A entrevista, publicada no portal asiatimes.com, centra-se no papel que a China assume para «salvar» a Venezuela, entre outros países, do bullying exercido pelos Estados Unidos.
Em Setembro de 2018, o presidente da Venezuela visitou a China, onde se encontrou com o seu homólogo, Xi Jinping, tendo os governos dos dois países firmado uma série de acordos em diversas áreas.
Se o foco da imprensa internacional se centrou no petróleo e na ajuda da China à Venezuela, o jornalista destaca que as ligações «vão mais além», incluindo a área social e o bem-estar da população. Entre os acordos subscritos em 2018 estava a participação da China na construção de 13 mil habitações na zona de El Valle, em Caracas, em articulação com o projecto Grande Missão Habitação Venezuela.
Isso mesmo foi sublinhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Jorge Arreaza, na conversa que manteve com Vijay Prashad. E, tal como esse, muitos outros projectos de carácter social foram concretizados graças ao investimento chinês. O país asiático, disse Arreaza, «foi importante para garantir a soberania da Venezuela, uma vez que as agressões norte-americanas aumentaram ao longo dos anos».
Durante a pandemia, os Estados Unidos exerceram ainda mais pressão sobre a Venezuela, mas a ajuda da China não falhou: toneladas de equipamentos, kits de teste, ventiladores, medicamentos e equipamento de protecção individual vieram da China para ajudar a Venezuela a lidar com a Covid-19.
Ao jornal mexicano El Universal, o embaixador da China em Caracas, Li Baorong, disse que o seu país apoiava fortemente «os esforços realizados pelo governo venezuelano para garantir a saúde e salvar vidas, apesar das sanções unilaterais mais severas e criminosas».
Comércio prossegue, mesmo com as medidas punitivas
Arreaza ressaltou o facto de a China ter quase sempre ignorado o cerco financeiro imposto por Washington a Caracas. «Quando a China declara que irá continuar a negociar com a Venezuela», disse o diplomata, «está a opor-se à ilegalidade das medidas coercivas que os Estados Unidos impõem à Venezuela.»
A administração norte-americana «chegou ao ponto de levar a cabo acções modernas de pirataria, parando barcos em alto mar e roubando a carga que tinha sido paga pelo povo venezuelano», afirmou Arreaza, para mostrar a dimensão dos «crimes» cometidos contra o seu país, no caso, procurando impedi-lo de ter acesso ao combustível.
Jorge Arreaza deixou claro que as empresas norte-americanas são bem-vindas ao seu país, mas advertindo que os EUA «não têm o direito» de impedir a Venezuela «de negociar e fazer parcerias com quem considera mais benéfico» para os seus interesses.
Sobre as pressões recentes do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, exercidas sobre países da região para que não celebrem acordos comerciais com a China, o diplomata disse que «o colonialismo está fora de prazo na região» e explicou a Prashad que este modelo de relações se opõe ao da China, que «negoceia com países sem interferir nos seus assuntos internos».
Porque respeita as decisões soberanas de um país, «a China mostrou que é um parceiro de confiança para a região e pode continuar a desempenhar um papel chave no nosso desenvolvimento durante muitos anos», frisou Arreaza.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui