Presos palestinianos em greve de fome recordados no aniversário da Nakba

No 69.º aniversário da Nakba, milhares de pessoas vieram para as ruas, nos territórios ocupados da Palestina. Em Portugal, o MPPM assinalou a «catástrofe» com uma sessão solidária em que os prisioneiros palestinianos não foram esquecidos.

Palestinianos seguram uma bandeira gigante do seu país na manifestação que teve lugar em Ramallah (Margem Ocidental ocupada) para assinalar o 69.º aniversário da Nakba (catástrofe)
CréditosAlaa Badarneh / EPA

Numa sessão solidária que decorreu na Casa do Alentejo, em Lisboa, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) assinalou o 69.º aniversário da Nakba recordando a luta que «mais de 1500 presos políticos palestinianos estão a realizar», informa o MPPM na sua página de Facebook.

Foi neste âmbito que a presidente do organismo promotor da sessão, Maria do Céu Guerra, leu uma carta de Karim Yunis – o preso político palestiniano há mais tempo nas prisões de Israel – escrita no 28.º dia da greve de fome «pela liberdade e pela dignidade».

O Dia da Nakba, assinalado a 15 de Maio, refere-se à «catástrofe» que se abateu sobre o povo palestiniano com a criação do Estado de Israel, à expulsão de cerca de 750 mil palestinianos das suas terras, em 1948, a uma autêntica limpeza étnica que, iniciada naquele ano, se prolongou até aos dias de hoje.

A sessão na Casa do Alentejo contou ainda com a presença de Bruno Dias, deputado do PCP e presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Palestina, e Ivan Gonçalves, deputado do PS e vice-presidente do grupo, que destacaram o seu papel «no esclarecimento da questão palestiniana» junto dos deputados e da opinião pública.

Nabil Abuzneid, indigitado embaixador da Palestina em Portugal, salientou o facto de a Assembleia da República ter sido dos primeiros parlamentos a solidarizar-se com os presos palestinianos e agradeceu a solidariedade do povo português para com o povo palestiniano.

A encerrar a sessão, o vice-presidente do MPPM, Carlos Almeida, sublinhou vários aniversários que se assinalam este ano e que são «datas funestas» para o povo palestiniano: «o 100.º aniversário da Declaração Balfour, que prometeu um lar para os judeus na Palestina, o 70.º aniversário da Resolução da Partilha, da ONU, que conduziu à criação do Estado de Israel sem ser criado o Estado Palestino, e o 50.º aniversário da ocupação total da Palestina por Israel».

Repressão israelita em Belém e Ramallah

A viver nos territórios ocupados ou na diáspora, cerca de seis milhões de palestinianos reivindicam a aplicação do direito – reconhecido internacionalmente – a regressar às suas terras e casas naquilo que é hoje o Estado de Israel.

Ontem, milhares mobilizaram-se nas ruas da Faixa de Gaza e da Margem Ocidental ocupada para assinalar o 69.º aniversário da Nakba. Em cidades como Gaza, Nablus, Qalqiliya, Belém e Ramallah, lembraram que as consequências da «catástrofe» foram sentidas pelas várias gerações de palestinianos, fizeram apelos à unidade nacional e à resistência contra a ocupação, e pediram mais apoio para os prisioneiros em greve de fome, informa a agência Ma'an.

Em Belém e Ramallah, as forças israelitas reprimiram os manifestantes de forma violenta, recorrendo, entre outras coisas, a balas de aço revistas de borracha e a gás lacrimogéneo. Pelo menos dez palestinianos foram atingidos a tiro e muitos mais apresentaram sintomas severos de inalação de gás.

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