|Um outro Mundial

Não é a braçadeira, é o conhecimento

Uma investigação levou ao afastamento de vários focos de corrupção no seio da FIFA e das confederações continentais. Mas a bola rola no Catar... a sua riqueza permitiu-lhe ultrapassar todas as dificuldades.

Numa conferência de imprensa em Zurique, Suíça, a 20 de Julho de 2015, o antigo presidente da FIFA, Sepp Blatter, foi recebido por uma chuva de notas de dólares, atirados por um comediante inglês. Blatter esteve envolvido no processo corrupto que levou à escolha do Catar para a realização do Mundial de Futebol de 2022.
Créditos / Yahoo!

A tendência para medir os resultados das manifestações através das medidas concretas que são tomadas pelas instituições desvia-nos daquele que deve ser o caminho da transformação da sociedade. O que aqui está em causa não são as braçadeiras. O que está em causa é a informação que chega às pessoas. 

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O coração de Eriksen e o apelo dinamarquês

A 12 de Junho de 2021, o coração de Christian Eriksen parou. Um ano depois, Eriksen já encanta nos terrenos da Premier League e vai voltar a liderar a seleção da Dinamarca no Mundial do Catar.

Christian Eriksen usou uma braçadeira arco-irís em 2017, durante a qualificação para o Mundial de 2018, em apoio às pessoas LGBTI+ 
Créditos / @Squawka

A 12 de Junho de 2021, em Copenhaga, o coração de Christian Eriksen parou. Estava no centro do relvado, numa partida entre a sua seleção e a da Finlândia, a contar para o Euro 2020. O mundo inteiro assistiu à queda da estrela dinamarquesa, à união e ao desespero dos seus colegas e familiares, temendo uma tragédia televisionada. O jogo, no entanto, continuou. A Dinamarca, com Christian Eriksen já consciente e a recuperar numa cama de hospital, seguiu heroicamente até às meias-finais, acabando como uma das surpresas da prova.

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O grupo de todos os conflitos

Quis o sorteio que o Grupo B nos lançasse uma série de encontros que deixam água na boca a quem estuda e acompanha as grandes questões do mundo. Um grupo onde se joga muito mais do que apenas um resultado.

Mehdi Taremi, ponta-de-lança do FC Porto, vai representar a seleção do Irão no Mundial de 2022, no Catar 
CréditosJosé Sena Goulão / Agência Lusa

Quis o sorteio que o Grupo B nos lançasse uma série de encontros que deixam água na boca para quem estuda e acompanha as grandes questões do mundo. Inglaterra, Estados Unidos, Irão e País de Gales disputam duas posições no apuramento.

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O mundo no Mundial

O Mundial 2022, de uma forma cruelmente evidente, é muito mais do que uma competição de futebol. Outros valores se levantam no momento em que a bola começa a rolar. E parece ter pouco ou nada que ver com o futebol.

Luís Cristóvão, <em>Um Outro Mundial </em>
Créditos

Cada edição do Mundial de futebol é um momento de olhar o mundo e perceber como ele evolui. Para os cidadãos de 2022, o fato deste Mundial se realizar no Qatar trará mais reflexões sobre os problemas do que saudações sobre os avanços provocados pelo mesmo.

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O futebol, o Mundial e o nosso dever de intervenção

Contra aqueles que acreditam que os problemas do Mundo se resolvem com o cancelamento dos mesmos nas agendas pessoais, o envolvimento e a intervenção nos acontecimentos como uma resposta aos problemas que estes podem estar a gerar. Uma oportunidade para pensar no que é o futebol e onde somos colocados pela realização deste Mundial no Qatar.

CréditosWalter Bieri / EPA

O que é o futebol

Desde sempre que, em quase tudo no mundo, se pretendeu ter a capacidade de dividir as coisas em dois, polarizando as escolhas como adesões inquestionáveis a um dos lados da contenda. Ao longo da sua história, o futebol foi apenas mais uma dessas coisas do mundo que se ama ou se odeia. Muitos e muitas dos apaixonados pelo desporto encaram o futebol como o irmão velho e rico que parece encostar-se ao seu privilégio para se impor sem qualquer preocupação com os restantes. O futebol enquanto ópio do povo também é uma ideia muito partilhada por uma determinada elite, tendente apenas a entender as dinâmicas negativas criadas por um acontecimento que convoca paixões e multidões onde quer que ocorra. Por outro lado, muitos daqueles que se embrenham no acontecimento futebolístico também o tendem a fazer de forma absoluta, incapazes de o questionar ou de analisar as diferentes escalas em que as coisas do futebol, como as de todas as outras coisas da vida, se podem dividir.

Gostar de futebol não é um contrato exclusivo com uma construção ilusória a partir de um desporto que tende a embrenhar-se numa dinâmica de dinheiro e poder. É, na verdade, muito do seu contrário. Porque apesar de todos os movimentos que se podem gerar em volta do terreno de jogo, o futebol continua a ser muito semelhante àquilo que sempre foi. Um período de tempo predeterminado, onde duas equipas de número igual de elementos tentam vencer a outra, dentro de um quadro de regras simples aceites pelas duas partes. Neste intervalo de noventa minutos, podemos assistir a todas as grandes dinâmicas da vida. A importância da preparação e do planeamento. A força da organização coletiva. A inebriante esperança de podermos ser melhores do que qualquer rival que nos desafie. A capacidade de transformar fraquezas em forças. A emoção de um objetivo alcançado. O drama de uma derrota inesperada. Tudo dentro desse quadro controlado de quem sabe que, amanhã, o nosso pensamento já estará a focar-se no desafio seguinte.

Mas o futebol é também um meio de transformação social. Dos jogadores, que chegam quase todos de classes menos privilegiadas e, através do seu talento e do seu trabalho, conquistam uma ascensão social inimaginável em qualquer outra área profissional. Das comunidades, que se organizam em redor de um clube e crescem e se desenvolvem como exemplos de cooperação e sucesso. Dos adeptos, que aí encontram maneiras de expressar as suas raivas e as suas esperanças, concentradas numa prática de afirmação que lhes é impedida em muitas outras áreas da sua vida. E de tantos, tantos outros, que acabam por encontrar no futebol uma maneira de explicar o seu mundo através de uma língua franca que lhes abre portas em qualquer labirinto. Tudo isto é o futebol, o futebol que apaixona, o que futebol que se reinventa, o futebol ao qual continuamos a aspirar.


Onde nos coloca este Mundial

A realização do Mundial no Qatar coloca-nos uma série de questões que são muito relevantes no quadro do mundo em que vivemos no ano de 2022. A ausência de transparência na atribuição deste evento, a quebra da tradição no período do ano em que ocorre, o posicionamento do país que o recebe na defesa dos direitos humanos, largamente deficitário em relação aos padrões mínimos exigíveis, os condicionamentos impostos a todos aqueles que visitem o país, as opções na defesa do planeta perante as ameaças das alterações climáticas e outras tantas notícias que chegam do Qatar são pontos que merecem preocupação e análise. Os Mundiais de futebol têm um historial de debate em relação aos países que os organizam. Assim foi em Itália em 1934, na Argentina em 1978 ou na Rússia em 2018, apenas para citar os casos mais paradigmáticos e comparáveis com o que vai acontecer no Qatar. Importante que em todos esses casos seja a memória do que estava mal em cada um desses países aquela que perdura na mente da maioria das pessoas.

Parafraseando Jorge Valdano, o Mundial do Qatar pode ser uma oportunidade. Aliás, a mesma oportunidade que o futebol sempre nos ofereceu. Para reconhecer o mundo para além do limite do nosso alcance e entendimento, para nos colocar perante o desconhecido, mas também para debater, discutir e denunciar tudo aquilo que nos vários países que disputam esta prova é digno de ser transformado. O futebol sempre foi e sempre será isso mesmo. A chamada de atenção para algo que merece ser observado. Aliás, o Qatar está já a passar por isso mesmo. A forma como várias notícias e campanhas têm sido desenvolvidas – acompanho de mais perto aquelas realizadas pela Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, mas existem mais organizações com trabalhos bastante meritórios, tal como vários jornalistas – já obrigou o país a modificar comportamentos que impedem que a situação dos trabalhadores seja tão má como já foi. Será preciso ir mais longe – o foco nunca deve ser apenas e só aquilo que é afetado pelo Mundial, mas em todos os cidadãos e habitantes, nas suas diferentes profissões e posicionamentos, merecem receber a nossa atenção e palavra. De maneira a que o Mundial seja uma janela onde a voz de quem tem algo a dizer encontre o palco que procura.

Os tempos que vivemos são particularmente tensos. Mas o esforço que fazemos terá de ser o de manter a capacidade para identificar as melhores maneiras de intervir em cada espaço. Compreendo perfeitamente quem prefere “cancelar”, nas suas agendas pessoais, a existência deste Mundial. No entanto, não alinho na opção de tapar os olhos e os ouvidos perante as injustiças do mundo. Bem pelo contrário. O Mundial será uma oportunidade para continuarmos atentos ao que acontece no mundo. Enquanto, no terreno de jogo, os melhores jogadores do mundo tentarão uma vez mais, através da expressão do seu talento, da sua inteligência e do seu trabalho, transformar o mundo a cada toque na bola. Poderão considerar isso uma utopia. Mas acredito ser um pouco mais do que isso. Acredito ser a minha obrigação de me envolver nas coisas para que delas se aproveite algo mais, através da observação e da análise. Daí que se entre, a partir de agora, em modo-Mundial, aqui por casa. Com a mesma dedicação de sempre.

Artigo publicado numa primeira versão no site luiscristovao.com 

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É inegável que o processo de escolha do país organizador esteve envolto em problemas de corrupção, tal como é inegável a fatura em vidas humanas do apressado desenvolvimento de um país que procura, num espaço de trinta anos, transformar a sua face. Por outro lado, joga-se pela primeira vez um Mundial num país árabe muçulmano, no que isso acaba por significar para as possibilidades de diálogo entre dois mundos que, na sua aparência, vivem de costas voltadas.

