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Agricultores indianos mantêm-se firmes na defesa do sector

Terminou num impasse a sétima ronda de negociações entre governo e mais de 40 sindicatos de agricultores, que protestam contra a nova legislação que os deixa à mercê dos grandes grupos económicos.

Agricultores indianos participam numa mobilização em Vijayawada (estado de Andra Pradesh) para exigir a revogação da legislação que, denunciam, destrói o sector e o seu sustento
Créditos / AIKS

O encontro desta segunda-feira entre representantes dos agricultores e o ministro indiano da Agricultura, Narendra Singh Tomar, não foi conclusivo, nem permitiu tomar decisões, tal como o próprio ministro reconheceu em declarações à imprensa.

O membro do governo mostrou-se, no entanto, confiante de que possa haver uma «solução» numa próxima reunião, já marcada para dia 8. Antes, a Frente Unida dos Agricultores que integra as várias organizações representativas do sector (Samyukta Kisan Morcha) anunciou que, caso o governo de Narendra Modi não recue nas medidas aprovadas em Setembro, irá realizar uma marcha nacional em Déli no Dia da República, 26 de Janeiro, informa o Peoples Dispatch.

O início do protesto dos agricultores indianos coincidiu com a greve geral do passado dia 26 de Novembro, que, segundo os organizadores, teve uma participação de mais de 250 milhões de trabalhadores, em protesto contra legislação laboral e agrícola gravosa, bem como contra a privatização do sector público.

Nem o intenso calor a Sul, nem o frio e a chuva intensa em Déli, nem a forte repressão policial demoveram os trabalhadores agrícolas, que estão concentrados em tendas nos limites da capital e têm levado a cabo acções por todo o país.

Entre outras coisas, os agricultores em luta rejeitam o fim do preço mínimo garantido, as ameaças à segurança alimentar do país, a destruição da pequena agricultura pelo agronegócio.


Hannan Mollah, militante do Partido Comunista da Índia (Marxista) e secretário-geral do Sindicato dos Agricultores de Toda a Índia (All India Kisan Sabha), sublinhou que as manifestações não vão parar até que as normas gravosas sejam retiradas.

Ontem mesmo, milhares de agricultores, trabalhadores do campo e de outros sectores participaram numa marcha de tractores e motorizadas em Vijayawada, no estado de Andhra Pradesh, para exigir o fim das políticas gravosas do governo de Modi contra o campo indiano, que, segundo as organizações promotoras, vão desregular os mercados e deixar os agricultores ainda mais na miséria.

A luta dos agricultores tem sido louvada por vários partidos de esquerda e progressistas – incluindo o Partido Comunista da Índia (Marxista), o Partido Comunista da Índia, o Partido Comunista da Índia (Marxista-Leninista) –, que destacam a resposta sem precedentes, em todo o país, à recusa do governo de revogar a legislação.

Em Dezembro, uma delegação dos mais de 20 partidos que apoiaram a greve nacional de dia 8 entregou ao presidente da Índia, Ram Nath Kovind, um documento em que declararam a sua «solidariedade à luta histórica em curso do campesinato indiano» e exigiram a revogação da «legislação retrógrada» aprovada no «Parlamento de forma anti-democrática, impedindo uma discussão estruturada e votação», e que «destrói a agricultura indiana e os nossos agricultores».

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