Os protestos dos trabalhadores da Randstad marcaram já o ano de 2016, altura em que alguns conseguiram um aumento mensal de um euro – com a empresa a apelar à «razoabilidade» dos funcionários. Em 2017, não se verificou qualquer evolução salarial, mesmo apesar de a sua cliente (EDP) ter registado lucros de 250 milhões de euros, no primeiro semestre.
A greve tem sido a arma de luta dos trabalhadores perante a administração, que se tem recusado a negociar. A última paralisação aconteceu nos dias 7 e 8 de Dezembro. Anna Romão, do Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas (SIESI/CGTP-IN), considera a adesão, na ordem dos 85%, «bastante positiva», com trabalhadores a «fazer meio dia de greve devido ao esforço de vários dias programados e de os salários serem tão baixos».
Entretanto, mantém-se a expectativa relativamente à reunião do dia 14. A trabalhadora da Randstad e dirigente do SIESI afirma que, ao longo deste ano, a empresa «não negociou nada», tendo-se «limitado a informar, numa reunião realizada em Setembro, que apenas aumentaria o subsídio de alimentação para 2018 em 50 cêntimos».
Os trabalhadores não se conformam com o que chamam de «falta de respeito». «Agem como se não precisassem dos trabalhadores, como se fôssemos descartáveis» mas, acrescenta Anna Romão, «no fim-de-semana sabem chamar-nos para dar resposta à necessidade urgente da EDP devido à tempestade, sem sequer respeitar o período de descanso legal». «Houve trabalhadores a sair às 23h e mais tarde para hoje entrarem hoje às 8h», revela.
«Exigimos respeito»
Foi nos plenários realizados entre os dias 20 e 23 de Novembro que os trabalhadores aprovaram a realização de quatro dias de greve em Dezembro (7 e 8, 25 e 26) e os dois primeiros de Janeiro de 2018 (entre as 0h do primeiro dia de greve e a 1h do segundo dia de greve, para quem é escalado a trabalhar no feriado de forma a abranger todos os turnos).
Em causa, o respeito pelos funcionários e a exigência de negociação e diálogo com a empresa sobre as matérias dos cadernos reivindicativos apresentados anualmente. Os trabalhadores reclamam o direito à greve, ao mesmo tempo que repudiam a «coacção e assédio» antes ou depois da realização do protesto.
«O aliciar de trabalhadores com prémios para não realizarem e participarem na greve ou o premiar de quem não faz greve, constituem ilegalidades», denuncia o SIESI num comunicado.
Para acabar com o clima de «instabilidade», em matéria de férias propõem o que a lei estipula, ou seja, a afixação de um mapa com as datas confirmadas a 15 de Abril de cada ano e «não mensalmente, à lei do "capataz"». Entre outros aspectos, exigem a reposição do pagamento em regime de trabalho suplementar para os trabalhadores que sofreram corte do pagamento da prestação em dias de feriado e o fim da «tentativa de extinção/deslocalização de postos de trabalho».
O sindicato insiste que acções como esta «inscrevem-se numa estratégia de recurso a empresas de prestação de serviços, com o único objectivo de, através da precarização dos postos e condições de trabalho dos trabalhadores que prestam um serviço imprescindível à actividade e obrigações das empresas que a elas recorrem (EDP, Vodafone, PT/MEO, NOS, Nestlé, L'Oreal, etc.), aumentarem os seus lucros em milhões».
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