O Mundial 2022, de uma forma cruelmente evidente, é muito mais do que uma competição de futebol. Com a invasão militar russa na Ucrânia e as consequentes crises económicas e energéticas que afetam toda a Europa, as matérias-primas do Qatar conquistaram um peso ainda maior no equilíbrio do mundo em que vivemos. Não é por isso de espantar que tantos queiram virar a cara ao desrespeito pelos direitos humanos, direitos climáticos, direitos de trabalho, direitos das mulheres ou liberdade sexual neste país. Outros valores se levantam no momento em que a bola começa a rolar. E parece ter pouco ou nada que ver com o futebol.

O Qatar da bola

Apesar de ser apenas o segundo país a organizar um Mundial sem nunca antes ter participado num (sendo a Itália de Mussolini, em 1934, o outro exemplo), é difícil negar que o Qatar tem uma tradição futebolística.

«Apesar de ser apenas o segundo país a organizar um Mundial sem nunca antes ter participado num, é difícil negar que o Qatar tem uma tradição futebolística.»

Atuais campeões asiáticos, o Qatar participou, desde a sua independência, em onze, das trezes, edições da Taça Asiática. Conquistou a Taça do Golfo por três vezes. Participou nos Jogos Olímpicos de 1984. Foi finalista, vencido, no Mundial de Sub-20 em 1981, prova que organizou em 1985.

A caminho do atual Mundial, a seleção qatari aproveitou talento naturalizado para formar o seu grupo, com jogadores nascidos no Sudão, no Gana, no Egito, em França, em Portugal, no Iraque. Mas também encontra espaço para uma nova geração de qataris filhos de imigrantes. Apresentar-se ao nível dos rivais é um objetivo mínimo para a equipa orientada pelo espanhol Félix Sánchez.

Ainda há futebol de rua

Aos 23 anos, Moisés Caicedo é uma das figuras da seleção do Equador, que em 2014 atingiu os oitavos-de-final do Mundial. Nesse mesmo ano, Moisés deixou as ruas de Santo Domingo de los Tsáchilas, onde jogava com os seus dez irmãos, para entrar na academia do Independiente del Valle. Nesta equipa venceu a Taça dos Libertadores em Sub-20 e foi contratado pelo Brighton, da Premier League inglesa.

É um longo caminho para um jovem jogador que enche o meio-campo com uma personalidade e uma capacidade apenas ao alcance dos predestinados. Num momento em que, na Europa, se chora a ausência do futebol de rua, o Mundial marca a sua estreia com bons exemplos do que serve para fazer crianças pelo mundo inteiro sonhar. Talvez em alguma rua jogue agora alguém que, daqui a uns anos, cumprirá o seu sonho.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

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Para os ingleses, uma passagem para esquecer nas Ligas das Nações parece ter refreado o entusiasmo. Os Estados Unidos, depois da ausência em 2018, lançam uma jovem geração em quem muito acreditam. Para os iranianos, envoltos em problemas sociais, cada Mundial é sempre uma ocasião para evidenciar a sua capacidade de luta e resistência. Para os galeses, apoiados no talento de Gareth Bale, trata-se do regresso a um Mundial sessenta e seis anos depois de muitas desilusões e de muitos craques que não tiveram a oportunidade de chegar a pisar este palco.

Um grupo onde se joga muito mais do que apenas um resultado.

Um Irão de face destapada

A forma como vários jogadores da seleção iraniana criticaram as autoridades do seu país e manifestaram o apoio às mulheres que exigem progresso e liberdade no Irão foi mais um rasgão na tradição de uma equipa fechada sobre si mesma. O elevar da voz em apoio à população demarcou uma geração de jogadores que têm realizado grande parte das suas carreiras na Europa, vivenciando outros enquadramentos e percebendo o lugar que ocupam como exemplos para os seus concidadãos.

Carlos Queiroz, chamado a atenuar o clima de conflito numa equipa onde já experienciou bastantes sucessos, parece ter optado por um caminho diferente no comentário pedido por um jornalista à situação no país. «Quanto é que me paga para responder a essa pergunta?», questionou o treinador português. Difícil de entender como se terão sentido Azmoun e Taremi ao ouvir o seu técnico expressar-se assim.

O Mundial das ausências

Dos muitos ausentes nesta competição, o senegalês Sadio Mané será aquele que mais custará não ver no Qatar. Depois de ter vencido tudo o que havia para vencer ao serviço do Liverpool e de ter conquistado a Taça das Nações Africanas com o seu país, o Mundial 2022 seria o momento de maior impacto da sua carreira, podendo conduzir o Senegal às eliminatórias, depois de uma saída frustrante na fase de grupos em 2018.

No entanto, uma lesão, sofrida a 8 de Novembro com a camisola do Bayern de Munique, acaba por impedi-lo de jogar a competição. A vida tornou-se, de repente, bem mais complicada para os senegaleses, que passam de candidatos a revelação a uma das equipas que pode acabar por ficar pelo caminho no Grupo A, que partilham com os Países Baixos, Equador e Qatar.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

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Passou mais de um ano e Christian Eriksen já voltou a encantar nos terrenos da Premier League, primeiro ao serviço do Brentford, agora com o Manchester United. Vai voltar a ser ele a liderar a seleção da Dinamarca no Mundial do Catar. Uma seleção que tentou, pela via diplomática, abrir espaço para várias manifestações na defesa dos direitos humanos neste país.

Nas últimas conferências de imprensa, jogadores, treinador e dirigentes não deixaram de transmitir a sua mensagem. O patrocinador do equipamento quase apagou os símbolos do mesmo, tentando expressar a sua indignação perante os acontecimentos que rodeiam esta competição. Ao entrar em campo, a Dinamarca não estará calada perante as injustiças que outros tentam defender.

Karim Benzema, o ausente

O Mundial que iria ser o de Karim Benzema, o melhor jogador do mundo, já não será. Uma lesão roubou ao avançado do Real Madrid uma oportunidade que esperava desde o início da sua carreira. O seu único Mundial foi jogado no Brasil, em 2014. Uma longa ausência da seleção, devido a uma participação num esquema de chantagem sobre um colega, retirou expressão internacional a um jogador que sempre brilhou ao serviço do seu clube.

«A diversidade apresentada pela seleção campeã do mundo em 1998 nunca foi vivenciada com tranquilidade social num país (...) que também foi vendo crescer a expressão da extrema-direita na sua realidade política.»

A história de Benzema é um pouco a história da França nas últimas décadas. A diversidade apresentada pela seleção campeã do mundo em 1998 nunca foi vivenciada com tranquilidade social no país. Acusações de diferença de tratamento dado a descendentes de africanos nos escalões de formação, problemas de integração de jovens de ascendência magrebina nas seleções, são situações que se sentem num país que, neste período, também foi vendo crescer a expressão da extrema-direita na sua realidade política.

Não ter Karim Benzema neste Mundial é, para além disso, só mais um problema para Didier Deschamps. As lesões já haviam deixado de fora Presnel Kimpembe, Christophe Nkunku e N’Golo Kanté, todos com boas perspetivas de serem titulares. Paul Pogba, outra das estrelas, também fica de fora devido a problemas físicos, num ano em que os seus conflitos familiares extrapolaram para o público e demonstraram um entorno problemático para um jogador que ainda não encontrou tranquilidade na sua carreira. A caminhada da França até este Mundial é uma aventura feita de imensos labirintos.

A casa saudita

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Ataques aéreos sauditas provocam dezenas de mortos no Iémen

Aviões de guerra sauditas bombardearam diversas províncias iemenitas esta madrugada, incluindo zonas residenciais na cidade de Hudaydah e um centro de detenção em Saada.

A coligação liderada pelos sauditas comteue um novo massacre no Iémen, afirmam as autoridades iemenitas 
Créditos / Al Mayadeen

Os sauditas levaram a cabo mais de 70 ataques aéreos nas últimas horas. Ontem à noite, voltaram a violar o cessar-fogo na cidade costeira de Hudaydah, atingindo uma torre de telecomunicações e bairros residenciais, onde faleceram pelo menos seis pessoas, três delas crianças, e outras 18 ficaram feridas.

Ali al-Ahdal, director provincial da Saúde, disse ao canal iemenita al-Masirah que um edifício de três andares foi arrasado no ataque. As autoridades da estratégica cidade portuária, localizada cerca de 140 km a sudoeste da capital, Saná, continuam à procura de sobreviventes nos escombros.

Em Saada, no Noroeste do país, a aviação saudita atacou um centro de detenção temporário, provocando elevado número de vítimas. «Os hospitais estão cheios de mortos e feridos, e precisamos desesperadamente de medicamentos e de equipamento médico», disse o governador de Saada, Mohammed Jaber Awad, à al-Masirah.

O canal iemenita aponta para 180 vítimas mortais, enquanto o correspondentes da Al Mayadeen confirmou a existência, até ao momento, de 62 mortos e 120 feridos, referindo que o número de mortos aumenta à medida que as equipas de socorro efectuam buscas nos escombros.

A coligação liderada pelos sauditas intensificou os bombardeamentos no Iémen desde terça-feira, depois de as forças iemenitas terem lançado um ataque com mísseis e drones contra «infra-estruturas estratégicas» nos Emirados Árabes Unidos.

«Desespero da coligação saudita»

Mohammed Ali al-Houthi, membro do Conselho Político Supremo do Iémen, afirmou que os ataques a zonas residenciais de Hudaydah são um «crime de guerra».

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Intensos bombardeamentos da coligação saudita sobre Saná

O ataque de retaliação levado a cabo pela Arábia Saudita esta madrugada parece ser o mais mortífero desde 2019 na capital do Iémen, tendo provocado cerca de duas dezenas de mortos.

Casa destruída pelos bombardeamentos sauditas desta madrugada 
Créditos / Al Jazeera

Uma das zonas atingidas pela aviação saudita foi o bairro residencial de Al-Libi, em Saná, onde esta manhã o número de vítimas mortais ascendia a 23, segundo o correspondente no local da Al Mayadeen.

Por seu lado, a cadeia de TV iemenita al-Masirah refere que várias casas foram destruídas ou ficaram danificadas e que prossegue a busca por sobreviventes no meio dos destroços. Até ao momento, há registo de uma dezena de feridos.

Nas últimas 24 horas, a aviação da coligação militar liderada pelos sauditas levou a cabo mais de meia centena de raides em várias zonas da capital e províncias iemenitas, segundo a mesma fonte.

Em comunicado, citado pelo canal libanês Al Mayadeen, a coligação referiu que os ataques aéreos sobre Saná, levados a cabo ontem à noite e hoje de madrugada, surgem como «resposta à ameaça e são dedicados à necessidade militar», acrescentando que «a situação no terreno requer ataques contínuos em resposta à ameaça».

De acordo com as autoridades iemenitas, prosseguem as buscas por sobreviventes nos escombros das casas destruídas e danificadas em Saná / @sadam_alqudami / Al Mayadeen

Retaliação pelo ataque iemenita contra «infra-estruturas estratégicas» em Abu Dhabi

Tudo parece indicar que os intensos bombardeamentos desta noite são um acto de retaliação pelo ataque que o Exército iemenita lançou, ontem, contra «infra-estruturas estratégicas» nos Emirados Árabes Unidos (EAU), em virtude do seu papel na guerra de agressão contra o Iémen.

De acordo com as autoridades emiradenses, os ataques levados a cabo com mísseis e drones atingiram as instalações da empresa petrolífera nacional na zona industrial de al-Musaffah e uma zona de construção perto do Aeroporto Internacional de Abu Dhabi, provocando três mortos – um cidadão paquistanês e dois de nacionalidade indiana – e seis feridos.

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Venda de armas aos sauditas é sinal «preocupante» do arrastar da guerra no Iémen

O Departamento de Estado dos EUA aprovou o primeiro grande negócio de venda de armas aos sauditas na administração de Biden, algo que pode revelar a intenção de Riade de prolongar a agressão ao Iémen.

Edifícios destruídos e danificados após um bombardeamento saudita no Iémen; a agressão da coligação liderada pelos sauditas começou em Março de 2015 
Créditos / PressTV

Num comunicado emitido quinta-feira passada, o Pentágono deu conta da aprovação, pelo Departamento de Estado norte-americano, da venda de 280 mísseis ar-ar à Arábia Saudita, no valor de 650 milhões de dólares, para que Riade pudesse fazer frente a ameaças actuais e futuras.

Para o académico norte-americano Richard Falk, especialista em direito internacional e relações internacionais, o primeiro grande negócio de vendas de armas da era Biden aos sauditas, «os chamados mísseis defensivos ar-ar», constitui «um sinal preocupante das intenções sauditas de prosseguimento das suas políticas cruéis de devastação do Iémen».

Numa entrevista à PressTV, Falk, que foi professor na Universidade de Princeton durante mais de três décadas, afirmou que «a posse de uma defesa anti-mísseis mais segura permite aos sauditas continuarem a sua intervenção armada no Iémen, e possivelmente noutros locais, com menor temor de ataques de retaliação».

Richard Falk destacou as «relações especiais» entre Washington e Riade, afirmando que os EUA procuram defender os interesses sauditas e desviar as críticas que são dirigidas a Riade nas Nações Unidas.

EUA usam a sua influência para proteger a Arábia Saudita

«Os Estados Unidos estão a usar a sua influência geopolítica para proteger a Arábia Saudita da crítica na ONU e noutros lugares, gozando novamente com os compromissos colectivos de segurança e com a proibição incondicional da Carta das Nações Unidas do uso de força não defensiva. Estas relações especiais deixam claro que as relações internacionais continuam a ser moldadas pela primazia da geopolítica e não pelas normas internacionais», disse o académico.

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EUA são o maior exportador de armas e a Arábia Saudita o maior importador

Um relatório recente revelou que os EUA foram responsáveis por mais de um terço da venda de armamento a nível mundial nos últimos cinco anos, enquanto os sauditas foram os que mais importaram.

Donald Trump, president dos EUA, num encontro na Casa Branca com Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, em Washington, Março de 2018
Créditos / CGTN

As exportações de armas que tiveram como origem os EUA, entre 2016 e 2020, representaram 37% de todos os negócios registados pelo Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês).

Metade das exportações norte-americanas de armamento teve como destino o Médio Oriente, e a Arábia Saudita foi de longe o principal parceiro de negócio no período referido, representando quase um quarto de todas as vendas dos EUA (24%).

O instituto sediado em Estocolmo afirma que, entre 2016 e 2020, as exportações de armas dos EUA aumentaram 15% em comparação com o período 2011-2015.

A Rússia foi o segundo maior exportador de armas a nível global, representando um quinto do total de exportações registadas (com menos 22% de vendas que no período 2011-2015).

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Empresas francesas continuam a treinar tropas sauditas para matar no Iémen

Várias empresas francesas especializadas em treino militar participam na formação de oficiais sauditas e nunca deixaram de o fazer desde o início da guerra de agressão ao Iémen, revela uma reportagem.

Quartel da Polícia destruído após o bombardeamento da aviação saudita
A guerra de agressão ao Iémen tem dado lucros de milhares de milhões às empresas de armamento Créditos / mintpressnews.com

A notícia foi divulgada esta segunda-feira no portal da cadeia iemenita al-Masirah, que cita uma reportagem realizada conjuntamente pelos órgãos Lighthouse Reports, Arte e Mediapart, em parceria com o EUobserver.

De acordo com a investigação, o DCI Groupe, detido maioritariamente pelo Estado francês, está a dar treino de artilharia a membros da Guarda Nacional da Arábia Saudita numa escola militar em Draguignan, no Sudeste de França.

As mesmas fontes revelam que a multinacional francesa Thales Group e a filial francesa da RUAG, com sede na Suíça, estão envolvidas no treino de tropas sauditas, facultando-lhes o equipamento de simulação necessário à operação do sistema de artilharia Caesar, desenvolvido pela França, e que pode atingir quase meio milhão de iemenitas.

A al-Masirah refere ainda uma reportagem do meio de comunicação Disclose, de acordo com a qual um cargueiro deverá carregar munições para o sistema Caesar. O mesmo órgão revelou que a França irá entregar mais de cem caesars à Arábia Saudita até 2023.

Este sistema de artilharia é produzido pela Nexter Systems, uma empresa estatal francesa de fabrico de armamento. No final de 2018, 48 destes sistemas móveis estavam posicionados na fronteira da Arábia Saudita com o Iémen.

A reportagem refere que um documento interno filtrado pela agência militar francesa de inteligência – DRM – já então alertava para os riscos que os Caesars representavam para a população civil no Iémen. «A população abrangida por potencial fogo de artilharia: 436 370 pessoas», referiu o documento, datado de 25 de Setembro de 2018.

O mesmo documento dizia que os Caesars também desempenham um papel no apoio às «tropas lealistas e Forças Armadas sauditas no seu avanço em território iemenita».

Se não fosse o negócio das armas...

No ano seguinte, o fogo da artilharia das forças da coligação liderada pelos sauditas atingiu um mercado iemenita perto da fronteira, provocando a morte a 89 civis. Em Setembro, o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, debruçando-se sobre o Iémen, sublinhou que a venda de armamento apenas serve para perpetuar o conflito.


«Se não fosse o negócio das armas, a guerra não se prolongaria como está a acontecer, a guerra não continuaria a destruir o povo do Iémen como o tem feito», disse Ardi Imseis, um dos autores da reportagem.

A comunicação social britânica já tinha revelado informações semelhantes sobre a ampla participação de empresas do Reino Unido na monitorização dos ataques aéreos e na preparação de aviões, armas e munições da coligação invasora, refere a al-Masirah, notando que o mesmo é válido para os EUA, cujo envolvimento se tornou público e documentado.

Para a cadeia iemenita, esta reportagem vem confirmar que a «coligação» liderada pelos sauditas foi desde o início uma fachada para as potências ocidentais, que dirigem as operações que atingem o Iémen.

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A França, com 8% das vendas, é o terceiro maior exportador. Seguem-se a Alemanha (5,5%) e a China (5,2%), para fechar a lista dos cinco países que mais armas venderam entre 2016 e 2020. Na parte inferior do «top dez» situam-se Reino Unido, Espanha, Israel, Coreia do Sul e Itália.

O SIPRI nota que, por comparação com 2011-2015, os últimos cinco anos registaram um pequeno decréscimo no volume de vendas de armamento (menos 0,5%), pondo fim a mais de uma década de aumentos sucessivos.

Foi a primeira vez desde o período 2001-2005 que o volume de trocas de armas entre países – um indicador da procura – não registou um aumento por comparação com o período anterior de cinco anos.

Arábia Saudita, o maior importador

Os países do Médio Oriente registaram o maior aumento de importações de armas a nível mundial entre 2016 e 2020, importando mais 25% que nos cinco anos anteriores. Arábia Saudita (61%), Egipto (136%) e Catar (361%) registam os maiores aumentos.

Quatro dos dez maiores importadores de armas são desta região, que representa 33% das importações a nível global: aos três países referidos juntam-se os Emirados Árabes Unidos. Só a Arábia Saudita representa 11% de todo o volume de armas importadas mundialmente nestes cinco anos.

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Sauditas usaram mais de 3000 bombas de fragmentação no Iémen

A coligação liderada pelos sauditas recorreu a bombas de fragmentação de fabrico diverso ao longo da guerra de agressão contra o Iémen, desde 2015, provocando centenas de vítimas civis.

Crianças numa zona bombardeada no Iémen
Créditos / Sputnik News

«As informações e os dados que temos mostram que foram utilizados oito tipos de bombas de fragmentação, de fabrico norte-americano, britânico e brasileiro, durante a guerra no Iémen», revelou Ali Sofra, director-geral do Centro Executivo de Desminagem do Iémen, informaram este domingo os canais de notícias al-Maloumeh e al-Masirah.

O responsável precisou que a Arábia Saudita e os seus aliados lançaram 3179 bombas de fragmentação no Iémen desde o início da campanha de agressão, em Março de 2015, e que as vítimas civis, na sua maioria mulheres e crianças, são mais de mil. Muitas delas perderam a vida quando se encontravam em campos agrícolas e áreas de pasto.

«A monarquia árabe utilizou esse armamento, cujos efeitos são intrinsecamente indiscriminados, nos ataques aéreos que levou a cabo nas províncias de Saada, Saná, Hajjah, Hudayda, Jawf, Amran, Taizz, Dhamar e Mahwit», disse ainda Sofra, citado pela HispanTV.

Em Junho do ano passado, o Ministério iemenita dos Direitos Humanos alertou para os riscos que este tipo de armamento colocava à população civil, uma vez que é pouco preciso, abrange extensas áreas e constitui um perigo mortal para os civis mesmo depois de terminado o conflito. O Ministério acusou então a coligação liderada pela Arábia saudita de ter usado milhares de bombas de fragmentação em áreas residenciais, provocando inúmeras vítimas mortais.


A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou a utilização destas munições no Iémen, considerando que se trata de «um crime de guerra». Em 2010 entrou em vigor a Convenção contra as Bombas de Fragmentação, que havia sido assinada dois anos antes por mais de uma centena de países.

Num tweet publicado esta segunda-feira, Ali Sofra criticou as organizações internacionais e de direitos humanos por evitarem falar sobre a existência de ataques aéreos e a utilização de bombas de fragmentação no Iémen. «Quaisquer vítimas de bombas de fragmentação no Iémen não são referidas nos seus relatórios anuais humanitários e de direitos humanos», escreveu, citado pela PressTV.

EUA «congelam» venda e Itália deixa de vender armamento aos sauditas

Joe Biden, o presidente recentemente empossado dos EUA, um dos grandes fornecedores de armamento à coligação liderada pelos sauditas e um dos principais envolvidos no Ocidente, juntamente com o Reino Unido, na guerra de agressão ao Iémen, anunciou na quarta-feira da semana passada o congelamento da venda de armas à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos, cujo volume de negócio tinha incrementado fortemente sob os auspícios de Donald Trump.

Na sexta-feira, a Itália – um de vários países ocidentais envolvidos na venda de armas à Arábia Saudita e que muito lucram com a guerra de agressão ao Iémen – anunciou o fim da exportação de armamento à Arábia Saudita e e aos Emirados Árabes Unidos.

Luigi Di Maio afirmou que se tratava de um «acto necessário», de uma «clara mensagem de paz do nosso país» e que, para a Itália, o «respeito pelos direitos humanos é um compromisso inquebrável». Se for para valer, mais vale tarde que nunca. A guerra e o martírio do povo iemenita começaram há seis anos.

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Os EUA foram responsáveis por mais de metade das armas exportadas para a região (52%), seguindo-se a Rússia (13%) e a França (12%).

A região do mundo que mais armas importou foi a Ásia e Oceânia (42%). Índia, Austrália, China, Coreia do Sul e Paquistão foram os países que mais armas importaram na região.

O SIPRI afirma que é cedo para dizer se uma recessão associada à pandemia de Covid-19 pode fazer abrandar os negócios de armas. «O impacto económico da Covid-19 podia levar alguns países a diminuir as importações de armas nos próximos anos. No entanto, ao mesmo tempo, mesmo no auge da pandemia, em 2020, vários países assinaram grandes contratos de armamento», releva o SIPRI.

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Questionado sobre se este negócio «é consistente com a promessa do governo dos EUA de liderar a diplomacia com vista a pôr fim ao conflito no Iémen», Falk respondeu que não, rejeitando a declaração como uma alegação «falsa».

«Esta é uma afirmação claramente falsa», acusou, acrescentando que os mísseis ar-ar protegem o espaço político nacional saudita, dando ao reino a liberdade de fazer a guerra fora de seu território com expectativas substancialmente reduzidas de ver o seu país atacado. «Por outras palavras, o objectivo do armamento defensivo é muitas vezes isolar a guerra ofensiva da retaliação e, dado o historial saudita, esse parece ser o caso», frisou Richard Falk.

Não há «incentivo para a via diplomática»

«Tal militarismo parece fazer aumentar a capacidade de combate da Arábia Saudita e não apresenta nenhum incentivo para acabar com o conflito no Iémen pela via diplomática. Se a intenção fosse uma mudança no sentido da diplomacia, poderia ter sido sinalizada oferecendo às forças opositoras iemenitas capacidades militares equivalentes ou condicionando a venda dos mísseis a um esforço de boa-fé para resolver o conflito através de negociações. Não houve nenhum esforço tangível ou credível nessa direcção», acrescentou.

O académico norte-americano criticou a incapacidade da ONU para pôr fim ao conflito no Iémen, afirmando que «estamos a assistir a mais um caso em que a ONU e a segurança internacional são incapazes face aos alinhamentos geopolíticos que se dedicam a encontrar soluções militares para conflitos políticos».

«Nesta perspectiva, não há um ponto final à vista para o conflito e o sofrimento humano no Iémen, e é provável que não surja nenhum, a não ser que a Arábia Saudita se sinta ameaçada por outras fontes ou enfrente pressões internas significativas. A morte dos iemenitas, infelizmente, não faz parte dos cálculos políticos realizados pelos cínicos criadores dos objectivos da política externa de Riade», sublinhou.

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Numa declaração realizada ontem à noite, Yahya Saree, porta-voz das Forças Armadas do Iémen, afirmou que se tratou de uma «operação qualitativa […] em resposta à escalada de agressão contra o país».

O militar iemenita pediu às empresas e aos cidadãos estrangeiros, bem como aos residentes no «Estado inimigo dos Emirados» que «permaneçam longe de instalações vitais», tendo em conta que «os EAU são um Estado inseguro enquanto prosseguir a escalada de agressão contra o Iémen».

Navio dos Emirados apreendido em Hudaydah

No passado dia 3, Yahya Saree informou que as tropas iemenitas e combatentes dos comités populares tinham conseguido apreender um navio de bandeira iemenita ao largo do porto de Hudaydah, transportando diverso material militar.

Hussein al-Azi, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de Salvação Nacional do Iémen, destacou que o navio não trazia «tâmaras ou brinquedos», mas «armas destinadas a grupos extremistas que põem em risco a vida de cidadãos comuns».

Numa declaração efectuada ontem à tarde, Jake Sullivan, Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA – um dos países ocidentais mais envolvidos na guerra de agressão ao Iémen desde Março de 2015 – classificou os ataques a Abu Dhabi como «terroristas».

Sublinhando que o compromisso dos EUA com a segurança dos EAU é «inabalável», prometeu trabalhar no sentido de «responsabilizar» os Hutis, que assumiram a autoria do ataque.

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Por seu lado, o governador da província de Hudaydah, Muhammad Ayyash Qahim, destacou que estes ataques evidenciam o nível de «desespero e frustração» da coligação saudita.

«Os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita e os seus mercenários serão responsabilizados pelos crimes que perpetraram contra cidadãos comuns», disse, citado pela PressTV.

Esta quinta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas reiterou «o apelo às partes para que exerçam a máxima contenção e evitem qualquer escalada, por entre o aumento das tensões na região, bem como para que respeitem as suas obrigações ao abrigo do direito humanitário internacional».

Guerra de agressão há quase sete anos

A Arábia Saudita, com o apoio dos EUA, do Reino Unido e de outras potências ocidentais e regionais, lançou, em Março de 2015, uma grande campanha militar de agressão contra o Iémen, tendo como objectivo declarado suprimir a resistência do movimento Huti Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade, sem sucesso.

A agressão militar provocou milhares de mortos, feridos e deslocados, destruiu as infra-estruturas do mais pobre dos países árabes e esteve na origem da mais grave crise humanitária dos tempos modernos, segundo as Nações Unidas.

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O primeiro Mundial num país árabe e muçulmano não se realizará no gigante regional, a Arábia Saudita, mas no pequeno e disruptor Catar. O crescimento, no quadro mundial, das influências das forças cataris tem utilizado o desporto como meio para expressar a sua existência perante um vizinho que tem adotado diferentes estratégias para o controlar. Entre 2017 e 2021, o embargo imposto pelos sauditas colocou tudo em causa, não só a realização deste Mundial mas a própria subsistência do país. O Catar, ainda assim, resistiu.

Nessa prova de força dos cataris nasceu uma nova atitude dos sauditas, cada vez mais envolvidos em negócios e ações diplomáticas com os seus vizinhos. Não será, por isso, de espantar que os jogos da Arábia Saudita passem a imagem de ser jogados em casa. Num grupo de enorme exigência, e com uma estreia frente à Argentina de Messi, o sucesso desportivo da equipa saudita parece um objetivo difícil de concretizar. Mas a transformação deste Mundial, um ano depois do Estado da Arábia Saudita ter adquirido o Newcastle United, da Premier League, numa oportunidade de demonstração de força saudita em território catariano não será desperdiçada.

O futebol é, aqui, apenas um meio para alcançar outros fins.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

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Nesta medida, o Mundial 2022 é um fenómeno de sucesso no que toca a alertar mentalidades, um pouco por todo o mundo, para questões que importa ter em conta no futuro do planeta. O excessivo peso colocado pela extração de combustíveis fósseis e a forma como este coloca em causa o nosso planeta. Os desequilíbrios daí resultantes em alargados territórios do planeta e a forma como a riqueza de um determinado país não é distribuída por todos aqueles que aí vivem e trabalham.

Também não se tem deixado de focar, de maneira regular, a importância da igualdade de direitos e a falta de senso que tem discriminar alguém pelo seu género, origem ou opção sexual. Não se mede nada disto por uma bola que rola ou por uma braçadeira que se usa. Mede-se pela capacidade que temos para dar eco às nossas mensagens. 

