|horário de trabalho

Quando Cristas se antecipou à Volkswagen na destruição da vida familiar

A Autoeuropa quer pôr os seus trabalhadores a trabalhar aos sábados e a Segurança Social a pagar a creche dos filhos. A ideia não é nova: o CDS-PP propôs a generalização do mecanismo em Novembro de 2017.

A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, acompanhada pelo deputado e ex-ministro da Segurança Social, Pedro Mota Soares, durante uma visita à creche de Bicesse, Cascais. 19 de Abril de 2016
CréditosMiguel A. Lopes / Agência LUSA

A Segurança Social está a preparar uma alteração ao acordo de cooperação que celebrou com as creches frequentadas por filhos dos trabalhadores da Autoeuropa de forma a facilitar o trabalho aos sábados, assumindo a despesa com o alargamento do horário.

Este não é um mecanismo exclusivo à Autoeuropa, sublinhou o Ministério da Segurança Social à Lusa, sendo já aplicado em vários locais em que os pais manifestaram esta necessidade.

Mas a ideia de colocar o Estado a pagar a desregulamentação dos horários de trabalho dos pais não é novidade. Já na discussão do Orçamento do Estado para 2018, em Novembro último, o CDS-PP introduziu a questão através de uma proposta de alteração.

Creches ou depósitos de crianças?

Para permitir uma ainda maior disponibilidade dos trabalhadores para laborarem mais horas, o CDS-PP propôs um pacote de incentivos para que as creches e os jardins de infância tenham horários «flexíveis e alargados».

O objectivo era que os equipamentos para a infância funcionassem de acordo com as necessidades das empresas, adaptando os seus horários aos impostos aos trabalhadores.

Para o concretizar, o CDS-PP pretendia condicionar o financiamento público às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) de acordo com esse objectivo, assim como permitir que sejam as próprias empresas a criar IPSS financiadas pela Segurança Social «que pratiquem um horário flexível e adequado às necessidades dos seus funcionários».

CGTP: o que é preciso é alterar a legislação laboral

Em comunicado, a CGTP-IN afirma que a intenção de subsidiar o alargamento de horário das creches em resposta à imposição do trabalho ao sábado na Autoeuropa «corresponde a uma perversão do próprio  princípio da conciliação» da vida profissional e da vida profissional, que a Constituição prevê, «que o Governo jamais deveria assumir».

«O que se exige do Governo, e a realidade vem comprovar, é a necessidade da revisão da legislação do trabalho, a redução do horário de trabalho e a garantia dos dois dias de descanso semanal seguidos», acrescenta a central sindical.

Até meados de Fevereiro vão estar em discussão várias iniciativas legislativas do PCP sobre matérias laborais, nomeadamente revogando mecanismos como o banco de horas e a adaptabilidade, e reforçando a garantia de cumprimento dos horários de trabalho e da conciliação da vida pessoal com a vida familiar.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui