Terminou às 08h00 de hoje a greve nacional de 24 horas nos portos nacionais, promovida pelo Sindicato dos Estivadores e da Actividade Logística (SEAL).
Segundo declarações à LUSA de António Mariano, presidente do SEAL, nem um dos 530 trabalhadores portuários afectos ao sindicato faltou à greve que abrangeu os portos de Lisboa, Setúbal, Sines, Figueira da Foz, Leixões, Caniçal (Madeira), Ponta Delgada e Praia da Vitória (ambos nos Açores).
Segundo o mesmo dirigente, não houve qualquer movimentação de cargas nos portos de Lisboa, Setúbal, Figueira da Foz e Praia da Vitória, que estiveram «completamente parados».
Comentando as declarações de uma fonte do porto de Leixões, que disse na sexta-feira que a paralisação de 24 horas não estava a produzir efeitos, António Mariano adiantou à LUSA que todos os trabalhadores portuários do SEAL, que são a maioria em Leixões, fizeram greve, mas «foi realizado algum trabalho por funcionários afectos a um sindicato local». O dirigente explicou que trabalhadores de um sindicato local «foram coagidos a regressar férias», mas que ainda assim a direcção do porto não conseguiu mais do que «movimentos na ordem dos 10 contentores à hora em vez dos 30 que normalmente se fazem ali».
No porto do Caniçal, na Madeira, «a empresa tentou substituir os trabalhadores em greve, tendo havido a intervenção da Polícia Marítima e da Inspecção-Geral do Trabalho», situação que terá sido enviada ao Ministério Público para «decisão posterior sobre o que ali se passou», o presidente do SEAL, que adiantou ter havido nesse porto «alguma movimentação de carga por alguns, poucos, elementos de um outro sindicato local».
Antecedentes da luta
A greve fora convocada há cerca de 15 dias pelo SEAL na sequência da «crescente proliferação de práticas anti-sindicais nos diversos portos portugueses» e em solidariedade para com os companheiros «perseguidos», conforme noticiou na altura o AbrilAbril.
Nessa altura o sindicato denunciara «comportamentos ilegítimos por parte das empresas portuárias», nomeadamente o clima «intimidatório e de repressão» com recurso a diferentes tipos de «assédio moral, desde perseguição a coacção, desde suborno à discriminação, desde as ameaças de despedimento à chantagem salarial», com «situações de extrema gravidade no porto de Leixões e do Caniçal» – precisamente aqueles onde na sexta-feira se verificaram as situações anómalas referidas.
O presidente do sindicato afirmou existir «um bloqueio à contratação colectiva» e denunciou o facto de em três portos, «o Caniçal, Leixões e Praia da Vitória», nem sequer quererem «iniciar a discussão do contrato, porque têm sindicatos locais com outros contratos que permitem aspectos que nós não aceitamos, como os trabalhadores mais novos terem salários que são metade ou um terço dos trabalhadores mais antigos» – torna-se clara a razão para as entidades patronais tentarem evitar a adesão desses trabalhadores ao SEAL, para manterem a elevada exploração dos trabalhadores cobertos por contratos menos favoráveis.
Greve prolongada ao trabalho suplementar em perspectiva
Face ao comportamento das empresas portuárias, os trabalhadores vão avançar para uma nova greve, desta vez ao trabalho suplementar,. Durante um período de quatro semanas, a partir de 13 de Agosto, os 530 trabalhadores afectos ao SEAL «irão apenas fazer o seu horário normal de trabalho. Portanto não haverá trabalho suplementar nos oito portos», disse o sindicalista.
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