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Israel mata dois palestinianos a tiro em Gaza nos protestos contra o bloqueio

Ambos os palestinianos, de 21 anos, foram atingidos na cabeça com balas reais, disparadas por forças israelitas, quando participavam em protestos nocturnos integrados na Grande Marcha do Retorno.

Manifestante palestiniano durante os protestos da Grande Marcha do Retorno desta sexta-feira
Manifestante palestiniano durante um protestos da Grande Marcha do Retorno em AbrilCréditos / cbc.ca

Um dos jovens, identificado pelo Ministério da Saúde em Gaza como Mohammed Abu al-Sadeq, foi atingido na cabeça por fogo real disparado pela forças armadas israelitas, esta segunda-feira, durante protestos junto à vedação que isola a Faixa de Gaza, em que participaram milhares de manifestantes.

Pelo menos 90 pessoas foram feridas, dez das quais atingidas por balas reais, e, segundo refere a agência Ma'an, um fotojornalista da agência noticiosa turca Anadolu foi atingido por uma granada de gás lacrimogéneo.

Outro jovem palestiniano, identificado como Omar Daud Ashtiwi, foi morto no domingo à noite, atingido na cabeça por uma bala real, também quando participava em protestos na Faixa de Gaza. Outros 20 foram feridos por disparos das forças armadas israelitas, segundo refere o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

Para além das mobilizações habituais às sextas-feiras, os protestos junto à vedação com que Israel mantém a Faixa de Gaza isolada tornaram-se diários às primeiras horas da noite. De acordo com a Ma'an, desde a semana passada centenas de manifestantes palestinianos têm vindo a participar nesses protestos nocturnos, incendiando pneus e gritando palavras de ordem.

Estes protestos incluem-se nas mobilizações da Grande Marcha do Retorno, iniciadas em 30 de Março e que têm como objectivos primordiais o levantamento do bloqueio imposto pelos israelitas à Faixa de Gaza há 12 anos e a afirmação do direito de retorno às suas terras dos refugiados palestinianos – e seus descendentes – que Israel expulsou no âmbito da campanha de limpeza étnica que levou a cabo por ocasião da sua fundação, em 1948.

Desde o início dos protestos da Grande Marcha do Retorno, a repressão das forças armadas sionistas já provocou mais 180 mortos entre os palestinianos. O número de feridos é superior a 19 mil.

Novas ordens de detenção administrativa

As autoridades israelitas emitiram 38 ordens de detenção administrativa contra presos palestinianos encarcerados em várias prisões israelitas, por períodos que vão dos três aos seis meses.

Mahmoud Halabi, advogado da Sociedade de Prisioneiros Palestinianos, disse esta terça-feira à agência Ma'an que 24 das 38 ordens tinham sido emitidas pela primeira vez e que, nos outros 14 casos, se tratava da renovação de ordens administrativas já antes emitidas.

Ao abrigo do regime de detenção administrativa, Israel pode manter os palestinianos presos por períodos de seis meses renováveis indefinidamente, sem julgamento nem culpa formada. Israel recorre a esta medida, alvo de críticas internacionais, de forma rotineira, prolongando assim os períodos de detenção de centenas de palestinianos.

De acordo com o grupo de defesa dos direitos dos presos Addameer, há actualmente nas cadeias israelitas 5820 prisioneiros palestinianos, 446 dos quais em regime de detenção administrativa.

Num relatório do B'Tselem, grupo israelita de defesa dos direitos humanos nos territórios ocupados, afirma-se, com base em estatísticas do sistema prisional israelita, que na última década o número de detidos por Israel num mês nunca foi inferior a 150.

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