No contexto da reunião, seriam necessários dois terços dos votos dos países representados – 23 de 34 – para que qualquer resolução fosse adoptada, mas as divergências entre as propostas apresentadas e os discursos que ontem se ouviram em Washington foram tão notórias que os presentes optaram por suspender a reunião.
Agora, os embaixadores na OEA vão agendar nova reunião sobre o tema – e tentar desbloquear o impasse – para uma data anterior à próxima assembleia-geral da organização, que se celebra no México entre 19 e 21 de Junho.
Propostas divergentes
Na sessão de ontem, foram apresentadas duas propostas de resolução bem distintas. Uma delas foi avançada pelos Estados Unidos e por países como o Canadá, o México, o Peru e o Panamá, e, segundo a Alba Ciudad, continha um teor fortemente crítico para com o governo de Nicolás Maduro, exigindo a libertação daquilo a que chamam «presos políticos» e condenando o processo da Assembleia Constituinte, convocado pelo presidente venezuelano no início de Maio.
Por seu lado, os países que integram a Comunidade do Caribe (Caricom) apresentaram um projecto que não segue uma linha de ingerência e de intervencionismo. Ambas as propostas coincidiam, sim, em pedir o fim da violência a todas as partes, um novo processo de diálogo, a criação de um grupo de seguimento; convidavam ainda Venezuela a reconsiderar a sua decisão de abandonar a OEA.
Soberania vs. intervencionismo
Na reunião, representantes de países onde governa a direita, como o Brasil, a Colômbia, o Paraguai e a Argentina deram continuidade à defesa da ingerência e do intervencionismo na Venezuela, informa a TeleSur.
Na sua intervenção, o chanceler do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira Filho, afirmou que «a solução legítima virá dos venezuelanos», mas desafiou a região a não ficar de «braços cruzados».
Por seu lado, os diplomatas de países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA), como a Bolívia, a Nicarágua e o Equador, manifestaram o seu repúdio pela realização da reunião de consulta sobre a situação na Venezuela sem o consentimento do país visado e por considerarem que esta interfere nos assuntos internos do país sul-americano.
«A OEA não pode continuar a ser usada por um país para o linchamento político do governo da Venezuela», defendeu o representante da Nicarágua, Luis Ezequiel Alvarado.
Fernando Huanacuni, em representação da Bolívia, condenou aquilo que considera ser a «intervenção» de certos actores da OEA nos assuntos internos da Venezuela, sublinhando que «os países da região não precisam de protectorados nem de tutelagens».
A representante do Equador, María Íñiguez, considerou «preocupante que se queira impor soluções» à Venezuela, acrescentando que isso «faz lembrar os tempos negros em que a OEA era um instrumento para impor agendas na nossa região».
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