Daí que o futebol seja revolucionário. Porque mesmo no momento em que todo o seu aparato financeiro e simbólico se foca na organização de um evento que pretende limpo de mensagens políticas, são essas mesmas palavras e gestos que não deixam de ecoar a cada instante. Na forma como os jogadores ingleses se ajoelham antes do início de uma partida. Na liberdade concedida às mulheres iranianas para assistirem aos jogos num estádio. Pela maneira como jogadores, adeptos e jornalistas têm enfrentado as restrições impostas pelo Catar por não deixarem de expor as suas ideias, aproveitando o palco e o microfone para as fazer ecoar. Aos que se sentem fracos por ceder à beleza de um golo, insisto que essa beleza não nos faz esquecer aquilo por que importa lutar nestes meses de Novembro e Dezembro de 2022. 

Doze anos e muitos mais

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Proibida a entrada a animais, russos e à solidariedade com a Palestina

A disparidade na abrangência e alcance de sanções desportivas face a outros dramas humanitários revelam, mais do que um suposto humanismo e solidariedade, a hegemonia cultural, racismo e xenofobia do «Ocidente».

Equipa russa nos Jogos Paralímpicos de 2018 em Sochi
CréditosKirill Kudryavstev / AFP

Na sequência de mais um cenário de guerra no nosso planeta, diversas agências desportivas têm tomado medidas de afastamento de federações, clubes e atletas russos das competições. A disparidade na abrangência e alcance destas sanções desportivas face a outros dramas humanitários, particularmente sobre a Palestina, revelam mais do que um suposto humanismo e solidariedade: sobressai a hegemonia cultural, racismo e xenofobia do «Ocidente».

Desporto: uma frente de combate

Com a invasão do exército russo no território ucraniano, entrou-se numa nova e mais dramática fase do conflito que desde 2014 tem lavrado naquela zona, opondo a Rússia e, mais do que a própria Ucrânia, os EUA e a União Europeia. Para além das operações militares, esta guerra estende-se a todas as facetas da vida. É uma guerra travada no campo económico, informativo e também cultural.

Na frente desportiva, as chamadas potências ocidentais levam clara vantagem, com a sua hegemonia a verter-se na direcção dos organismos e federações desportivas. O objectivo é claro: expulsar tudo o que cheire a russo da dita «comunidade internacional». Entre as inúmeras sanções, salienta-se as seguintes:

- Nos recentes Jogos Paralímpicos de Inverno de Pequim, símbolo maior da inclusividade no desporto, os atletas russos e bielorussos foram impedidos de participar na competição.

- A Rússia e Bielorrússia também foram afastadas do Mundial de Futebol do Qatar e de diversas outras competições internacionais.

- Clubes como o Spartak Moskva, CSKA Moskva, Tyumen ou Zenit foram retiradas das competições europeias. Voltada para provas no estrangeiro, a equipa de ciclismo Rusvelo não tem um único dia de competição este ano, por impedimento da federação mundial.

- O Grande Prémio da Rússia da Fórmula 1 ou a final da Liga dos Campeões em São Petersburgo foram cancelados, assim como diversos outros eventos no ténis, ski, curling, etc.

- O tenista número um do mundo, Daniil Medveded, poderá estar impedido de competir em Wimbledon. O piloto Nikita Mazepin foi despedido da equipa Haas. A própria recém-estrela da patinagem no gelo Kamila Valieva poderá estar impedida de competir. Tem-se exigido aos atletas que se demarquem de Putin e do Governo, mesmo que nunca tenham tido ligações, recriando em pleno século XXI os autos de fé da Inquisição.

Chega-se ao absurdo de sites desportivos removerem as bandeiras dos países dos atletas, sites de apostas terem retirados eventos desportivos russos ou jogos electrónicos removerem as equipas russas.

Atletas, clubes, treinadores e demais staff são tratados como párias e vêem o seu esforço e ambições atirados ao lixo por terem o atrevimento de terem nascido na Rússia ou de trabalharem no país. Relembra-se que a última vez que sanções tão abrangentes foram tomadas contra um país foi contra o regime de Apartheid da África do Sul, como resposta ao próprio segregamento da população negra.

A Rússia tem oligarcas, o Ocidente empreendedores

Da mesma forma que a guerra não se iniciou em 2022, também esta tentativa de isolar a Rússia não começou agora. O tratamento que é feito à Rússia, pela sua ameaça à hegemonia estado-unidense, sempre foi distinta, colocando o seu papel no desporto sob um escrutínio que raramente existe para outros países.

Apesar de durante anos o dinheiro da Gazprom ter sido bem recebido pelos dirigentes desportivos de diversas modalidades, sempre houve uma percepção que esse dinheiro seria mais «sujo» do que outras empresas que movem milhares de milhões à custa de práticas monopolistas, de infracções de direitos humanos e/ou de exploração de vícios, como a Coca-Cola, Heineken ou a Bridgestone.

Também a figura do oligarca Roman Abramovich é vista como sinónimo da entrada dos grandes magnatas no futebol e da redução deste a uma brincadeira de ricos. No entanto, o epíteto de oligarca e magnata a brincar aos clubes nunca é aplicado a Ken Bates, homem que vendeu o Chelsea a Abramovich, e que antes disso já tinha sido dirigente de três outros clubes e da federação inglesa de futebol, e que ainda compraria o Leeds United. Não de somenos, Bates recebeu autorização da coroa britânica para explorar por 199 anos uma ilha nas Caraíbas contra a vontade do povo autóctone, e era próximo de Ian Smith, dirigente da Rodésia do Sul, estado supremacista branco, a par da África do Sul. Para a sua sorte na imprensa, calhou não saber escrever em cirílico.

Doping: o colectivismo russo vs. o pecado individual ocidental

Também na relação com o doping vemos tratamentos diferenciados. A cruzada iniciada em 2014 com um documentário alemão (por «coincidência») levou a que a WADA, agência mundial de antidopagem, tivesse impedido a Rússia de competir usando os seus símbolos nacionais, em competições por selecções. Não estando em causa a veracidade da acusação, parece que a WADA tem dificuldades em encontrar mais casos de programas de doping patrocinados pelo poder central, argumento central para esta medida. No entanto, casos não faltam, e fica aqui uma pequena amostra de um problema no desporto que só por conveniência não é mais falado.

Cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018, em Pyeongchang

Quando os contornos começar a ficar cada vez mais sinistros e públicos, a justiça dos EUA viu-se obrigada a desvendar a rede de doping capitaneada por Lance Armstrong. Sustentada a partir de dinheiro público através do patrocínio da US Postal, agência federal do Governo dos EUA que dava nome à equipa, a rede conseguiu tornar Armstrong num embaixador dos valores estado-unidenses e um ídolo mundial, obtendo os seus resultados com recurso ao maior e mais sofisticado sistema de dopagem à data e fazendo questão de destruir carreiras e vidas de outros ciclistas. Mas aparentemente o maior esquema de dopagem e gangsterismo da história do ciclismo sob égide de entidades públicas não parece ter provocado sinais de alerta na WADA.

Também no atletismo, a lista alargada de atletas medalhados dos 100 metros apanhados por doping, como os estado-unidenses Carl Lewis, Tim Montgomery, Tison Gay, Justin Gatlin e Marion Jones, o canadiano Ben Johnson (que treinava com o mesmo homem que treinou Montgomery ou Jones) e os jamaicanos Yohan Blake, Asafa Powell, Shelly-Ann Fraser-Pryce e Sherone Simpson, treinados pela equipa MVP, criam um quadro que para a WADA apenas indica prevaricação pessoal, nunca as federações tendo sido responsabilizadas pelas transgressões.

Em 2017, um tribunal espanhol anulou a possibilidade de se identificarem 211 sacos de sangue que estavam na posse do médico Eufemiano Fuentes aquando uma busca da Guardia Civil em 2006, personagem central de uma rede de dopagem de que ainda hoje se desconhece a sua extensão. A justiça espanhola nunca se mostrou disponível para divulgar a identidade de todos os clientes de Fuentes que, segundo o próprio, remonta pelo menos aos Jogos Olímpicos de 1992 em Barcelona, e que para além de ciclistas (os únicos cujos nomes vieram à luz do dia) estendia-se, pelo menos, também ao futebol e ao ténis. Ocupada com a Rússia, a WADA pouco ou nada fez para desvendar este mistério, com as dúvidas sobre a performance de diversas gerações de ouro do desporto espanhol nos últimos 30 anos votadas a mera especulação.

A frieza oriental

Também o suposto tratamento dado aos atletas, sobretudo mulheres, mostra uma dualidade de critérios. Neste aspecto, geralmente, o alvo preferencial da comunicação social é a China e as suas atletas. Mas à boleia do aumento da tensão no Donbass, a mira temporariamente mudou. O alvo foi Kamila Valieva.

Pelo pecado de ter executado performances brilhantes nos recentes Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim, logo surgiram as alegações de doping. A trama adensa-se quando, após uma performance menor, o acompanhamento dos treinadores e da comitiva russa foi imediatamente posto em causa por pressão psicológica sobre a agora pobre vítima, com direito a conferência de imprensa do Presidente do Comité Olímpico Internacional (COI). A Rússia, de novo, é vilificada.

Já quando em 2015 rebentou o maior escândalo de abusos sexuais na história do desporto, praticado pelo treinador da equipa de ginástica dos EUA e encoberto pela federação, o COI não teve nenhuma acção. Quando Simone Biles desistiu de provas de ginástica nos Jogos Olímpicos de Tóquio por questões de saúde mental, o mesmo Presidente do COI apenas afirmou que ela era uma lutadora. Não se encontrou espaço para considerações de problemas estruturais num organismo que encobriu cerca de meio milhar de abusos sexuais.

Ainda no campo da patinagem artística, o drama de Valieva leva a grande escrutínio e reflexões sobre como os russos treinam os seus atletas. Já o resultado do drama de Tonya Harding, patinadora estado-unidense que procurou fisicamente incapacitar uma atleta rival, são diversos prémios de cinema com uma das piores condutas desportivas transformada em entretenimento e personalizado na figura da ex-patinadora.

Quando a Palestina se deparou com um desporto apolítico

Se a dureza com que o desporto russo (e bielorrusso) tem sido tratado é justificada aos olhos de alguns como resposta às injustiças cometidas pelos Governos, não deixa de ser gritante como estas sanções desportivas são díspares com o tratamento dado a outros países noutros contextos.

Poderíamos falar dos regimes fascistas e das brutais ditaduras da América Latina no passado ou das monarquias absolutas do estados do Golfo e das aventuras imperialistas dos países da NATO. Ainda assim, o exemplo mais gritante na actualidade é a agressão e genocídio do povo palestino às mãos de Israel, que o submete a um regime de apartheid. Mas em vez de nos focarmos sobre a ausência de sanções sobre Israel e como este país está plenamente integrado no circuito desportivo internacional, atente-se antes às penalizações que os organismos que regulam o desporto têm tido contra aquelas que aproveitam o palco desportivo para mostrar solidariedade com a Palestina.

Caroon de Latuff

O clube escocês Celtic tem nos últimos anos recebido multas na ordem das dezenas de milhares de euros por os seus adeptos mostrarem a bandeira da Palestina durante jogos das competições internacionais. A bandeira da Palestina é considerada um adereço ilícito pela UEFA. Também a federação espanhola de futebol multou o jogador Kanouté por ter mostrado uma camisola de apoio à Palestina. O jogador Aboutrika recebeu um cartão amarelo durante um jogo para a Taça das Nações Africanas por ter violado as regras da FIFA sobre slogans políticos, sendo que o slogan de Aboutrika pedia simpatia para com Gaza. Também o clube chileno Palestino, criado por imigrantes, foi penalizado e obrigado a mudar o design da sua camisola, em que o número 1 tinha o desenho das fronteiras da Palestina de 1947.

O judoca Fathi Noureen foi suspenso durante 10 anos por se recusar a lutar contra um judoca israelita nos Jogos Olímpicos de Pequim por solidariedade com a causa palestiniana. Sorte semelhante teve Saeid Mollaei em 2019, tendo apenas voltado a competir após se mudar para a Alemanha e participar na equipa de refugiados. No xadrez, as federações mundiais têm repetidamente ameaçado países de suspensão caso não permitam a participação de atletas israelitas.

O número dois do squash, Ali Farag, assim como dezenas de outros jogadores e personalidades do desporto, têm vindo a público denunciar os dois pesos e duas medidas quando o assunto foi expressar solidariedade com a causa palestiniana e agora com a Ucrânia. Sempre se tentou impedir que os atletas pudessem abertamente demonstrar as suas opiniões acerca do genocídio alegando as organizações e federações que a política se devia manter fora do desporto e que não tem lugar dentro dos recintos. Subitamente, com a avalanche de expressões solidárias com o povo ucraniano, o que se realça é que o drama da Palestina não cabe na empatia de quem gere o desporto.

Por baixo da pele de cordeiro

Mais do que uma pretensa solidariedade com as dificuldades que o povo ucraniano passa, as recentes sanções sobre a Rússia e a Bielorrússia demonstram duas coisas: a hegemonia cultural do imperialismo dos EUA e da UE e a xenofobia e racismo presente na ideologia dos dirigentes «ocidentais».

Destruído o sonho, após a queda do bloco socialista, de um mundo submisso sob a batuta dos EUA, as principais potências imperialistas vêem-se incapazes de contrariar a emergência de um mundo multipolar, perdendo na esfera política e económica a capacidade de impor a sua política de rapina, opondo-se-lhes a resistência dos povos e dos interesses das potências regionais. A solução militar directa também não é viável em confronto com potências nucleares, como é o caso da Rússia. A mais eficaz arma que lhes resta é a hegemonia cultural criada ao longo de décadas. O controlo dos principais meios de comunicação, tanto de informação como de entretenimento, assim como dos supostos organismos independentes, não-governamentais, neutros e apolíticos permite este ataque concertado e rápido à Rússia na esfera desportiva, apagando esta nação (mais do que o país e o seu governo) do planeta.

O sofrimento que se vive na Ucrânia em 2022 não é maior nem menor que o sofrido nos últimos oito anos, quando os russófonos foram reprimidos pelo estado ucraniano, mas, enquanto as equipas russas são afastadas das competições, fez-se questão que o Shaktar Donetsk tivesse um lugar seguro onde jogar. Uma bomba detonada em Kiev não causa mais nem menos luto que uma que caia em Damasco ou Mossul, mas enquanto a bandeira e hino russo são banidos, nunca o COI pensou em retirar a Estrela de David ou a Star-Spangled Banner do pódio olímpico. O que marca as sanções em 2022 não é a solidariedade, é a agenda política.

À semelhança das sanções económicas, o ataque à cultura russa, como visto nas sanções desportivas, atingem mais o povo russo do que Putin ou a burguesia dirigente. A imagem criada sobre o desporto russo e os seus protagonistas ao longo dos anos não se desvia do guião criado para ostracizar outros povos. O atleta batoteiro, o dirigente manipulador, o dinheiro sujo, a máquina fria e sem escrúpulos, todos coniventes com o regime autocrático, criam uma percepção emotiva primária de rejeição, da criação de um «outro» que não pode estar «connosco». Mais uma machadada nos princípios do olimpismo. Só falta retirar um dos anéis…

A falha técnica dos Jogos de Sochi soou a premonitória em 2022

Neste processo a vítima não é o Governo russo, somos todos nós.

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Desde 2010, a realização do Mundial no Catar levantou suspeição e criou polémica. Mas doze anos não são suficientes para criar condições de ter, num mundo mediático, o espaço suficiente para alterar o curso da história. Na verdade, muito se realizou neste período. Uma profunda investigação levou ao afastamento de vários focos de corrupção no seio da FIFA e das confederações continentais. Anos e anos de trabalho e investigação no território catariano permitiram o conhecimento da realidade no local e a instauração de novas leis. Um extenso trabalho de consciencialização permitiu que dirigentes, treinadores e jogadores sejam, hoje, agentes de mensagens de liberdade e de defesa dos direitos humanos, numa escala nunca antes vista no futebol profissional. 

Mas a bola rola no Catar. Rola porque, na prática, os novos dirigentes da FIFA nunca encontraram base jurídica para reverter a entrega da competição a este país. Rola porque a sua riqueza lhe permitiu continuar a ultrapassar as dificuldades que teve pela frente. Rola, também, porque o Catar não é o outro lado do nosso mundo. 42º classificado no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, apesar dos largos reparos registados no relatório da Amnistia Internacional quanto aos direitos dos trabalhadores migrantes, o direito ao sindicalismo, as liberdades de expressão e reunião, os direitos das mulheres e das pessoas LGBTI+ e às pena de morte, o Catar demarca-se de vários outros países do Médio Oriente.

Na prática, os valores do Catar estarão mais próximos da média dos valores dos países que integram a FIFA do que a ideia europeia de direitos. É esse confronto que o Mundial nos obriga a ter. O de ver o mundo como ele é, para melhor sabermos como nele fazer as nossas lutas. 

Os favoritos também se abatem

A derrota da Argentina perante a Arábia Saudita é a primeira grande surpresa deste Mundial e, em consequência, o primeiro grande aviso, sobretudo para as equipas que vão entrar hoje em campo.

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Presidente da FIFA ignora os estatutos e dá respaldo a Israel e Arábia Saudita

Gianni Infantino tinha reuniões preparadas com a Associação de Futebol da Palestina (AFP) mas, apesar de reiterados avisos, insistiu em participar em acções do governo Israelita em territórios ocupados.

26 crianças palestinianas, da Faixa de Gaza, que pertencem à Associação de Futebol de Palestinianos Amputados, preparam-se para participar no torneio de sub-16 para pessoas amputadas em bombardeamentos, por míssil, israelitas. Cerca de 80 homens amputados participam no torneio para adultos. <br />
 
CréditosSuhaib / Reuters

À margem de uma conferência organizada pelo Jerusalem Post, um diário israelita, no Museu da Tolerância, em Jerusalém, o Presidente da FIFA, Federação Internacional de Futebol, admitiu a possibilidade de organizar um Campeonato do Mundo de Futebol conjunto entre Israel e Arábia Saudita, «porque não Israel?».

A tentativa ingénua, por parte de Infantino, de incluir a Palestina numa futura iniciativa, em colaboração com Israel, foi muito mal recebida pela comunidade palestiniana, em contraste com os aplausos da audiência, composta por vários antigos membros do gabinete de Donald Trump, como Ivanka Trump e Mike Pompeo e por Benjamin Netanyahu, responsáveis pelo escalar das agressões e ocupações contra a Palestina nos últimos anos.

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Não abrandam os protestos contra a ocupação e os colonatos

As tropas israelitas reprimiram os protestos desta sexta-feira contra os colonatos. Um rapaz não resistiu aos ferimentos em Gaza. A Unicef informou que Israel matou 9 crianças palestinianas em 2 meses.

Manifestantes palestinianos repelem latas de gás lacrimogéneo disparadas por forças israelitas durante os confrontos que se seguiram à manifestação contra o colonato de Eviatar, na localidade de Beita, no Norte da Cisjordânia ocupada, a 27 de Agosto de 2021 
Créditos / PressTV

Pelo menos dois manifestantes foram atingidos com balas de borracha disparadas pelas tropas israelitas na localidade de Beita, a sul de Nablus. O serviço de ambulâncias do Crescente Vermelho Palestiniano revelou que outros 26 palestinianos sofreram problemas respiratórios devido à inalação de gás lacrimogéneo.

Desde Maio, Beita tem sido palco de fortes confrontos entre as forças de ocupação e a população palestiniana, que protesta contra a construção do colonato judaico de Eviatar no cimo do Monte Sabih, bem como contra o confisco de terras dos aldeãos da região.

Também na sexta-feira, as forças israelitas dispararam numerosos cartuchos de gás lacrimogéneo, balas de borracha e granadas de atordoamento contra manifestantes palestinianos em Kafr Qaddum, no distrito de Qalqiliya (Margem Ocidental ocupada), ferindo dezenas deles.

