Em comunicado de imprensa, o Sindicato da Hotelaria do Norte (CGTP-IN) afirma que o acto de repressão patronal, com a cumplicidade dos agentes da PSP, decorreu na quarta-feira passada momentos após o trabalhador se ter apresentado ao serviço durante a manhã.
Em declarações ao AbrilAbril, Francisco Figueiredo, coordenador do Sindicato da Hotelaria do Norte, afirmou estar em causa o facto de o trabalhador imigrante ser também delegado sindical, tendo sublinhado que o incidente ocorreu «um dia após os trabalhadores do restaurante terem realizado dois dias de greve para exigir o pagamento pontual dos salários».
Segundo o dirigente sindical, o trabalhador apresentou-se de manhã ao serviço mas logo «um desconhecido, alegadamente representante do patrão, tentou impedi-lo de entrar». Porém, como o trabalhador «exigiu a ordem por escrito» e esta não lhe foi apresentada, entrou e recusou abandonar o posto de trabalho.
Em resposta, afirmou Francisco Figueiredo, a entidade patronal chamou a PSP e os agentes compareceram no local algum tempo depois, tendo estes ordenado a saída do trabalhador das instalações. No fim, «depois de o terem identificado, iam para deixá-lo retomar o serviço, altura em que o patrão compareceu a rir-se e a exigir que a PSP o levasse para a esquadra», denunciou Francisco Figueiredo.
«Depois de ele ter assinado uma declaração para a PSP, dizendo que não o queria mais ao serviço, os agentes disseram ao trabalhador que o iam ajudar, que o iam levar à ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho). Porém, mal entrou no carro patrulha, foi levado para a esquadra e ficou retido lá duas horas», acrescentou.
Actuação dos agentes da PSP foi «estranha»
Por outro lado, classificando a actuação da PSP como «inaceitável», o coordenador do sindicato considerou «estranha» a forma como os agentes actuaram, sobretudo o facto de terem levado um trabalhador que estava em horário de trabalho para a esquadra.
«Refira-se que anteontem o piquete de greve chamou a PSP ao estabelecimento, por estar a trabalhar uma trabalhadora que não pertence à empresa, e que tal conduta do patrão configura a prática de um crime. Porém, a PSP não compareceu no local durante toda a tarde e agora não demorou sequer uma hora, e os agentes que lá foram não são sequer da esquadra mais próxima», frisou Francisco Figueiredo.
Segundo o dirigente, o trabalhador em causa está em Portugal há mais de um ano e trabalha no restaurante desde Fevereiro de 2018. Inicialmente de forma irregular, após muita pressão e várias denúncias à ACT e à Segurança Social, «o patrão deu-lhe um contrato para assinar, como fez, aliás, aos demais trabalhadores imigrantes».
Para Francisco Figueiredo, a atitude do patrão é «deplorável», tendo denunciado que, no sector, «é habitual o patronato aproveitar-se dos imigrantes para os explorar e depois, para os calar quando estes reclamam os seus direitos, ameaça-os com a PSP, o SEF e a expulsão do País».
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