O anúncio do ataque sobre a base da Força Aérea síria foi anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, esta madrugada. Seis dezenas de mísseis Tomahawk foram disparados de um navio estacionado no Mediterrâneo e, de acordo com fontes locais citadas pela agência russa RIA Novosti, destruíram a base de Shayrat.
O governador de Homs, em declarações à televisão pública síria citadas pela RT, confirmou que o ataque fez, pelo menos, cinco vítimas mortais, incluindo civis. Os terroristas do Estado Islâmico aproveitaram o ataque norte-americano para lançarem uma ofensiva sobre os campos de petróleo junto da cidade histórica de Palmira, mas foram travados, de acordo com a mesma fonte.
O ataque norte-americano já foi saudado pela Coligação Nacional, uma organização criada em Doha (Catar) e apoiada pelas potências ocidentais, que junta várias organizações de «rebeldes moderados», assim como por Israel e a Arábia Saudita.
O Irão já condenou o ataque, assim como a Bolívia e a Rússia, que são membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) e já pediram uma reunião de urgência do organismo. Numa declaração divulgada esta manhã, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, afirmou que, «enquanto anteriores iniciativas deste género eram apresentadas como esforços de combate ao terrorismo, agora são claramente um acto de agressão contra uma Síria soberana».
A Rússia suspendeu o memorando de entendimento sobre operações aéreas, firmado com os EUA após o país ter iniciado operações de combate a organizações terroristas a pedido das autoridades sírias.
«O ataque já estava preparado há muito»
A operação norte-americana foi justificada como uma resposta ao suposto ataque com armas químicas em Idlib, cuja responsabilidade é apontada às autoridades sírias. Apesar de ter sido pedida uma investigação independente e do veto de uma resolução do CSNU que visava legitimar o ataque, os EUA avançaram com a acção militar unilateral sobre a base aérea de um Estado soberano.
Nos últimos anos, a Organização para a Proibição de Armas Químicas realizou várias inspecções em instalações sírias apontadas como armazéns de armas químicas, não tendo sido encontrados quaisquer vestígios. Por outro lado, há registos de utilização de armas químicas por grupos terroristas, tanto na Síria como no Iraque. Na cidade de Idlib, onde o suposto ataque químico terá ocorrido, está sedeada a Coligação Nacional síria.
As autoridades russas acusam os norte-americanos de terem usado os acontecimentos de Idlib, na passada terça-feira, como pretexto para o ataque. «É óbvio que o ataque foi preparado antecipadamente. Qualquer especialista entende que a decisão de Washington sobre o ataque aéreo é anterior aos acontecimentos de Idblib», afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.
A operação militar está também a ser criticada internamente, por membros do Congresso norte-americano, de ambos os partidos (Republicanos e Democratas). Vários senadores e representantes afirmaram que o ataque é «ilegal e inconstitucional», já que qualquer acção militar necessita de autorização do Congresso (o que não aconteceu), a menos que seja em resposta a um ataque sobre o país. O presidente norte-americano classificou os bombardeamentos da base de Shayrat como «vitais à segurança nacional».
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