O protesto foi convocado pela Assembleia Nacional Catalã (ANC) e pela Òmnium Cultural, as associações lideradas, respectivamente, por Jordi Sánchez e Jordi Cuixart, a quem a juíza Carmen Lamela tinha dado na véspera ordem de prisão preventiva sem fiança.
Como noutras mobilizações de cariz independentista, ouviram-se palavras de ordem a favor da independência da Catalunha e viram-se muitas «esteladas» (bandeiras do território). Mas ontem, ao longo da manifestação, cujo percurso a multidão fez com velas acesas até à Praça Francesc Maciá, ouviram-se palavras de ordem novas.
«Jordis para casa», «liberdade para os nossos presos», «todos somos Jordi», «liberdade», «imprensa espanhola manipuladora» e «fora com a Justiça espanhola» foram algumas delas, alusivas ao encarceramento dos dois Jordis e à estratégia com a qual o Estado espanhol pretende «crispar e radicalizar o conflito político», segundo afirmaram os promotores da mobilização, indicam a Prensa Latina e a TeleSur.
Num manifesto lido no final, destacou-se que «o encarceramento de Sánchez e Cuixart é um grande erro que põe em causa os valores democráticos» e uma situação em que, mais uma vez «o Estado espanhol voltou a pisar o risco vermelho». No entender dos promotores da mobilização, o governo de Mariano Rajoy actua como uma ditadura: «julgam-nos e privam-nos de liberdade por nos manifestarmos pacificamente», afirmaram.
«Os corruptos continuam na rua e quem organiza manifestações civilizadas, pacíficas vai parar à cadeia», disse à TeleSur Maria Miracle, uma manifestante de 77 anos. Por seu lado, Elias Houraiz, um pasteleiro de 22 anos, declarou: «Estão a tentar assustar-nos; querem que tenhamos medo para deixarmos de pensar na independência, mas o que acontece é exactamente o contrário: cada vez somos mais gente e, no fim, acho que vamos conseguir.»
Acusados de sedição
Ambos os Jordis são investigados pelo crime de sedição, de que são acusados por alegadamente terem convocado acções de protesto em Barcelona, antes do referendo sobre a autodeterminação da Catalunha, realizado a 1 de Outubro e considerado inconstitucional pelo governo espanhol.
Nos dias 20 e 21 de Setembro, uma multidão cercou o Departamento de Economia da Generalitat (governo catalão) em protesto contra as acções de busca efectuadas pela Guarda Civil, que procurava dificultar a realização do referendo, confiscando material com ele relacionado.
Alguns dos manifestantes causaram danos em viaturas oficiais e impediram, durante várias horas, que os militares pudessem sair do departamento regional.
A magistrada Lamela – muito conhecida por ter acusado um grupo de jovens de Altsasu de «terrorismo» na sequência de uma zaragata num bar da localidade navarra, há um ano, com agentes da Guarda Civil – considerou que os dois líderes independentistas foram os promotores do assédio.
Além de Barcelona, registaram-se, também ontem, grandes mobilizações noutras localidades da Catalunha.
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