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Sitava critica escolha da Boston Consulting Group para assessorar TAP

O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) considera «deplorável» e «insultuoso» que a TAP tenha escolhido a consultora para assessorar o plano de reestruturação da companhia aérea.

O Sitava queixa-se de serem impostas cada vez mais restrições ao direito à greve
CréditosJosé Manuel / CC BY-SA 4.0

Em causa está o anúncio, na semana passada, da Boston Consulting Group (BCG) como a consultora escolhida para apoiar na elaboração do plano de reestruturação imposto pela Comissão Europeia como condição para os 1200 milhões de euros de recursos públicos que vão ser injectados na TAP.

«O anúncio por parte do Conselho de Administração de que a "escolha" da consultora para assessorar o plano de recuperação da TAP tinha recaído sobre a BCG trouxe-nos imediatamente à memória tempos passados, mas não muito, quando esta mesma consultora foi também contratada para elaborar um outro estudo que acabou por ficar famoso», defende o sindicato, em comunicado, referindo-se ao projecto RISE, que «primeiro não era para aplicar, mas depois foi sendo paulatinamente aplicado e a TAP foi sendo descaracterizada».

O Sitava diz também que, no âmbito daquele projecto, foram contratados 18 trabalhadores, «à revelia da Direcção de Recursos Humanos», dos quais 15 não viram os seus contratos renovados.

De acordo com o sindicato, quatro destes 15 trabalhadores foram agora contratados pela BCG e já apresentados aos ex-colegas para fazerem a reestruturação da TAP.

«Que credibilidade vai ter o trabalho desta espécie de consultora? Isto até pode ser tudo legal, mas do ponto de vista ético é, no mínimo, deplorável e até insultuoso», considera o Sitava.

O sindicato relembra ainda uma notícia do Jornal de Negócios, de 2008, que dava conta de dois estudos sobre o Aeroporto Sá Carneiro, no Porto, encomendados à BCG, que produziram «conclusões diametralmente opostas», para se ajustarem aos «desejos de quem os encomendou (a ANA Aeroportos, por um lado, e um grupo de empresas do norte liderado pela Sonae, por outro)».

Em 2016, o Sitava já tinha demonstrado o seu desagrado relativamente a um estudo pedido pela companhia aérea à BCG, que considerava um «plano de destruição da TAP».

«Com o conhecimento destes factos, torna-se cada vez mais estranho e incompreensível que o Governo, que assumiu compromissos com o País em relação à privatização da TAP [reversão da privatização da TAP formalizada em Novembro de 2015], se coloque numa posição de assobiar para o lado, alienando a responsabilidade de accionista maioritário, podendo comprometer irremediavelmente, o futuro da empresa e o interesse nacional», apontava, na altura, o sindicato.

No comunicado divulgado esta terça-feira, o Sitava frisa ainda que a TAP precisa «de uma nova direcção que reorganize e coloque os aviões a voar», afirmando ser «completamente incompreensível que as companhias estrageiras tenham uma presença mais forte nos aeroportos nacionais que a própria TAP». 

Com agência Lusa

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