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«Acordo do Século visa normalizar a ocupação da Palestina», alerta OLP

Ashrawi afirmou esta quinta-feira que os planos económicos estarão destinados ao fracasso até que as partes lidem com as verdadeiras causas do conflito: a ocupação dos territórios palestinianos por Israel.

Palestinianos protestam, na Cisjordânia, contra o chamado «Acordo do Século»
Créditos / France 24

Numa conferência de imprensa que deu em Ramallah (Margem Ocidental ocupada), Hanan Ashrawi, membro da Comissão Executiva da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), sublinhou que, tal como soluções de cariz semelhante antes avançadas, o plano económico norte-americano apresentado por Jared Kushner, conselheiro do presidente dos EUA, Donald Trump, na conferência «Paz e Prosperidade» na capital do Bahrein, Manamá, está condenado ao fracasso, informou a agência palestiana WAFA.

«Planos de paz económicos foram apresentados repetidamente e falharam, e vai voltar a acontecer o mesmo ao que está a ser apresentado, reciclado», afirmou Ashrawi, acrescentando: «É um insulto à nossa inteligência.»

A dirigente política palestiniana destacou que qualquer plano económico irá falhar até que as partes enfrentem, primeiro, as verdadeiras causas do conflito, que, no seu entender, são a ocupação dos territórios palestinianos por Israel.

«Os EUA estão a pôr a carroça à frente dos bois ao sugerir que um plano económico irá conduzir a uma solução política», disse, vincando a noção de que estes planos «são muitas vezes destrutivos, na medida em que impedem que qualquer iniciativa política seja apresentada ou tenha êxito, ao mesmo tempo que redesenham a ocupação e a legalizam».


A dirigente da OLP acusou os EUA de, com o chamado «Acordo do Século», cuja parte económica foi apresentada na conferência de Manamá na terça e na quarta-feira, «pretenderem normalizar a ocupação dos territórios palestinianos, integrando ali os colonos». «Estão a premiar Israel e a punir os palestinianos», denunciou.

Ashrawi mostrou-se irónica face à «preocupação», por parte dos EUA, com o bem-estar e a prosperidade dos palestinianos. «Porque é que eles estão a retirar fundos à UNRWA [a agência da ONU para os refugiados palestinianos no Médio Oriente]? Porque é que eles fazem das escolas, hospitais, infra-estruturas palestinianas um alvo e agora afirmam que querem garantir a prosperidade económica aos palestinianos?», perguntou.

Milhares de palestinianos nas ruas contra o «plano de paz» dos EUA

Na terça e na quarta-feira, milhares de palestinianos protestaram na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza cercada contra o lançamento do «plano de paz» da administração norte-americana para o Médio Oriente, apresentado nesses dias na capital do Bahrein.

De acordo com o plano «Paz para a Prosperidade», os EUA propõem-se investir 50 mil milhões de dólares nos territórios palestinianos ocupados e nos países árabes vizinhos ao longo de dez anos, a troco de «absorverem a população palestiniana refugiada». Já a apresentação da parte política do plano tem vindo a ser adiada, estando agora prevista agora para depois das eleições israelitas, em Setembro.

No Líbano, representantes de todas as organizações políticas palestinianas concentraram-se, esta quinta-feira, frente à embaixada, em Beirute, para repudiar o chamado «Acordo do Século», indica a Prensa Latina.

De forma unida, os participantes posicionaram-se contra as ameaças recentes da Casa Branca, incluindo a decisão de Trump de declarar Jerusalém capital de Israel, de mudar a embaixada dos EUA de Telavive para Jerusalém e de cortar o financiamento à UNRWA.

De acordo com os participantes na mobilização, o plano de paz para o Médio Oriente é agora «o maior perigo para os refugiados palestinianos».

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