que são os grandes afectados pelos projectos apresentados pelo governo de Pezão (PMDB). Entre as medidas de austeridade apresentadas, conta-se o aumento da contribuição para a Segurança Social de 11 para 14%; o adiamento para 2020 dos aumentos salariais aprovados em 2014, que entrariam em vigor em 2017; o fim dos programas Aluguer Social, Renda Melhor e Renda Melhor Jovem.

Ontem, nem a igreja de São José, imóvel do século XVIII classificado como Património Histórico da cidade, escapou à «batalha campal», com os agentes da Polícia a usá-lo para disparar balas de borracha contra os trabalhadores, revela o Brasil de Fato.

«O que a PM está fazendo é uma vergonha; aqui só tem trabalhadores, pai e mãe de família», disse um dos manifestantes, enquanto tentava proteger-se. A repressão policial intensa ao longo de todo o dia, com recurso a cavalaria, fez diversos feridos entre os trabalhadores, não quantificados. A PM disse que 11 agentes ficaram feridos.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) emitiu uma nota em solidariedade «com os trabalhadores reprimidos pela polícia no Rio de Janeiro».

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