Em declarações ao AbrilAbril, José Manuel Oliveira, coordenador da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN), afirmou haver uma «adesão quase total dos trabalhadores», apesar de «várias medidas anti-greve», contra a possibilidade da circulação ferroviária com um único agente.
«Os comboios que circularam foi por um esquema anti-greve montado na CP numa perspectiva de pressionarem trabalhadores de outras categorias profissionais, em particular maquinistas, para fazerem o acompanhamento dos comboios, o que tem sido recusado por muitos, o que é de valorizar e saudar».
Dados oficiais até às 8h, divulgados esta manhã pela CP à Lusa, indicam que a greve suprimiu dez ligações internacionais (66%), 60 comboios regionais (72%), 114 comboios urbanos de Lisboa (98%) e 36 urbanos do Porto (72%).
«A circulação de comboios só com um agente, põe em causa a segurança ferroviária – trabalhadores, utentes e mercadorias – e por isso é preciso que não subsistam dúvidas no Regulamento Geral de Segurança (RGS)», lê-se no comunicado conjunto, subscrito por uma larga frente sindical.
Os ferroviários rejeitam alterações ao RGS com o objectivo de reduzir custos operacionais e consideram que a redacção do novo regulamento, em discussão nos últimos meses, deixa em aberto a possibilidade de os operadores decidirem se colocam um ou dois agentes nos comboios.
Governo afirma que não vai mudar nada mas insiste no novo RGS
O secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme de Oliveira Martins, afirmou ontem não perceber o motivo da greve e declarou que «o Governo não fez nenhuma alteração nestes dois anos e meio» e não conta fazê-lo.
Já a Fectrans questiona, em comunicado, que, «se a regra geral é para manter os dois trabalhadores por comboio», então por que «houve resistência a que isso ficasse claro e sem ambiguidades nos documentos que, entretanto, entraram em vigor?».
A Federação aponta ainda não haver esforços do Governo para «corrigir as situações de um operador privado que, a pretexto das excepções que já eram previstas na RGS anterior, fez delas a regra geral, operando hoje no regime de agente único», questionando também «onde está a análise de risco que garanta que comboios a circularem com um trabalhador é tão seguro como dois?».
Também em resposta ao Governo, o secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, apontou que, se não há alteração, basta «assinar um documento em que assegura a manutenção destes postos de trabalho e que estes trabalhadores podem continuar a desenvolver a sua actividade profissional e a garantir a segurança dos utentes. Se fizer isto, o problema está resolvido».
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