Além dos piquetes de greve, a paralisação nacional, promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), contou ainda com manifestações nesta manhã, junto às sedes da empresa em Lisboa (Carnaxide) e no Porto (Maia).
Em declarações ao AbrilAbril, o dirigente sindical Ricardo Mendes, do CESP, afirmou que a adesão à greve foi «bastante grande», destacando os casos dos armazéns da Sonae na Maia e na Azambuja. No último, a zona de cargas parou como consequência da greve.
Os trabalhadores dos armazéns da Sonae exigem aumentos salariais, num mínimo de 40 euros nos salários de todos os trabalhadores, a progressão automática dos operadores de armazém até ao nível de especializado, bem como o fim da precariedade e da discriminação salarial entre trabalhadores com as mesmas funções.
De acordo com Ricardo Mendes, trata-se de «trabalhadores com cinco, dez, 15 e até 20 anos de casa, que auferem o salário mínimo nacional e a quem a Sonae não distingue quem entra como ajudante com o trabalhador que já cá está há mais de duas décadas. Ambos recebem exactamente o mesmo».
Outro ponto destacado pelo dirigente sindical foi a «questão grave» das centenas de trabalhadores contratados pela Sonae a agências de trabalho temporário. «Esses mesmos trabalhadores ocupam postos de trabalho permanentes e por isso exige-se que entrem para o quadro, com contrato efectivo, pois não há explicação para que estejam há anos com contratos mensais».
Os trabalhadores da Sonae, tal como os seus colegas em outras empresas do sector, exigem também o fim da tabela B, que prevê menos 40 euros de salário em todos os distritos, excepto Lisboa, Porto e Setúbal, o fim da precariedade e o pagamento do subsídio de frio (trabalho em arcas frigoríficas), bem como a subida do subsídio de alimentação e horários de trabalho regulados, que permitam a conciliação da vida profissional com a vida pessoal e familiar.
Chantagem patronal nas negociações
Em comunicado, o CESP salienta que os trabalhadores realizam também esta jornada de luta «pela negociação do Contrato Colectivo de Trabalho (CCT), que denunciam estar há mais de dois anos a ser boicotada pela Sonae e demais empresas da grande distribuição.
A posição segue a linha das restantes empresas do sector, que, nas negociações para a revisão do CCT, através da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), têm bloqueado qualquer acordo até que as condições sejam aceites.
«Na Sonae, continua a verificar-se a falta de resposta às reivindicações dos trabalhadores. A empresa continua a remeter praticamente todos os assuntos do caderno reivindicativo para a negociação do CCT, não assumindo qualquer compromisso de aumento dos salários e do subsídio de refeição, e fazendo-se esquecida de que é vice-presidente da APED», lê-se no texto.
A estrutura representativa dos patrões é acusada de bloquear as negociações e de, a troco do aumento dos salários, exigir várias contrapartidas, vistas como «inaceitáveis» pelos trabalhadores: redução para metade do valor pago pelo trabalho suplementar e em dia de feriado, e a aceitação oficial do banco de horas como prática no sector.
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