Numa sessão solidária que decorreu na Casa do Alentejo, em Lisboa, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) assinalou o 69.º aniversário da Nakba recordando a luta que «mais de 1500 presos políticos palestinianos estão a realizar», informa o MPPM na sua página de Facebook.
Foi neste âmbito que a presidente do organismo promotor da sessão, Maria do Céu Guerra, leu uma carta de Karim Yunis – o preso político palestiniano há mais tempo nas prisões de Israel – escrita no 28.º dia da greve de fome «pela liberdade e pela dignidade».
O Dia da Nakba, assinalado a 15 de Maio, refere-se à «catástrofe» que se abateu sobre o povo palestiniano com a criação do Estado de Israel, à expulsão de cerca de 750 mil palestinianos das suas terras, em 1948, a uma autêntica limpeza étnica que, iniciada naquele ano, se prolongou até aos dias de hoje.
A sessão na Casa do Alentejo contou ainda com a presença de Bruno Dias, deputado do PCP e presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Palestina, e Ivan Gonçalves, deputado do PS e vice-presidente do grupo, que destacaram o seu papel «no esclarecimento da questão palestiniana» junto dos deputados e da opinião pública.
Nabil Abuzneid, indigitado embaixador da Palestina em Portugal, salientou o facto de a Assembleia da República ter sido dos primeiros parlamentos a solidarizar-se com os presos palestinianos e agradeceu a solidariedade do povo português para com o povo palestiniano.
A encerrar a sessão, o vice-presidente do MPPM, Carlos Almeida, sublinhou vários aniversários que se assinalam este ano e que são «datas funestas» para o povo palestiniano: «o 100.º aniversário da Declaração Balfour, que prometeu um lar para os judeus na Palestina, o 70.º aniversário da Resolução da Partilha, da ONU, que conduziu à criação do Estado de Israel sem ser criado o Estado Palestino, e o 50.º aniversário da ocupação total da Palestina por Israel».
Repressão israelita em Belém e Ramallah
A viver nos territórios ocupados ou na diáspora, cerca de seis milhões de palestinianos reivindicam a aplicação do direito – reconhecido internacionalmente – a regressar às suas terras e casas naquilo que é hoje o Estado de Israel.
Ontem, milhares mobilizaram-se nas ruas da Faixa de Gaza e da Margem Ocidental ocupada para assinalar o 69.º aniversário da Nakba. Em cidades como Gaza, Nablus, Qalqiliya, Belém e Ramallah, lembraram que as consequências da «catástrofe» foram sentidas pelas várias gerações de palestinianos, fizeram apelos à unidade nacional e à resistência contra a ocupação, e pediram mais apoio para os prisioneiros em greve de fome, informa a agência Ma'an.
Em Belém e Ramallah, as forças israelitas reprimiram os manifestantes de forma violenta, recorrendo, entre outras coisas, a balas de aço revistas de borracha e a gás lacrimogéneo. Pelo menos dez palestinianos foram atingidos a tiro e muitos mais apresentaram sintomas severos de inalação de gás.
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