«Creio que também aí há ruído e uma coisa não tem nada a ver com a outra», diz Assunção Cristas sobre a participação do ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais no submundo dos paraísos fiscais. Primeiro, enquanto advogado criou mais de uma centena de sociedades no offshore da Madeira para serem utilizadas por clientes seus; mais tarde, como governante, teve dúvidas sobre a publicação das estatísticas relativas a transferências para esses destinos, decidindo não o fazer.
Resta ainda esclarecer a razão pela qual cerca de 10 mil milhões de euros em transferências para offshore tenham sido comunicadas ao fisco mas não tinha sido registadas ou controladas. Sobre isso, a presidente do CDS-PP, partido de que Núncio foi dirigente até ao estalar da polémica, diz não ter existido «nenhum tipo de interferência política», já que algumas das transferências terão ocorrido após a derrota da coligação que suportou o anterior governo nas eleições de Outubro de 2015.
Já ontem, em Aveiro, Cristas tinha afirmado que «não há responsabilidade política» no caso, isentando Núncio e isentando o seu partido. Hoje, na Covilhã, onde participa numa acção da candidatura do CDS-PP às autárquicas, repete a tese e acrescenta que teremos «um problema muito grande» se for posta em causa a «experiência profissional» dos detentores de cargos públicos.
«No limite, só podem ser governantes professores, académicos, professores de liceu e gente que não tem uma vida privada», afirmou ao final da manhã aos jornalistas que a questionavam na Covilhã, citada pela Agência Lusa.
Prioridade autárquica do CDS-PP é, para já, saber a data do escrutínio
Na mesma acção, a ex-ministra da Agricultura desafiou o Governo a marcar a data das eleições autárquicas, que se devem realizar no Outono. «Estamos praticamente a seis meses das eleições e já era hora de o Governo marcar a data das eleições», afirmou.
A intenção, segundo explicou na inauguração da candidatura encabeçada pelo seu antigo colega de governo, Adolfo Mesquita Nunes, é «impedir que haja alguma simpatia excessiva do Governo com autarcas da sua cor política que estão em exercício».
Uma exigência que esbarra com a prática do governo que integrou, já que a marcação das eleições de 2013, realizadas a 29 de Setembro, foi feita três meses antes, no final de Junho. Esta é, aliás, uma prática seguida desde 1979, altura em que as autárquicas ainda se realizavam em Dezembro.
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