Após o fim inconclusivo das negociações iniciadas em Janeiro, os presidentes da República de Chipre e da República Turca de Chipre do Norte (regime implantado após a ocupação ilegal pela Turquia, em 1974, de um terço da ilha) regressaram à Suíça para uma nova ronda de conversações com vista à reunificação do país, na estância alpina de Crans-Montana, desde 28 de Junho.
A Nicos Anastasiades e Mustafa Akinci juntam-se os representantes das «potências-garante» – os ministros dos Negócios Estrangeiros da Grécia e da Turquia, e o enviado especial do Reino Unido (antiga potência colonial) para Chipre –, o representante do secretário-geral das Nações Unidas e o primeiro vice-presidente da Comissão Europeia (em representação da União Europeia, que assume o estatuto de observadora nas negociações).
No centro das discussões estão as questões da segurança e das «potências-garante», que mantêm a faculdade de intervir militarmente na ilha, de acordo com os termos dos tratados de 1960, que tornaram Chipre num país independente. Uma mesa negocial foi estabelecida para abordar exclusivamente estes temas, sendo o principal obstáculo até ao momento a recusa por parte da Turquia em retirar as tropas que mantém no terço Norte da ilha e abdicar do poder de intervenção.
Numa segunda mesa negocial, os representantes de ambas as comunidades – a grega e a turca – discutem todas as outras questões, sobre as quais têm vindo a ser conseguidos avanços mais significativos.
Estas negociações estão a ser entendidas por ambas as partes como uma oportunidade única para resolver a partição da ilha, que dura desde que a Turquia invadiu o Norte de Chipre em resposta a um golpe de Estado, com o apoio da junta militar grega, que pretendia impor a Enosis, a integração de Chipre na Grécia.
Em entrevista ao diário cipriota Haravgi, Toumazos Tsielepis, o dirigente do AKEL (Partido Progressista do Povo Trabalhador) e membro da equipa negocial da República de Chipre, alertou para a possibilidade de, caso não existam avanços nas actuais negociações, estas poderem «colapsar, como as conhecemos nos últimos dez anos».
Após o falhanço do plano Annan, chumbado em referendo, em 2004, as conversações entre ambas as comunidades para a reunificação da ilha, através da criação de um república federativa, foram ganhando força a partir de 2008, com a eleição do então secretário-geral do AKEL, Dimítris Christófias, para a presidência da República.
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