Há mais de um ano que os trabalhadores da Armatis Portugal, empresa especializada na gestão e implementação de soluções de call-centers, travam um braço de ferro com a administração no que toca a aumentos salariais. Ao Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (Sinttav/CGTP-IN), em reunião, a empresa justificou-se: «se os outros não aumentam salários, não vai a Armatis fazê-lo.»
Não tendo os trabalhadores acreditado na desculpa, a administração desencantou um «habilidoso truque», como o descreve o sindicato, resolvendo a questão do aumento salarial através da transferência do valor total do subsídio de línguas e parcial do prémio de absentismo para a remuneração base fixa.
A Randstad é um «alugador de mão-de-obra» e «ganha com tudo o que pode reduzir» nos salários dos trabalhadores, denuncia o SIESI, que exige a sua integração nos quadros das empresas para as quais laboram. No comunicado em que anuncia que a greve terá lugar dia 12 de Junho (entre as 0h e a 1h do dia seguinte), o Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas (SIESI/CGTP-IN) revela que, desde 2011, a actualização dos salários dos trabalhadores da Randstad II ronda um euro por ano, em média. A empresa de aluguer de mão-de-obra para empresas como a NOS e a EDP «resiste cegamente» na tentativa de «evitar o crescimento dos salários» – denuncia o sindicato –, «embora tenha sido obrigada a ceder em várias reivindicações», sempre «retiradas à força da muita luta desenvolvida nestes anos». Sublinhando que «as condições de trabalho não melhoram» e que o «ambiente de trabalho se degrada por força de práticas de imposição e arrogância», o SIESI acusa ainda a Randstad II de ser uma empresa que «não vê, não ouve, não dialoga e não negoceia». A estrutura sindical alerta também para a situação de instabilidade que os trabalhadores da Randstad II vivem, frisando que empresas como a NOS e a EDP, para quem os trabalhadores efectivamente prestam o seu trabalho, tanto nos call centers como na lojas, continuam «a negar a sua integração nos seus quadros e a estimular práticas de precaridade», por via de «empresas que servem de intermediárias e ganham a comissão por vender» o seu trabalho. Assim, com a greve de dia 12, os trabalhadores da Randstad II vão denunciar a estagnação salarial e lutar pela integração nos quadros das empresas para quem o trabalho é prestado. Vão estar também em luta contra «uma gestão de silêncio, onde o não assumir de respostas é expediente para procurar influenciar negativamente as condições e o ambiente de trabalho», e contra «a instabilidade criada nos postos de trabalho com o recurso a alterações na sua desorganização», explica a estrutura sindical. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Greve na Randstad II contra a precariedade e por melhores salários
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Trata-se de um aumento salarial sem que nenhum valor tenha sido acrescentado ao salário. Feitas as contas, no final de cada mês, «o rendimento global continua a ser o mesmo, ou seja, a empresa não acrescenta um cêntimo no salário dos trabalhadores, mantém o valor ridículo no subsídio de refeição, e está claro ser intenção da empresa de, nos próximos anos, não mais falar em revisão dos salários até que o salário mínimo nacional venha dar um empurrão».
O caldo entornou e «os trabalhadores perderam a paciência». Depois de uma acção de luta, com o apoio incondicional do Sinttav, no dia 14 de Fevereiro, os trabalhadores partem para um período prolongado de greves, ao longo de dois meses, para que a sua posição fique clara: os salários são para aumentar, de vez.
A greve no dia 12 de Dezembro será total, abrangendo todos os turnos, mas, a partir de dia 19 de Dezembro, os trabalhadores da Armatis vão realizar greves parciais das 9h até às 11h, das 15h até às 17h e das 19h até às 21h. Em qualquer destes períodos os trabalhadores podem entrar em greve.
No final de Fevereiro, caso a empresa ainda não tenha compreendido a determinação dos trabalhadores, serão discutidas novas formas de luta.
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