|Refinaria da Petrogal

Um ano após o encerramento, o balanço só pode ser negativo

«Poucos argumentos haverá para não reverter o encerramento da Refinaria da Petrogal do Porto, necessária tanto para a empresa como para o País», considera a Comissão Central de Trabalhadores da Petrogal.

CréditosEstela Silva / Agência Lusa

É difícil encontrar alguma coisa positiva por entre todas as consequências directas do encerramento da Refinaria do Porto, em Matosinhos, há exactamente um ano. E a primeira foi logo o despedimento de centenas de trabalhadores da empresa, «empurrados para o desemprego com alegadas rescisões por mútuo acordo ou em forma de despedimento colectivo». 

Em comunicado, enviado ao AbrilAbril, a Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal relembra ainda que outros «milhares de trabalhadores de empresas prestadoras de serviço ficaram desempregados», atirando centenas de família para uma situação extremamente precária.

|

Trabalhadores não aceitam despedimento colectivo em Matosinhos

Os trabalhadores da refinaria de Matosinhos garantem que vão lutar «até ao fim» pelos postos de trabalho e enfrentar o despedimento colectivo, decidido pela Galp, depois de concentrar a operação em Sines.

Trabalhadores da Petrogal (Grupo Galp) manifestaram-se, em frente à sede da empresa e junto à residência oficial do primeiro-ministro, contra a decisão de encerrar a refinaria de Matosinhos. Lisboa, 2 de Fevereiro de 2021. Contestam o argumento da transição energética para o encerramento das instalações, que exigem sejam transformadas numa refinaria de biocombustíveis
CréditosMÁRIO CRUZ / LUSA

«Fomos [comissão de trabalhadores] mandatados para levar a cabo qualquer iniciativa na defesa intransigente dos postos de trabalho», revelou à Lusa o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Norte (SITE Norte/CGTP-IN), Telmo Silva.

O sindicalista falava no final de um plenário de trabalhadores que decorreu esta segunda-feira nas instalações da refinaria em Matosinhos, no distrito do Porto.

A Galp decidiu concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos, dando início a um despedimento colectivo de cerca de 150 trabalhadores.

A petrolífera justificou a «decisão complexa» de encerramento da refinaria de Matosinhos com base numa avaliação do contexto europeu e mundial da refinação, bem como nos desafios de sustentabilidade, a que se juntaram as características das instalações.

«Querem tirar-nos tudo, mas nós não baixamos os braços e vamos continuar a lutar até ser possível», garantiu Telmo Silva.

O sindicalista contou que, na semana passada, terminaram as conversas com o Ministério do Trabalho, onde ficou claro que a «intenção» da Galp é o despedimento colectivo. «Ao fim de quatro reuniões, a empresa mostrou nunca querer negociar, rejeitando todas as soluções apresentadas», vincou.

Telmo Silva adiantou que vão reunir hoje com o ministro do Ambiente, em Lisboa, para exigirem uma solução para os trabalhadores.

|

Consumado crime contra interesses nacionais

Desde o anúncio do encerramento da refinaria, em Dezembro passado, a luta dos trabalhadores tem mostrado que se está a assistir à destruição do aparelho produtivo nacional e ao aumento da dependência externa.

Trabalhadores da Petrogal reúnem-se nas instalações da empresa para participar no plenário convocado para debater a decisão da Galp de encerrar definitivamente a refinaria de Leça da Palmeira, em Matosinhos, a 30 de Dezembro de 2020. Estão em causa 500 postos de trabalho directos e mais de mil em regime de prestação de serviços, além das micro, pequenas e médias empresas que produzem bens e serviços para a Petrogal
CréditosEstela Silva / Agência Lusa

A administração da Galp consumou, esta sexta-feira, o encerramento da refinaria de Matosinhos com a paragem da laboração. O País passará, a partir de hoje, a importar o alcatrão necessário para as suas estradas, bem como os óleos base, as ceras e os aromáticos.

O Governo, a Galp e a União Europeia têm alimentado a ilusão de que esta decisão serve objectivos ambientais. No entanto, o facto de o País passar a importar o que hoje produz não altera em nada a emissão global de gases com efeito de estufa. Pelo contrário, esta decisão contribuirá para aumentar a produção desses gases pelo acréscimo da necessidade de transporte de um vasto conjunto de mercadorias.

A Galp, à boleia da pandemia, tomou a decisão de encerrar a sua refinaria de Matosinhos, cuja consequência é o despedimento directo de mais de 400 trabalhadores e indirecto de cerca de outros mil, referentes a empresas que operam para a refinaria. Uma opção que não resulta nem da defesa do interesse nacional nem do facto de a empresa estar a perder dinheiro, mas sim dos interesses dos seus accionistas, que pretendem fazer outros investimentos mais lucrativos.

A não ser travada, esta opção levará à concretização de novas medidas de destruição da capacidade produtiva nacional, capacidade que tem sido defendida pelos que lutam em defesa dos seus postos de trabalho.

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

O ajustamento operacional traduziu-se na suspensão, desde 10 de Outubro, da produção de combustíveis em Matosinhos e na altura a Galp garantia que o encerramento não teria impacto nos trabalhadores.

A consequência desta decisão é o despedimento directo de cerca de 500 trabalhadores e indirecto de outros mil, referentes a empresas que operam para a refinaria. Uma opção que não resulta nem da defesa do interesse nacional nem do facto de a empresa estar a perder dinheiro, mas sim dos interesses dos seus accionistas, que pretendem fazer outros investimentos mais lucrativos.

Para este encerramento, Governo e Galp alegam a necessidade de reduzir as emissões de CO2. No entanto, tal não acontecerá se se verificar apenas uma deslocalização da produção, por exemplo para a refinaria da Repsol na Corunha, ligada por um pipeline até à fronteira portuguesa. De outro modo, terá mesmo um efeito contraproducente face à necessidade da utilização de transporte pesado de mercadorias para trazer o combustível.

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

Desde o encerramento, a Galp já importou «centenas de toneladas de produtos petrolíferos», havendo já mesmo estações de serviço da Repsol a ser abastecidas «directamente a partir de Espanha, via camião-cisterna». «Mais de 20 produtos muito relevantes para a indústria nacional deixaram de ser produzidos em Portugal, apesar da sua valorização vertiginosa neste ano».

Mesmo em termos ambientais, não fica comprovada a ideia de que Portugal beneficiaria em termos ambientais. «A Refinaria do Porto era das mais eficientes em termos energéticos, logo em emissões de CO2 e o seu encerramento pouco ou nada determinou», como fica comprovado pela avaliação da Agência Internacional de Energia, de 2021: «as emissões terão um aumento record de 5% e deverão atingir os valores pré-pandemia do ano de 2019», anterior ao encerramente desta unidade.

Os trabalhadores lamentam que o Primeiro-Ministro tenha decidido remeter-se ao silêncio que já tinha mantido durante os nove meses de total conivência com a administração da empresa, «após um episódio de histerismo eleitoralista», que rapidamente passou. Em Dezembro de 2021, «a questão essencial para a CCT da Petrogal continua a ser a salvaguarda de todos os postos de trabalho, mesmo aqueles já despedidos e que devem ser reintegrados».

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui