Pensionistas que não recebem o vale postal para levantar a reforma, e cartas registadas que não chegam ao destino, são queixas apontadas por utentes na peça do Porto Canal. A falta de carteiros estará na origem do problema, sendo que os casos mais graves acontecem nos CTT de Famalicão e Torres Vedras.
A Comissão de Trabalhadores, para além da falta de carteiros, criticam ainda as horas extra não pagas e o excesso de trabalho. Em Junho houve greve no centro de distribuição dos CTT de Famalicão e «estão em vista novas formas de luta», segundo a mesma reportagem. Também os trabalhadores de Torres Vedras colocam a hipótese de paralisação, reivindicando a revisão dos tempos de trabalho e o alargamento das equipas.
Em depoimento para o canal um trabalhador afirma que «apesar de o número de objectos postais ter reduzido, as áreas de distribuição são cada vez maiores», dando um exemplo: «se temos um carro, itinerários com 100 quilómetros, a gente não os pode pôr a fazer 200 quilómetros por dia».
À situação «controlada» que é reportada pela empresa, os trabalhadores contrapõem dizendo que todos os dias há correio em atraso e que há quem sistematicamente faça 10 a 12 horas por dia. São ainda referidos problemas de saúde, psicológicos e cardíacos, derivados do desgaste pelo trabalho.
A jornalista Salomé Pinto dá ainda conta que no dia 30 de Junho a Assembleia Municipal de Famalicão aprovou, por unanimidade, uma moção de censura aos CTT «pela falta de carteiros e consequente atraso na entrega da correspondência».
Os números da privatização
Dirigentes e activistas sindicais dos CTT participaram recentemente numa tribuna pública sobre a empresa que foi privatizada em 2014, e que até aí tinha sido sempre pública.
Na acção, promovida pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), foi referido que os CTT continuaram a dar lucros, que foram, após a privatização, para os accionistas privados. Por exemplo, só em 2015 os CTT deram 71,1 milhões de euros de lucro.
Outro dado que foi dado a conhecer foi o da redução de trabalhadores, com a eliminação de 2853 postos de trabalho. Também diminuídos foram os serviços prestados – entre 2002 e 2015 encerraram 481 estações e 1047 postos de correio. O sindicato revelou ainda que se deu um aumento na tarifa base de correio, de 12% em 2014.
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