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CGTP acolhe conferência sindical internacional

Decorre esta quarta e quinta-feira, em Lisboa, uma conferência sindical internacional organizada pela CGTP-IN, intitulada «O Futuro do Trabalho – A valorização do trabalho e dos trabalhadores», na qual se pretende discutir o mundo do trabalho num contexto de rápidas transformações tecnológicas.

Dezenas de dirigentes sindicais de todo o mundo participam, num hotel em Lisboa, na conferência sindical internacional organizada pela CGTP-IN.
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A conferência tem como objectivo «discutir e aprofundar a acção comum e convergente do movimento sindical internacional» para «melhor conhecer o mundo do trabalho e o processo de acelerada transformação que este vive em consequência da Revolução Científica e Tecnológica (RCT) em curso». Os seus organizadores esperam que esta iniciativa «possa ser impulsionadora da conquista de direitos e de um caminho de emancipação de quem trabalha e não de sacrifício do direito ao progresso e à justiça social».

A abertura do evento decorreu esta quarta-feira com uma intervenção do Secretário-Geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, na presença de 40 centrais sindicais nacionais de todos os continentes, várias organizações sindicais regionais da Europa, África e Médio Oriente, duas centrais sindicais mundiais, nomeadamente a Federação Sindical Mundial e a Confederação Sindical Internacional, e muitos outros representantes nacionais de sindicatos e federações de todos os sectores de actividade, num total de mais de 100 participantes.

A concentração da riqueza à custa da exploração dos trabalhadores

A Intersindical, num documento de reflexão que realizou sobre a temática, afirma que «a contradição fundamental que marca o nosso mundo está no facto de que nunca antes na história da humanidade se ter produzido tanta riqueza como hoje, estando a sua maior parte concentrada nas mãos de um por cento da população mundial». Grande parte dessa concentração «faz-se cada vez mais por conta do aumento da exploração, com a destruição de conquistas de dimensão histórica da luta dos trabalhadores.»

Segundo dados fornecidos, «mais de 300 milhões de trabalhadores vivem ainda com menos de 1,25 USD/dia, a maioria dos quais em países do Terceiro Mundo.» enquanto que «o nível de pobreza tem vindo a crescer nos países ditos industrializados»

Entre 1988 e 2011, os rendimentos dos 10% mais pobres aumentaram apenas 3 USD/ano (0,25 USD/mês), enquanto as fortunas dos mais ricos subiram mais de 182 vezes. Por sua vez, a precariedade afecta 42% da força de trabalho no mundo (1,4 mil milhões de trabalhadores) segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A Revolução Científica e Tecnológica e os seus efeitos no trabalho

Um dos temas centrais da conferência é em torno dos processos rápidos de transformação que se desenrolam no mundo do trabalho como consequência da Revolução Científica e Tecnológica (RCT) em curso, também intitulada 4ª Revolução Industrial ou Indústria 4.0.

A actual RCT expressa-se no mundo do trabalho pela crescente uso de novas tecnologias digitais que permitem maior automatização e troca de informação entre sistemas e, consequentemente, reduzir custos de produção com mão-de-obra empregada enquanto aumenta-se a optimização da produção.

A CGTP-IN considera que «o objectivo da economia (da produção) é, em primeiro lugar, satisfazer as necessidades das pessoas e não o inverso.» A substituição de funções e competências humanas por máquinas inteligentes pode até ser benéfico para melhorar a vida dos trabalhadores, aliviar horários e a exposição dos trabalhadores a tarefas não-seguras que provocam doenças e acidentes derivados do trabalho.

«A RCT testemunha uma das grandes contradições do nosso tempo» afirma o documento de reflexão que é fornecido aos participantes. «Por um lado, existe capacidade humana para gerar soluções emancipadoras para os problemas mais prementes com que se confrontam países e povos. Mas, por outro, a subordinação destas tecnologias às transnacionais e aos superlucros revela-se constrangedora e um factor de maior exploração dos trabalhadores, dos povos e as desigualdades entre países.»

Perspectivas de Futuro – Lutar pela valorização do trabalho e dos trabalhadores

Na opinião da CGTP-IN, o futuro do movimento sindical deve bater-se em vários planos para que as decisões supranacionais não ofendam os interesses dos trabalhadores de cada país. O desenvolvimento de esforços tendo em vista a unidade na acção em defesa dos interesses de classe dos trabalhadores, nomeadamente na OIT, é considerado essencial.

É lembrado também que «a acção e a cooperação internacional do movimento sindical deve visar, em primeiro lugar, o reforço das lutas dos trabalhadores em cada país», e «reforçando as acções de solidariedade com as lutas travadas em cada país, especialmente os casos em que as liberdades e garantias da acção sindical são violadas».

Para tal é indicado que «voltar atrás e resignar-se à perda de direitos fundamentais alcançados seria inaceitável e injustificável, especialmente tendo em conta que não existe uma base material para aceitar o retrocesso», pelo contrário. «Ir mais longe na conquista de direitos é da mais elementar justiça social e está ao alcance dos trabalhadores».

«Cabe ao movimento sindical reforçar a sua cooperação e desempenhar um papel mais activo na consciencialização e na mobilização para a sua defesa, reforçar a luta pela paz pois, pela sua posição nas sociedades, os trabalhadores são os mais sacrificados pelas guerras de agressão e aqueles a quem mais interessa a paz», afirma a CGTP-IN no final do documento.

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