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Adesão dos trabalhadores da Bosch ronda os 97%

O parque de máquinas da Bosch Car Multimédia, em Braga, está parado esta quarta-feira, fruto da greve dos trabalhadores contra a discriminação salarial e os excessivos ritmos de trabalho.

Piquete de greve do 1.º turno à porta das instalações da Bosch, em Braga
Créditos / SITE NORTE

A greve de 24 horas de hoje, entretanto estendida até amanhã por decisão dos trabalhadores, foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Norte (Site Norte/CGTP-IN).

Ao AbrilAbril, o coordenador do Site Norte, Miguêl Ângelo, salientou que a greve está a ter uma elevada adesão dos trabalhadores, tendo referido que, no primeiro turno da manhã, esta foi quase total (97%).

Em comunicado, o Site Norte explica que os trabalhadores há já algum tempo «manifestam a sua insatisfação, junto das chefias, pelas condições de trabalho que lhes estão a ser impostas», nomeadamente aos «ritmos excessivos de trabalho» e «pressão psicológica» derivados do regime em laboração contínua.

«A Bosch tem obrigação de oferecer melhores condições de trabalho, sem discriminação, de não impor ritmos de trabalho alucinantes, que está a contribuir para o elevado número de trabalhadores portadores de doença profissional de fóro músculo-esquelético, e de não abusar na desorganização da vida familiar dos trabalhadores ao alterar constantemente os horários de trabalho», lê-se no documento distribuído no local.

Discriminação salarial prolifera na Bosch

Em causa nesta greve está também a discriminação salarial entre trabalhadores, sobretudo sobre os mais novos, uma situação que se tem acentuado desde do fim da caducidade do contrato colectivo e que tem beneficiado a empresa.

Entre as matérias, existem diferenças entre trabalhadores no pagamento das horas nocturnas entre as 20h e 22h, no subsídio de turno pago a 25% a uns e apenas 10% a outros, bem como o complemento das horas noturnas acrescidas de 50% em vez de 75%.

Por outro lado, o prémio de 24,99 euros é contemplado apenas para alguns, não sendo aplicadas as diuturnidades aos novos trabalhadores. É ainda rejeitado que o sistema de avaliação seja contabilizado para o cálculo da actualização do salário base.

O sindicato refere ainda que, apesar de desempenharem funções permanentes, todos os novos trabalhadores admitidos para a Bosch são oriundos de empresas de trabalho temporário. É ainda afirmado que estes só passam, «após um ano, para o quadro de pessoal da Bosch se, aos olhos desta, se portarem bem, mas sempre com vínculo precário, mantendo-os assim, no mínimo, durante 3 anos».

«A Bosch tem todas as condições e obrigação de oferecer melhores condições de trabalho, sem discriminação, de não impor ritmos de trabalho alucinantes, mas mantém este absurdo grau de exploração sobre os trabalhadores», salientou Miguel Ângelo.

Em 2017, a Bosch voltou a atingir novos valores recorde no que toca ao lucros e ao volume de vendas, que ultrapassaram os 1,5 mil milhões de euros. O Estado português  atribuiu também à empresa cerca de 100 milhões de euros, para a empresa realizar investimentos na produção.

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