«Quiséramos nós que esta audição, convocada há algumas semanas, não ganhasse a actualidade e a abrangência que a vida lhe deu», afirmou Jerónimo de Sousa, no encerramento da audição que o grupo parlamentar do PCP realizou esta tarde, no Parlamento, com a presença de mais de uma dezena de corporações de bombeiros e outras organizações sindicais e com intervenção na área das florestas.
A iniciativa já estava agendada há cerca de um mês, antes dos incêndios florestais da última semana no Centro do País que fizeram 64 mortos e mais de duas centenas de feridos.
O secretário-geral do PCP defendeu um conjunto de medidas de apoio aos bombeiros e às suas corporações, denunciando algumas das medidas que, nos últimos anos, os têm penalizado: aumentos nos impostos, nos preços do gás, electricidade e combustíveis, dos materiais e viaturas.
Para além de apoios às associações humanitárias e aos bombeiros sapadores e municipais, o PCP defende ainda medidas ao nível do apoio social e laboral para os bombeiros.
Num momento em que a pressão para que o pacote florestal do Governo seja aprovado pela Assembleia da República em contra-relógio, Jerónimo de Sousa disse que «se a reforma florestal não está aprovada é porque não responde aos problemas essenciais» da floresta.
O secretário-geral comunista considerou necessário «o reforço dos meios orçamentais», o que não acontece com as propostas governamentais – designadamente a constituição de 500 equipas de sapadores florestais, prevista para 2012 mas ainda não alcançada.
«Os diagnósticos estão feitos», lembrou o dirigente comunista, que rejeita a constituição de uma comissão de técnicos independentes, como o PSD deseja: «quem sabe se independentes da Assembleia da República mas dependentes dos interesses em presença».
Os problemas, afirmou, resultam «da destruição da pequena e média agricultura», da desertificação do Interior e do mundo rural, das «imposições da Política Agrícola Comum» e das imposições de cortes orçamentais pela União Europeia.
Jerónimo de Sousa anunciou ainda que o PCP vai apresentar em breve um conjunto de propostas «em que insisite há anos», nomeadamente no plano do ordenamento florestal, com a limitação da plantação de eucalipto; que permitam a subida do preço da madeira na produção, estimulando a produção de espécies autócones (como o sobreiro, o carvalho, o castanheiro, a azinheira ou o teixo); em conjunto com o apoio às vítimas dos incêndios.
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