|Minas de Neves-Corvo

Nova greve na Somincor no horizonte

Os trabalhadores da mina de Neves-Corvo, gerida pela Somincor, decidiram, em plenário geral, avançar com nova greve caso não recebam uma proposta da nova administração que resolva, até 29 de Janeiro, o conflito laboral na empresa.

CréditosNuno Veiga / Agência LUSA

A decisão foi tomada num plenário geral de trabalhadores da Somincor, empresa do grupo canadiano Lundin Mining e concessionária da mina de Neves-Corvo, no concelho de Castro Verde, distrito de Beja.

Em declarações à agência Lusa, Jacinto Anacleto, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM/CGTP-IN), afirmou que o plenário, constituído em quatro reuniões na empresa, foi convocado após a reunião que decorreu na quarta-feira entre o STIM e o novo administrador-delegado da Somincor, Kenneth Norris.

Segundo o dirigente sindical, Kenneth disse que, «até dia 16 de fevereiro, vai apresentar uma proposta [ao sindicato] para resolver o conflito» laboral com os trabalhadores.

No plenário, os trabalhadores decidiram «dar o benefício da dúvida» ao novo administrador-delegado e esperar pela proposta até dia 29 deste mês e não até dia 16 de Fevereiro, explicou Jacinto Anacleto.

Os trabalhadores decidiram também «avançar para uma nova greve, com datas ainda a definir», caso o novo administrador-delegado não apresente uma proposta até lá, acrescentou. Caso seja apresentada, haverá um novo plenário para os trabalhadores avaliarem e decidirem se a aceitam ou rejeitam e o que irão fazer a seguir.

Braço de ferro dura há meses

Depois das greves em 2017 – realizadas de 3 a 7 de Outubro, de 6 a 11 de Novembro, com deslocação ao Ministério do Trabalho no dia 10, e de 22, 27 e 29 de Dezembro –, o conflito entre a Somincor e os trabalhadores persiste.


As referidas greves destacaram-se pela grande adesão dos trabalhadores, levando à paragem na extração e produção de minério na mina, mas também pela resposta intransigente da administração, que reprimiu  duramente os trabalhadores com ameaças de despedimento, não pagamento, e até recorrendo à GNR para intervir dentro da empresa.

Os trabalhadores reivindicam o fim do regime de laboração contínua no fundo da mina, a «humanização» dos horários de trabalho, a antecipação da idade da reforma para os funcionários das lavarias, a progressão nas carreiras, a revogação das alterações unilaterais na política de prémios e o «fim da pressão e da repressão sobre os trabalhadores».

Kenneth Norris, actual administrador-delegado da Somincor pelo grupo Lundin Mining, dono da empresa, foi nomeado na passada segunda-feira após o pedido de demissão apresentado no dia 3 pelo então presidente do conselho de administração, Michael James Welch.

Jacinto Anacleto afirmou que «a Somincor, num comunicado enviado ao STIM, não revela quais foram os motivos que levaram à demissão» de Michael James Welch. No entanto, «o STIM não vê outro motivo para a demissão que não seja o conflito laboral provocado pelo desrespeito aos trabalhadores e às suas propostas. 

Com agência Lusa

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