Fontes palestinianas revelaram que os jovens se aproximaram da vedação perto de Khan Younis, localizada cerca de 25 quilómetros a sul da Cidade de Gaza. Um deles terá conseguido escapar, enquanto o outro foi atingido pelos disparos das tropas israelitas, esta segunda-feira à tarde.
As mesmas fontes, a que a PressTV faz referência, disseram que os soldados impediram as ambulâncias e o pessoal médico de se aproximarem do local onde estava o jovem que veio a falecer e que foi depois identificado como Ramzi al-Najjar.
Desde 30 de Março – primeiro dia dos protestos da Grande Marcha do Retorno, para exigir o fim do bloqueio à Faixa de Gaza e o direito de regresso dos palestinianos que Israel expulsou das suas terras e transformou em refugiados –, as tropas israelitas mataram mais de 120 palestinianos e feriram mais de 13 mil.
Uma das vítimas mais recentes foi a enfermeira Razan al-Najjar, de 21 anos, morta a tiro pelas forças israelitas quando se encontrava a prestar assistência aos feridos na manifestação de sexta-feira, convocada no âmbito quadro da Grande Marcha do Retorno. De acordo com a Ma'an, a jovem foi atingida no estômago.
O Ministério da Saúde em Gaza, que reportou a existência de mais de 100 feridos nesse dia – 40 dos quais com fogo real –, qualificou a morte da enfermeira como «um crime de guerra».
Também as Nações Unidas, pela voz do seu coordenador humanitário, Jamie McGoldrick, denunciaram a situação, qualificando «o assassinato de um membro do pessoal médico, claramente identificado pela roupa, como um facto abominável», indica a Prensa Latina.
Ministério Público abandona processo contra assassinos de Samir Awad
Samir Awad, de 16 anos, foi atingido com oito tiros nas costas, em 2013, disparados por dois soldados israelitas, junto à aldeia de Budrus, na região de Ramallah da Margem Ocidental ocupada.
Com a ajuda do grupo israelita de defesa dos direitos humanos B’Tselem, o pai de Samir, Ahmad Awad, conseguiu abrir um processo contra os soldados, mas só ao cabo de dois anos, em 2015, a Justiça israelita os indiciou. Ontem, o Ministério Público (MP) anunciou que abandonava o caso, retirando as queixas contra os ex-soldados acusados de matar o jovem palestiniano, segundo informa o portal 972mag.com.
«a defesa alegou que se tratava de "uma aplicação selectiva" da lei, tendo em conta o exíguo número de soldados que mataram palestinianos a ser sujeito a processos de investigação criminal e a acusações»
Numa audiência realizada em Maio último, a defesa dos soldados alegou que se tratava de «uma aplicação selectiva» da lei, tendo em conta o exíguo número de soldados que mataram palestinianos a ser sujeito a processos de investigação criminal e a acusações. A defesa solicitou dados estatísticos ao Estado, que este se recusou a fornecer.
De acordo com o grupo israelita de defesa dos direitos humanos Yesh Din, o sistema judicial israelita – civil e militar – raramente leva a julgamento soldados israelitas por matarem civis palestinianos. Entre 2011 e 2016, apenas 3,4% das investigações abertas pelo Departamento de Investigação Criminal militar, relativas a ataques contra palestinianos, conduziram a acusações.
«O anúncio do MP de que iria deixar cair as acusações contra os dois soldados envolvidos no assassinato do jovem Samir Awad constitui mais um exemplo da impunidade de que os soldados gozam» no que respeita aos palestinianos, denunciou o Yesh Din em comunicado.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui