A crise económica e financeira da última década teve duríssimas repercussões na vida de largos milhões de pessoas em todo o mundo. No entanto, para uma elite, os últimos anos foram uma oportunidade para concentrar em si uma fatia ainda maior da riqueza mundial.
O «Relatório da Riqueza Mundial», produzido anualmente pelo Credit Suisse, mostra de forma crua essa realidade: este ano, 8,6% da população mundial concentra 85,7% dos recursos; se falarmos dos 0,7% mais ricos do planeta, a percentagem da riqueza concentrada atinge os 45,9%.
Menos de 1% da população mundial detém quase metade de toda a riqueza. Na base desta pirâmide invertida, 70% da população fica com apenas 2,7% dos recursos.
Estes relatórios são produzidos desde 2010 e já nessa altura as desigualdades eram gritantes: 8% detinha quase 80% da riqueza e para os 68% mais pobres sobravam pouco mais de 4%. Mas os últimos anos só significaram um agravamento, em dois sentidos.
O grupo dos mais pobres cresceu significativamente, de acordo com os critérios do Credit Suisse. Em 2010, 3 mil milhões de pessoas tinham menos de mil dólares (activos financeiros e imobiliários, subtraída a dívida); em 2017 já são quase 3,5 mil milhões. Se é verdade que a população mundial cresceu, não foi tão rápido como o número de pobres: são mais 2% do que há sete anos.
No outro extremo, dos que têm mais de 1 milhão de dólares, o fenómeno é idêntico, mas se falarmos na riqueza, já que o número de indivíduos aumentou apenas 0,2 pontos percentuais – de 24,2 milhões para 36 milhões de pessoas. Em 2010, estes detinham 35% da riqueza mundial; em 2017, concentram quase 46%.
Em sete anos, todos os grupos perderam menos os mais ricos dos mais ricos – mais de 10% da riqueza mundial transferiu-se dos bolsos dos 99% da população para o restrito grupo de 36 milhões de milionários por todo o mundo.
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