Dezenas de trabalhadores da fábrica de lentes oftálmicas Carl Zeiss aprovaram esta segunda-feira uma greve parcial, em data a anunciar, em protesto contra a intenção da empresa de avançar com o despedimento destes trabalhadores.
A União dos Sindicatos de Setúbal (USS/CGTP-IN) afirma, através de comunicado, que o despedimento «é selectivo» e foi programado para despedir delegados sindicais e trabalhadores que se opõem à imposição da laboração contínua.
Ontem, o coordenador da USS, Luís Leitão, admitiu que a empresa «anda há cerca de um ano a implementar a laboração contínua, mas não consegue porque isso não está previsto no Acordo de Empresas (AE) e não se justifica qualquer regime de laboração contínua na óptica», salientando que o verdadeiro objectivo da empresa é «deixar de pagar o trabalho extraordinário».
A União de Sindicatos afirma que as razões económicas invocadas «estão longe de corresponder à realidade e às mais-valias acumuladas pela empresa», que recentemente beneficiou de ajudas estatais, através do lay-off simplificado.
«A intenção de despedimento colectivo de seis trabalhadores da Carl Zeiss Vision Portugal, entre eles dois delegados sindicais, constitui um atentado à segurança e estabilidade no emprego, um desrespeito para com todos os trabalhadores da empresa e um ataque à organização sindical», denuncia.
Rejeitando o argumento de que a Carl Zeiss tem trabalhadores a mais, a USS precisa que a empresa tem trabalhadores «a menos», com «recurso regular» ao trabalho extraordinário e ao trabalho temporário.
A Carl Zeiss tem actualmente 127 trabalhadores e quer contratar mais 33, o que leva a acreditar que este despedimento visa efetivamente afastar dois delegados sindicais e trabalhadores mais reivindicativos, como também salientou a deputada do PCP eleita pelo círculo de Setúbal, Paula Santos, que ontem marcou presença na concentração de trabalhadores da empresa, lembrando que a Constituição da República protege os direitos laborais e sindicais.
«Estamos perante uma situação de evidente má-fé e de uma atitude hipócrita, cínica, imoral, anti-sindical e a todos os títulos condenável, que merece não só a reprovação como a rejeição por parte dos trabalhadores, dos seus representantes sindicais e do Governo, que tem a responsabilidade de travar este processo em curso», lê-se na nota da USS.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui