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Juncker e Trump colocam guerra comercial em pausa e viram-se para oriente

O encontro entre os líderes da Comissão Europeia e dos EUA resultou numa trégua na escalada de confronto comercial entre os blocos, que devem unir esforços contra a China e a Rússia.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o presidente da Comissão Europeia, Donald Trump, à saída da conferência de imprensa final da cimeira entre ambos, na Casa Branca, em Washington, D.C. 25 de Julho de 2018
CréditosJim Lo Scalzo / EPA

A cimeira entre Jean-Claude Juncker e Donald Trump terminou, ontem, com a promessa de que as imposições de novas barreiras comerciais entre os EUA e os estados-membros da União Europeia não vão avançar, como chegou a ser equacionado – nomeadamente as que iriam afectar os fabricantes automóveis europeus, particularmente os alemães.

As tarifas aduaneiras sobre o alumínio europeu e sobre um conjunto de produtos norte-americanos (como as motas Harley Davidson e o bourbon) impostos pelos EUA e pela União Europeia, respectivamente, mantêm-se em vigor.

Na conferência de imprensa nos jardins da Casa Branca, em Washington, D.C., ambos os líderes anunciaram avanços significativos no sentido de um acordo, mas, segundo um dirigente da Comissão Europeia citado pelo The Guardian, estes não passaram de «conversações sobre futuras conversações».

Juncker deixou ainda a promessa de que o bloco europeu irá importar «milhares de milhões de dólares em soja e gás natural», indica o The New York Times. Uma intenção que está a ser caracterizada como uma vitória de Trump e da sua agenda «A América Primeiro» nos EUA, face à imposição de limites à importação de soja norte-americana por parte da China e às queixas da administração norte-americana sobre as compras de gás de petróleo liquefeito à Rússia por parte da União Europeia.

No entanto, os meios europeus notam que Juncker e a sua Comissão não têm qualquer capacidade para influenciar significativamente as decisões comerciais das empresas europeias – e muito menos de decidir sobre elas. A ideologia do livre comércio capitalista assim o impõe: nem os burocratas não eleitos de Bruxelas devem interferir na livre iniciativa dos grandes grupos financeiros.

O confronto comercial entre os EUA e a União Europeia, que ameaça deixar a nu as contradições entre dois dos principais blocos capitalistas mundiais, não foi travado mas ficou em banho-maria. Ambos os líderes terão chegado a acordo e o seu foco deve virar-se para a Rússia e a China: uma decisão com intenções e implicações geoestratégicas tão amplas quanto imprevisíveis.

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