Pelo menos oito foram atingidos por balas de borracha e dezenas sofreram de asfixia devido à inalação de gás lacrimogéneo lançado pelas forças israelitas, refere a PressTV.

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Dezenas de palestinianos feridos por forças israelitas em protestos contra colonatos

As forças israelitas reprimiram com violência, esta sexta-feira, os protestos dos palestinianos contra os colonatos na localidade de Beita, perto da cidade de Nablus, na Margem Ocidental ocupada.

Palestinianos durante os protestos em Beita contra a ocupação israelita, 25 de Junho de 2021 
CréditosAyman Nubani / WAFA

Pelo menos 18 palestinianos foram atingidos com balas de aço revestidas de borracha, incluindo dois paramédicos, durante um protesto realizado esta sexta-feira para denunciar a construção do novo colonato judaico de Eviatar no cimo do Monte Sabih, perto da localidade palestiniana de Beita, revelaram fontes locais e médicas.

Várias dezenas de manifestantes sofreram ainda sintomas de asfixia devido às granadas de gás lacrimogéneo lançadas pelas forças de ocupação, que, nas últimas semanas, têm reprimido com violência os protestos crescentes dos residentes contra a criação do colonato referido.

A população de Beita e das aldeias circundantes, informa a WAFA, tem levado a cabo marchas semanais, todas as sextas-feiras, denunciando igualmente o confisco de terras dos aldeãos de Beita, Huwarra e Za'tara para que as autoridades israelitas possam ali inaugurar uma estrada apenas para colonos judeus.

De acordo com a WAFA, em quase um mês de protestos, as forças de ocupação israelitas usaram fogo real para dispersar as marchas, tendo morto cinco palestinianos de Beita e ferido 618.

Além do colonato no Monte Sabih, as forças israelitas criaram, há alguns meses, um posto avançado no cimo do Monte al-Arma, a norte de Beita, na medida em que ambas as elevações gozam de uma localização estratégica, com vista para o distrito de Nablus e o Vale do Jordão, uma faixa de terra fértil a oeste do Rio Jordão que representa aproximadamente 30% da Cisjordânia ocupada.

O controlo dos montes a sul e a norte de Beita, e a construção de uma estrada só para colonos são medidas com as quais, nota a agência, as forças israelitas pretendem tornar as aldeias e vilas palestinianas em «enclaves e guetos apinhados, cercados por muros, colonatos e instalações militares», cortando a contiguidade geográfica com outras partes da Margem Ocidental ocupada.

Um manifestante palestiniano é evacuado do local dos protestos durante os confrontos com as forças israelitas no contexto de uma mobilização contra o colonato de Eviatar, recentemente construído, perto da localidade de Beita, a sul de Nablus, a 25 de Junho de 2021 / PressTV

Outros protestos anti-colonatos e mais repressão

Também esta sexta-feira, as forças israelitas atacaram os manifestantes no protesto semanal contra os colonatos na aldeia de Kafr Qaddum (distrito de Qalqiliya). Durante os confrontos, as forças de ocupação israelitas atingiram dois palestinianos com fogo real e prenderam um deles, refere a PressTV.

Dezenas de manifestantes sofreram dificuldades respiratórias devido à inalação de gás lacrimogéneo, enquanto outros quatro, incluindo dois jornalistas, foram atingidos com balas de borracha, indica a mesma fonte.

Houve ainda protestos contra os colonatos na região de al-Ras, perto da cidade de Salfit, onde dezenas de palestinianos sofreram dificuldades respiratórias devido à inalação de gás lacrimogéneo.

A sul de Hebron (al-Khalil), as tropas israelitas atacaram uma mobilização contra a expansão dos colonatos israelitas, a ocupação e a limpeza étnica em Masafer Yatta.

Mais de 600 mil israelitas vivem colonatos só para judeus em Jerusalém Oriental e na Margem Ocidental ocupada. Todos os colonatos israelitas são considerados ilegais à luz do direito internacional.

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As tropas israelitas também atacaram um protesto na aldeia de Umm al-Shaqhan, a sul de al-Khalil (Hebron), contra a expansão de um colonato e os ataques frequentes de colonos israelitas tanto a palestinianos como às suas propriedades.

No protesto, revela a fonte, os manifestantes vincaram a sua determinação em proteger a terra e minar os planos israelitas de expandir os colonatos, que são ilegais à luz do direito internacional. Vários palestinianos, activistas solidários estrangeiros e oito jornalistas foram presos.

Rapaz de Gaza, atingido a tiro por forças israelitas, sucumbe aos ferimentos

Omar Hasan Abu an-Neel, de 12 anos, faleceu este sábado, depois de ter ficado gravemente ferido na semana passada, em protestos junto à vedação com que Israel cerca a Faixa de Gaza.

Fontes médicas disseram à WAFA que o rapaz, residente no bairro de Tuffah, na cidade de Gaza, não resistiu aos ferimentos, depois de ter sido atingido a tiro pelas forças israelitas, uma semana antes, num protesto no Nordeste do enclave cercado, junto à vedação.

O jovem, ferido na cabeça, foi levado de imediato para um hospital, onde foi operado e se manteve em estado crítico.

Abu an-Neel é o segundo palestiniano a morrer dos ferimentos sofridos naquele protesto, em defesa de Jerusalém, contra os ataques frequentes dos israelitas à mesquita de al-Aqsa e para assinalar o incêndio desta mesquita, há 52 anos.

Osama Khaled Deij, de 32 anos, do campo de refugiados de Jabaliya, perto da cidade Gaza, faleceu no Hospital al-Shifa poucos dias de ter sido atingido a tiro pelas tropas israelitas, não resistindo aos ferimentos.

Pelo menos 41 palestinianos ficaram feridos no protesto de 21 de Agosto, a maior parte dos quais com disparos nos membros, nas costas e no abdómen, informou o Ministério da Saúde em Gaza.

Mais de quatro dezenas de palestinianos ficaram feridos e dois faleceram na sequência dos disparos efectuados pelas forças israelitas contra o protesto junto à vedação do enclave no passado dia 21 / Al Jazeera

Unicef: Israel matou nove crianças e feriu 556 na Margem Ocidental em dois meses

Num relatório divulgado esta semana, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelou que nove crianças palestinianas tinham sido mortas na Margem Ocidental ocupada e Jerusalém Oriental pelas forças israelitas entre 7 de Maio e 31 de Julho.

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ONU refere «graves» violações cometidas por Israel contra menores palestinianos

O relatório do secretário-geral da ONU sobre crianças e conflitos regista mais de mil «violações» contra crianças palestinianas. Mas Israel, como a Arábia Saudita, volta a ficar de fora da «lista negra».

De acordo com o Ministério palestiniano da Informação, 12 mil crianças foram detidas pelos israelitas nos últimos 17 anos
Jovem palestiniano é detido pelas forças israelitas (imagem de arquivo) Créditos / addameer.org

Em Junho de 2020, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, anunciou que a a Arábia Saudita seria retirada da «lista negra» onde foi incluída em 2017 por matar e ferir crianças no decurso das suas operações militares de agressão ao Iémen. E este ano voltou a não ser incluída na «lista das partes que violam os direitos dos menores durante os conflitos». Esse facto, bem como a não inclusão de Israel «na lista de regimes que matam crianças», mereceu a condenação do Irão.

Por seu lado, o Estado da Palestina lamentou que «o relatório anual mais uma vez falhe ao não incluir, de forma justa, as forças de ocupação de Israel na lista das partes que cometem violações graves contra as crianças» – uma realidade que o relatório refere nos seus próprios termos.

«Esta falha persiste – nota a agência WAFA –, apesar da documentação exaustiva e provas dos crimes de Israel contra os menores palestinianos», e do facto de que esses «crimes não só continuam, como estão aumentar», tendo-se registado a morte de 69 crianças palestinianas nos últimos dois meses (66 das quais no «massacre a Gaza», em Maio último»).

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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No seu relatório, relativo a 2020, o secretário-geral das Nações Unidas reporta 1031 casos confirmados de violência das forças israelitas contra 340 crianças palestinianas. Dá ainda conta de 11 mortos e 324 feridos, bem como de 361 detenções (87 crianças reportaram maus-tratos e violações ao processo legal devido, sob custódia, por parte das forças israelitas, e 83% referiram violência física). Foram ainda registados 30 ataques a escolas e hospitais, perpetrados pelas forças israelitas de ocupação e colonos judeus, de acordo com o relatório.

O Estado da Palestina, refere a WAFA, lamenta que o secretário-geral da ONU, reunindo estes dados, «ignore» as «provas das graves violações e crimes cometidos por Israel», sublinhando que «esta omissão voluntária» de Israel da lista só reforça a sua «impunidade».

Constitui, além disso, um «desvio grave das responsabilidades confiadas ao secretário-geral», que o Estado da Palestina insta «a corrigir sem demora», porque as «crianças palestinianas têm direito à protecção, segurança, dignidade e liberdade».

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«As tensões continuam na Margem ocidental, incluindo Jerusalém Oriental. Nove crianças palestinianas foram mortas entre 7 de Maio e 31 de Julho, e 556 crianças foram registadas como feridas, também por fogo real, balas de aço revestidas de borracha, granadas de atordoamento e gás lacrimogéneo», aponta o informe da Unicef.

No mesmo período, pelo menos 170 crianças foram presas em Jerusalém Oriental ocupada, segundo o documento.

De acordo com a agência das Nações Unidas, 2,5 milhões de pessoas, incluindo 1,2 milhões de crianças, a viver na Faixa de Gaza cercada e na Margem Ocidental ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, necessitam actualmente de ajuda humanitária.

O organismo sublinhou que a situação humanitária se deteriorou recentemente com a escalada da tensão em Jerusalém Oriental, a agressão israelita a Gaza em Maio e a pandemia de Covid-19.

«Tendo em conta a escalada recente, o apelo humanitário para as necessidades das crianças em 2021 aumentou para 46,2 milhões de dólares no total, sendo que 31,5 milhões (68%) estão por financiar», referiu.

