Num comunicado enviado às redacções, a Comissão de Utentes de Transportes de Lisboa (CUTL) denuncia a degradação do serviço, que, dizem, se agrava de dia para dia. São os atrasos e supressões diários, as composições lotadas mesmo fora das horas de ponta e as filas de espera junto às máquinas de venda de bilhetes.
Transtornos que os utentes justificam com as «mais de duas dezenas de carruagens paradas por falta de peças» e pelos maquinistas «prometidos» e que «ainda não iniciaram a formação». Por outro lado, denunciam que as obras previstas nas estações com graves problemas de acessibilidades «continuam apenas a ser meros anúncios».
Farta de «promessas» e «campanhas de propaganda», a comissão de utentes defende que «as prioridades do Metro de Lisboa deveriam ser os utentes e a melhoria do serviços prestado, com soluções urgentes para a caótica situação que se continua a viver diariamente», mas que a empresa apenas «gere para si própria».
A comissão valoriza o lançamento do concurso para o alargamento da estação de Arroios. Uma obra que os utentes reivindicam há perto de seis anos, de modo a permitir a circulação de seis carruagens na Linha Verde (Telheiras-Cais do Sodré) e assim atenuar a sensação de «sardinhas em lata» – imagem que a CUTL adoptou na sua comunicação.
A mobilidade não se limita a planos de expansão do Metro
Perante o plano de expansão anunciado no passado dia 5 pelo ministro do Ambiente, que prevê um alargamento entre as estações do Rato e do Cais do Sodré, e a construção de duas novas – Estrela e Santos – até 2022, os utentes consideram que a mobilidade na capital «não se limita a planos de expansão do Metro de Lisboa, anunciados como grandes prioridades para o desenvolvimento operacional da rede em meras acções de marketing».
Num debate realizado esta terça-feira na Assembleia Municipal de Lisboa, apenas o PS, alinhado com o presidente do município, Fernando Medina, saiu em defesa da proposta do Governo.
Para os eleitos das restantes forças políticas, o alargamento apresentado pelo Executivo não é significativo. O PCP defende como prioridade a expansão até Alcântara. Proposta a que anuíram o eleitos do PSD e também o do BE, que considera um «erro crucial» esquecer a zona ocidental da cidade.
«Não, não façam isto, por favor»
O prolongamento das linhas Amarela e Vermelha até Alcântara-Terra foi igualmente defendido por Pompeu Santos, engenheiro civil e um dos especialistas que participaram na discussão. Quanto à proposta do Governo, alertou para o facto de ser «uma obra arriscada, por baixo de edifícios antigos e muito frágeis, isto vai provocar problemas complicadíssimos».
Para este engenheiro, especialista em infra-estruturas, «quando se fala de expansões, e não se pensa integradamente, não estamos a fazer investimento, estamos só a fazer despesas».
Em sintonia com Pompeu Santos esteve o também engenheiro Santos Silva, que propôs um debate mais alargado e pediu mesmo que não se avance com o projecto de alargamento anunciado pelo ministro. «Não, não façam isto, por favor. Perguntem aos técnicos de manutenção o que se há-de fazer. Não tomem decisões sem perguntar.»
O especialista alertou para as «curvas» e «contracurvas» do trajecto entre o Rato e o Cais do Sodré, bem como para a necessidade de construir dois novos viadutos no Campo Grande.
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