Num comunicado enviado às redacções, os trabalhadores argumentam que este agravamento se verifica «em duas das áreas que consideramos de importância crucial para a vida de qualquer trabalhador e mesmo da instituição: horários e escalas de serviço».
Os trabalhadores opõem-se a qualquer horário que se estenda até às 19h, «por tudo o que isto mexe com a vida pessoal e familiar de cada um». Por outro lado, criticam as duas horas de almoço «que o Conselho Directivo pretende instituir para quem está na bilheteira», dizendo tratar-se de «uma paragem forçada» e um «tempo morto [...] que dificilmente será utilizado pelo trabalhador para o seu proveito familiar e pessoal».
Relativamente às escalas de serviço, os trabalhadores contestam «qualquer escala que não garanta um fim-de-semana alternado aos trabalhadores» e a abertura do museu à segunda-feira.
Esclarecem que a abertura ao público «vai obrigar a que os trabalhos de manutenção do museu, usualmente feitos à segunda-feira, sejam agora feitos após o encerramento do equipamento, obrigando a um desregulamento dos horários dos colegas afectos a estas tarefas, que podem estender-se até às 21h».
Os trabalhadores acrescentam que a alteração implica ainda que os trabalhadores afectos a tarefas relacionadas com a investigação, gestão ou conservação do parque «sejam obrigados a desempenhar funções de bilheteira, visitação ou de venda, com claro prejuízo para as funções para as quais foram contratados e que constam, a par da divulgação, dos fins principais da Fundação», designadamente a protecção, conservação e investigação da arte rupestre.
Número de guias aquém da necessidade
Os trabalhadores admitem que as alterações propostas nas escalas de serviço, designadamente ao fim-de-semana, resultam da falta de guias, «cujo número tem vindo a diminuir», enquanto, «paradoxalmente, aumenta a sua necessidade».
«Esta falta de pessoal não pode ser colmatada, nem pelo agravamento das condições de trabalho das pessoas que cá trabalham, muitas delas há mais de vinte anos, nem pela reafectação de tarefas que venham a colocar em risco as outras funções da instituição», lê-se no texto.
Em declarações à agência Lusa, esta quinta-feira, o presidente da Fundação Côa Parque negou a falta de trabalhadores, acrescentando que a instituição «dispõe de um quadro de pessoal com 34 funcionários», e que, «destes, apenas nove asseguram rotativamente o serviço de visitantes».
Os trabalhadores contestam as declarações do presidente, embora reconheçam que este lhes «dá razão». «Ao dizer que não há falta de pessoal, porque existem 34 funcionários, está a dar-nos razão ao referirmos que há falta de guias. De facto, e como é óbvio, entre esses 34 trabalhadores não estão só guias. Existe pessoal dedicado à investigação, conservação, gestão, serviços educativos, manutenção do museu, recursos humanos, administração, etc.»
Por fim, os trabalhadores deixam um alerta ao Conselho Directivo: se «se mantiver surdo» às suas reivindicações, «nenhuma forma de luta será colocada de parte».
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