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Trabalhadores do Pingo Doce em greve contra abusos e ritmos brutais

Os trabalhadores do Pingo Doce e da Jerónimo Martins cumprem esta terça-feira um dia de greve nacional, parte de um protesto alargado no sector, por melhores condições e o fim da chantagem patronal.

Concentração de trabalhadores junto à sede da empresa
Créditos / CESP

A paralisação faz parte das acções de protesto convocadas pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN) no âmbito da quinzena de luta na grande distribuição, de 9 a 20 de Abril.

Além da paralisação, hoje em curso nas lojas e armazéns do Pingo Doce e da Jerónimo Martins, mais de uma centena de trabalhadores estiveram também concentrados esta manhã junto à sede da empresa, no Campo Grande.

Os trabalhadores contestam a falta de resposta por parte da empresa ao caderno reivindicativo de 2018 e aos vários problemas apontados, tais como más práticas laborais da empresa no que toca aos horários, incumprimento das normas colectivas, discriminações salariais, brutais ritmos e pressões no local de trabalho.

Entre as reivindicações, é exigido o aumento geral dos salários, de forma a repor o poder de compra perdido desde 2010, o fim da tabela B, que prevê menos 40 euros de salário em todos os distritos, excepto Lisboa, Porto e Setúbal, e a progressão automática dos operadores de armazém até ao nível de especializado. 

O fim do trabalho no feriado do 1.º de Maio e a implementação de horários e ritmos de trabalho dignos que permitam uma vida própria e o direito à família, à saúde e ao descanso são também destacados.

Numa resolução, o CESP aponta que é prática corrente no Pingo Doce as «alterações sistemáticas e ilegais aos horários de trabalho, o desrespeito pelo direito dos trabalhadores à marcação de férias, com a tentativa de imposição de períodos de férias e meses em que são “proibidas”». São ainda referidos os ritmos de trabalho penosos, com estabelecimentos a funcionar com «os mínimos dos mínimos», a par de «objectivos inatingíveis, que têm provocado a doença física e psíquica de muitos trabalhadores».

Pingo Doce lidera chantagem patronal nas negociações

Os patrões, representados pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), actualmente presidida pelo Pingo Doce, são acusados de boicote às negociações para a revisão do contrato colectivo de trabalho do sector, um processo que dura há mais de um ano.

O CESP acusa a APED de estar a bloquear qualquer avanço nas negociações, de forma a exigir contrapartidas «inaceitáveis para quem já recebe salários de miséria». Uma chantagem com objectivos, afirma o sindicato: obter a redução do valor pago pelo trabalho suplementar e em feriado, além de exigir a introdução do banco de horas e acentuar a desregulação dos horários.

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