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Trabalhadores da Somincor respondem à «coacção» com grande adesão à greve

«A empresa recorreu à coacção para dissuadir os trabalhadores de aderirem à greve, mas sem sucesso», disse ao AbrilAbril Manuel Bravo, dirigente da Fiequimetal, sublinhando que a mina de Neves-Corvo está «paralisada» esta sexta-feira.

 Os trabalhadores da Somincor continuam em luta face à intransigência da administração
CréditosNuno Veiga / Agência Lusa

Os trabalhadores da mina de Neves-Corvo, em Castro Verde, estão hoje a realizar uma greve de 24 horas, desde as 6h. Para os dias 27 e 29 estão agendados outros dois períodos de paralisação, nos mesmos moldes.

Trata-se da terceira série de greves convocadas este ano pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM/CGTP-IN) na mina de Castro Verde, depois das acções de luta levadas a cabo, com grande adesão, de 3 a 7 de Outubro e de 6 a 11 de Novembro.

Ao anunciar estas novas paralisações, o sindicato acusou a administração da Somincor – concessionária do grupo canadiano Lundin Mining – «de continuar a fazer de conta que não entende a natureza do conflito que ela própria criou, nem as medidas que tem de tomar para o resolver».

Em declarações ao AbrilAbril, ao início da tarde, Manuel Bravo, da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas e Minas (Fiequimetal/CCTP-IN), sublinhou a grande adesão dos mineiros à greve, considerando que é também uma «resposta» à tentativa de «coacção» por parte da administração da empresa.

O dirigente sindical explicou que a empresa «não só não apresenta respostas satisfatórias às legítimas e justas reivindicações dos trabalhadores, como falta à verdade», referindo-se a um comunicado em que administração da Somincor tentou passar a ideia de que teria chegado a um acordo «com o sindicato».

«Mas não há acordo nenhum», disse, enfático, Manuel Bravo, precisando em seguida que, num universo de mil trabalhadores – 500 dos quais trabalham no fundo da mina –, apenas 17 tinham aceitado as condições propostas pela administração.

«O que a empresa propõe não diz respeito a todos os trabalhadores e é bastante insuficiente», reiterou o dirigente sindical, que denunciou a «coacção» da empresa sobre os trabalhadores das lavarias, a quem ameaçou descontar os dias de greve como «faltas injustificadas».

«Coacção sobre os trabalhadores»

De acordo com o STIM, no passado dia 12, a administração da Somincor defendeu, em comunicado, que «a greve convocada, relativamente às lavarias, é manifestamente abusiva e ilícita», e ameaçou descontar no vencimento e como «faltas injustificadas» as «ausências dos trabalhadores grevistas adstritos às lavarias», lê-se no portal da Fiequimetal.

Considerando que se trata de «coacção» sobre os trabalhadores, o sindicato requereu a intervenção célere da Autoridade para as Condições do Trabalho, e obteve um parecer de um jurista sobre a posição patronal. Neste, afirma-se que houve «integral cumprimento» das exigências legais e que a greve é «absolutamente legítima, tendo em conta os fins que pretende alcançar».

No parecer, sublinha-se ainda que «a própria Somincor, no comunicado por si emitido no dia 12 de Dezembro, não conseguiu determinar em que consistia a alegada ilicitude ou abuso da convocação da greve».

Luta por melhores condições de trabalho

Com a luta, os trabalhadores continuam a reivindicar o fim da laboração contínua no fundo da mina, a humanização dos horários de trabalho, a antecipação da idade da reforma para os trabalhadores adstritos às lavarias, a progressão nas carreiras, a revogação das alterações unilaterais na política de prémios e o fim da pressão e da repressão sobre os trabalhadores, informa o STIM.

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