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Fenprof: Governo contabiliza a falta de professores quando «não há aulas»

Com base nos horários que as escolas lançam na plataforma da Direcção-Geral da Administração Escolar, a Fenprof estima que cerca de 40 mil alunos não tenham ainda todos os professores. Ainda assim, Governo PS insiste que são apenas 1161.

Centenas de professores e educadores participaram hoje, 3 de Outubro de 2023, num protesto convocado por nove organizações sindicais de docentes, com destaque para a Fenprof, em frente à residência oficial do Primeiro-Ministro, em Lisboa. Os manifestantes aprovaram uma moção a entregar ao Governo. 
CréditosAndré Kosters / Agência Lusa

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof/CGTP-IN) denunciou ontem, em conferência de imprensa, que cerca de 40 mil alunos recomeçariam o segundo período lectivo sem ter, pelo menos, um professor a cada uma das disciplinas. O Ministério da Educação (ME) não tardou em responder à maior estrutura representativa dos professores, respondeu", afirmando que seriam apenas 1161 os alunos que não tinham os professores todos.

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Governo: entre a bazófia e a falácia da progressão na carreira de docente

Foram divulgadas as listas provisórias de candidatos às vagas para progressão aos 5.º e 7.º escalões e o Ministério da Educação e meio milhar de professores ficam de foram. O Governo diz «só», os professores dizem «injustiça».

CréditosAntónio Cotrim / Lusa

Continua o braço de ferro entre os professores e o Ministério da Educação e mais uma vez o assunto são as progressões na carreira. As listas provisórias de candidatos às vagas para progressão aos 5.º e 7.º escalões revelam que meio milhar de professores ficam de fora e assim retidos nos 4º e 5º escalão.

Ante tal número, o Ministério da Educação, do alto da bazófia, vangloriou-se por «só» ser meio milhar os professores a ficarem retidos por, pelo menos, ainda mais um ano. A postura do Governo do PS, acaba mais uma vez por ser um desrespeito por quem, em condições muito adversas, dá tudo pela Escola Pública e pelo futuro do país.

Face a isto, a Fenprof só pode rejeitar a postura da tutela e reafirmou que a eliminação dos obstáculos na progressão na carreira continuará a ser objetivo reivindicativo prioritário junto do Governo que sair das eleições de 10 de Março.     

Para o Governo, e face ao sucedido, o estamos perante um «investimento na valorização da carreira docente», mas como rejeita a Fenprof, «o governo mantém a situação de carreira muito longe daquilo que é a configuração prevista no Estatuto de Carreira de Docente, contribuindo para a desvalorização e falta de atratividade da profissão».

A federação sindical vai mais longe nas declarações e considera ser mentira o comunicado que divulgou, que 4500 docentes beneficiam de um mecanismo de aceleração na carreira. Para a mesma, todos docentes irão perder mais algum tempo de serviço, que soma aos 6 anos, 6 meses e 23 dias ainda não recuperados. Os que progredirão, por via da criação de vagas supranumerárias só receberão o vencimento pelo escalão correspondente a partir de 1 de Fevereiro de 2023, o que significa que perderão mais alguns meses de tempo de serviço, podendo chegar a um ano.

Para a Fenprof o ocorrido, apesar de limitado, já que que não acelera em nada a progressão na carreira, nem recupera qualquer dia de serviço perdido pelos professores, «só foi possível devido à luta dos professores, pois, como se recorda, da parte do Ministério da Educação e do Governo, se não tivesse havido luta, não teria sido criado qualquer mecanismo que acrescentasse vagas às vagas».
 

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Em comunicado enviado ao AbrilAbril, a Fenprof esclarece que se referiu a Janeiro (e não à última semana de Dezembro, como fez o ME) «porque não se dedica a contabilizar o número de professores em falta nos períodos em que as escolas estão sem aulas». O número de horários lançados na semana que terminou em 29 de dezembro (submetidos, apenas, nos dias 27, 28 e 29) foi de apenas 139, o que dificilmente representa a realidade do país.

Tendo em conta que a publicação destes horários tem por objectivo a contratação dos profissionais em falta, na semana que antecedeu a interrupção lectiva, «as escolas deixaram de lançar horários na plataforma, pois não faria sentido contratar docentes para um tempo em que as escolas estariam sem aulas e foram essas as determinações» da própria tutela: o Ministério da Educação.

Com base nos dados partilhados pelas escolas de todo o país, e que a Fenprof acompanha «semanalmente», antes da interrupção lectiva, o número de horários apontava para um mínimo de 32 mil alunos sem pelo menos um professor. A esta situação acrescem as aposentações de 805 docentes só nos meses de Dezembro e Janeiro.

«Os números não são os divulgados pelo Ministério da Educação», reitera a federação dos professores, «ainda que os seus responsáveis considerem que faltar um professor entre três semanas e um mês não se pode considerar falta de professor... ou prefiram contabilizar a falta de professores nos períodos em que não há aulas». Para a Fenprof, a resolução deste problema «não passa por medidas que o disfarcem, mas pela valorização da profissão».

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