Os dados foram avançados numa tribuna pública realizada esta manhã na estação do Cais do Sodré, promovida pela Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN), em conjunto com vários sindicatos e comissões de trabalhadores das empresas públicas do sector.
Na tribuna pública, na qual intervieram trabalhadores e dirigentes sindicais sobre os problemas nos seus locais de trabalho, estiveram ainda colocados vários placares informativos a alertar para a degradação contínua dos meios humanos e materiais no sector público de transportes na última década.
José Manuel Oliveira, coordenador da Fectrans, explicou ao AbrilAbril que «a falta de pessoal é um problema central com que temos sido confrontados nas empresas de transportes», o que dificulta a manutenção e reparação dos comboios, navios e infraestruturas, bem como a operacionalidade diária.
Segundo os dados apresentados, entre 2004 e 2018 as empresas CP, EMEF, Infraestruturas de Portugal, Metropolitano de Lisboa, Soflusa e Transtejo perderam um total de 4823 trabalhadores, o que representa uma diminuição de 35% dos quadros de efectivos das empresas públicas de transporte.
«Isto é um problema de fundo que não se resolve com medidas pontuais de admissão de meia dúzia de trabalhadores aqui e 50 acolá, é preciso que haja um plano para ser aplicado a curto prazo e que solucione a sangria de pessoal que houve em 15 anos, para repor a capacidade de resposta destas empresas ao nível da procura que aumentou», frisou José Manuel Oliveira.
Trabalhadores e utentes deslocam-se até São Bento a 17 de Julho
Segundo o dirigente, foi aprovada uma concentração de trabalhadores e de utentes junto à residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, às 17h de 17 de Julho, porque «é tempo de pararem com as desculpas e contratarem os trabalhadores em falta para que se possa assegurar o serviço público que os utentes precisam».
Na resolução aprovada no fim da tribuna, as estruturas representativas dos trabalhadores afirmam que a actual situação nos transportes é fruto das políticas promovidas por sucessivos governos do PS, PSD e CDS-PP, que, «em vez de ampliarem o serviço público de transportes, centraram-se no objectivo de entregar estas importantes ferramentas [...] aos grupos privados para transformarem em negócio aquilo que deve ser público»
«O resultado foi uma diminuição da oferta do serviço público e a degradação do serviço prestado aos utentes, assim como se verifica um acréscimo de trabalho», sublinham as estruturas, que apontam não ser possível «assegurar a actual oferta sem recurso ao trabalho extraordinário que já ultrapassou há muito os limites legais».
É ainda realçado que o alargamento do passe social intermodal foi uma «medida de enorme importância» para se inverter o padrão de mobilidade existente. Todavia, como o Governo não tomou medidas prévias para reforçar os serviços, o «natural aumento da procura tornou evidente a insuficiente oferta e a incapacidade» que já existia.
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