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A AFP tinha ficado agradavelmente surpreendida com a intenção, manifestada pelo presidente da FIFA, de reunir com as autoridades desportivas da Palestina, deixando o alerta de que, embora compreendendo que ele também se encontrasse e participasse com insituições israelitas, não iriam tolerar a visita a territórios ocupados militarmente por Israel.

O Museu da Tolerância, em contrassenso com o seu nome, foi construído nos «terrenos confiscados do histórico cemitério Ma’manullah, declarado um local históricos para os muçulmanos. Neles estão enterrados os restos mortais de milhares de palestinianos, árabes e muçulmanos, cujos sepúlcros foram profanados pela construção do edifício no local».

O Futebol palestiniano não abdica da sua dignidade

Esperávamos que a visita do Presidente da FIFA trouxesse esperança aos futebolistas palestinianos, começando a resolver alguns dos muitos problemas que impedem o desenvolvimento deste desporto na Palestina, um país que sofre, ainda, sob ocupação israelita. Não esperávamos uma visita de apoio a grupos evangélicos sionistas que defendem a negação de direitos aos palestinianos», afirmou, em comunicado, a AFP.

«A decisão [de Infantino] de ignorar as nossas preocupações, e tendo em conta que não temos o direito de interferir na agenda do Presidente da FIFA, só nos deixa como alternativa anunciar que, com muito pena nossa, não estaremos disponíveis para receber uma delegação da FIFA, nestas circunstâncias».

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Israel prendeu cerca de mil menores palestinianos em 2021

Cerca de mil jovens e crianças, 73 deles menores de 14 anos, foram presos este ano pelas forças israelitas, revelou o Centro de Estudos dos Prisioneiros Palestinianos.

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

Sob instrucções directas dos seus superiores, as forças de ocupação visam sistematicamente os menores, para os dissuadir de resistir à ocupação, negando-lhes assim o seu direito à educação, informa o relatório apresentado na semana passada.

O texto, assinado pelo director do Centro de Estudos dos Prisioneiros Palestinianos, Riyad al-Ashqar, regista a escalada no número de detenções de menores palestinianos por parte das forças israelitas e destaca que todos os menores foram submetidos a diversas formas de tortura e maus-tratos a partir do momento da detenção, informam as agências Safa e Prensa Latina.

O texto denuncia igualmente que as tropas de Telavive prenderam diversos menores depois de os atingir a tiro, por vezes de forma grave, tendo interrogado alguns deles no hospital – procurando obter «confissões» em troca do acesso a medicamentos.

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Israel prendeu 5426 palestinianos na primeira metade do ano

Grupos de defesa dos presos apresentaram um relatório sobre o primeiro semestre de 2021. Nas cadeias israelitas, há actualmente 4850 palestinianos, 540 dos quais ao abrigo da «detenção administrativa».

Os palestinianos estão a ser detidos em aldeias e cidades dos territórios ocupados em 1948 por terem apoiado Gaza 
As forças israelitas prenderam mais palestinianos no primeiro semestre deste ano do que em todo o ano de 2020 Créditos / Middle East Monitor

Entre os palestinianos que se encontram nos cárceres de Israel, contam-se 43 mulheres e 225 menores, segundo o documento conjunto divulgado este fim-de-semana pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, a Sociedade dos Presos Palestinianos, a Addameer e o Centro de Informação Wadi Hilweh.

Os organismos referidos precisaram que 12 presos são membros do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), 70 são provenientes dos territórios ocupados em 1948, 350 são originários de Jerusalém ocupada e 240 da Faixa de Gaza cercada.

O informe destaca a existência de 540 prisioneiros palestinianos em detenção administrativa, sem acusação formada ou julgamento, por períodos de seis meses indefinidamente renováveis.

Quase 5500 detidos em seis meses

No que respeita a detenções, os organismos de defesa dos presos revelaram que Israel prendeu 5426 palestinianos entre 1 de Janeiro e 30 de Junho deste ano – um número superior a todas as detenções efectuadas pelas forças israelitas em 2020 e registadas por estas organizações: 4636.

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Forças israelitas prenderam 230 menores palestinianos desde Janeiro

Por ocasião do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou também que 140 menores permanecem em cadeias israelitas.

Um soldado israelita detém um rapaz palestiniano, juntamente com outros quatro, perto do posto avançado de Havot Maon, na Margem Ocidental ocupada, a 11 de Março de 2021 
Créditos / Anadolu

Os menores palestinianos, alguns dos quais crianças, continuam a ser alvo das forças militares israelitas, que os prendem, muitas vezes de forma violenta, nos territórios ocupados.

De acordo com um relatório publicado este domingo pela Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, pelo menos 230 foram detidos desde o início do ano, a maioria dos quais em Jerusalém Oriental ocupada.

O grupo de defesa dos direitos dos presos sublinhou que «as crianças encarceradas são submetidas a vários tipos de abusos, incluindo «a recusa de comida e de bebida por longas horas, abuso verbal e a detenção em condições duras».

O informe veio a lume na véspera do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, com actividades culturais, educativas e mediáticas que, refere a PressTV, visam reforçar a consciência sobre o sofrimento dos menores palestinianos.

Detenção administrativa e maus-tratos

Também no âmbito do Dia da Criança Palestiniana, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou que 140 menores permanecem em cadeias israelitas, incluindo dois que se encontram presos ao abrigo do regime de detenção administrativa.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Por seu lado, a organização Defense for Children International – Palestine (DCIP) destacou que todos os anos entre 500 e 700 menores palestinianos são processados em tribunais militares israelitas e que 85% das crianças palestinianas detidas em 2020 foram «submetidas a violência física».

Num comunicado, a DCIP afirma ter documentado 27 casos em que as crianças foram mantidas na solitária um ou dois dias, alegando as forças israelitas «objectivos de investigação». Esta prática é, segundo o organismo, uma forma de «tortura ou tratamento cruel, desumano e degradante».

Desde Outubro de 2015, a DCIP registou a 36 ordens de detenção administrativa decretadas contra menores palestinianos, dois dos quais se mantêm nesse regime.

Ainda de acordo com o organismo sediado em Genebra, em 2020, as forças israelitas mataram nove menores palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e na Faixa de Gaza, seis dos quais com fogo real.

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O relatório divulgado este fim-de-semana informa que, entre os palestinianos detidos pelas forças israelitas, se incluem 854 menores e 107 mulheres, tendo sido emitidas na primeira metade do ano 680 ordens de detenção administrativa, incluindo 312 novas.

No mês de Junho foram presos 615 palestinianos, revela o texto, destacando que Maio foi de longe o mês em que se registou um maior número de detenções na primeira metade deste ano.

Então, mês de massacre contra Gaza e de múltiplas provocações sionistas no Complexo da Mesquita de al-Aqsa e em Jerusalém Oriental ocupada, as forças israelitas prenderam 3100 palestinianos, incluindo 2000 nos territórios ocupados em 1948 (actual Estado de Israel) e 677 em Jerusalém Oriental ocupada, informa a WAFA.

Vários presos em greve de fome contra a detenção administrativa

De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, há actualmente nove presos em greve de fome nos cárceres israelitas como forma de protesto contra o regime de detenção administrativa que lhes foi aplicado.

A Comissão pediu às instâncias internacionais e regionais de defesa dos direitos humanos que pressionem as autoridades israelitas no sentido de acabar com os maus-tratos aos presos em greve de fome, que passam também pela sua reclusão na solitária.

Os presos palestinianos recorrem com frequência a esta forma de luta contra um regime de detenção ilegal, cujo fim exigem.

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Actualmente, revela o texto, 230 menores continuam atrás das grades. Três encontram-se presos ao abrigo do regime de detenção administrativa – sem acusações nem processo penal –, 102 foram condenados a várias penas de prisão e os restantes aguardam por julgamento.

O relatório denuncia que os menores palestinianos estão encarcerados em condições bastante severas nos centros penitenciários israelitas, onde são insultados, ameaçados e torturados, em violação das convenções internacionais de direitos humanos.

As autoridades israelitas – acusa o documento – aproveitaram a pandemia de Covid-19 como instrumento para reprimir e aterrorizar as crianças palestinianas nas cadeias, não lhes proporcionando medidas de protecção contra o vírus ou mantendo-as na «solitária» com o pretexto da quarentena.

As forças de ocupação prenderam no primeiro semestre deste ano mais de 5400 palestinianos, incluindo 854 menores e 107 mulheres, segundo um relatório divulgado em Julho pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, a Sociedade dos Presos Palestinianos, a Addameer e o Centro de Informação Wadi Hilweh.

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Para além de não ter cumprido com a sua palavra, apresentando-se em territórios que Israel ocupa militarmente, a sua visita configura uma «afronta total aos valores de tolerância religiosa e convivência pacífica, príncipios basilares dos estatutos da FIFA».

Também a Liga Árabe e a Organização para a Cooperação Islâmica condenaram a desconsideração que Gianni Infantino demonstrou pelo sofrimento de milhões de palestinianos a quem Israel nega o acesso aos mais básicos direitos humanos.

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A Alemanha e a Espanha gozam de alargado favoritismo, mas a qualidade dos japoneses, que há quatro anos alcançaram os oitavos-de-final, não deverá fazer descansar o conjunto germânico. Por outro lado, a Croácia terá que evitar a quebra que a final de 2018 lhes poderá ocasionar, frente a uma seleção marroquina que se pacificou com a troca de treinador e se prepara para chegar a este Mundial com uma conjugação de craques das principais equipas mundiais, como Hakimi, Mazraoui, Ziyech ou En-Nesyri.

Finalmente, o Canadá aproveita uma nova geração de jogadores de múltiplas ascendências para regressar ao principal palco mundial. Steven Vitória e Stephen Eustáquio são os luso-descendentes que vão a jogo perante uma Bélgica que terá aqui uma derradeira oportunidade, para uma geração de sonho, de conquistar um grande título internacional.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

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