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Assinalado em Cuba o Dia em Memória do Tráfico de Escravos

A União Nacional de Escritores e Artistas de Cuba e a sua Comissão José Antonio Aponte reafirmaram o apoio ao Programa contra o Racismo na Ilha e homenagearam o general afrodescendente Quintín Bandera.

Homenagem em Havana a Quintín Bandera, afrodescendente cubano, nascido em Santiago de Cuba, general do Exército Libertador que participou nas três guerras de independência da Ilha 
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No Dia Internacional em Memória do Tráfico de Escravos e da sua Abolição (23 de Agosto), representantes da vanguarda artística cubana evocaram o chamado «general das três guerras», Quintín Bandera, que foi assassinado pela guarda rural há 115 anos, em 1906.

A União Nacional de Escritores e Artistas de Cuba (Uneac), que acabou de celebrar 60 anos de existência, evocou a sua firme posição política contra a base naval dos Estados Unidos em Guantánamo e a Emenda Platt – apêndice votado em 1901 pelo Congresso norte-americano e anexado à Constituição de Cuba –, bem como a sua defesa dos trabalhadores, acções que «lhe valeram o respeito do povo».

O tributo ao general de divisão do Exército Libertador José Quintino Bandera Betancourt (seu nome completo) ocorreu na rede social Twitter e também junto ao monumento existente no Parque Trillo, em Havana, com a presença dos seus descendentes, do presidente da Uneac, Luis Morlote, e do da Comissão Aponte, Pedro de la Hoz, noticia a Prensa Latina.

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Migrantes e refugiados passam por «horrores inimagináveis» ao atravessar a Líbia

Um relatório da ONU divulgado esta quinta-feira denuncia as «violações massivas de direitos humanos» dos migrantes e refugiados quando atravessam a Líbia em busca de uma vida melhor.

Um migrante num centro de detenção na Líbia, quando da visita de uma equipa da Unicef, em Fevereiro de 2017
CréditosRomenzi / Unicef

O relatório, publicado conjuntamente pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e pela Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (UNSMIL, na sigla em inglês), revela com detalhe uma série de «terríveis violações e abusos cometidos tanto por funcionários estatais como por grupos armados e traficantes de pessoas».

No resumo que antecede o documento propriamente dito – com 61 páginas e acessível apenas em inglês –, afirma-se que a investigação abarca um período de 20 meses até Agosto de 2018 e foi levada a cabo por funcionários das Nações Unidas especializados em direitos humanos, que entrevistaram mais de 1300 migrantes e refugiados na Líbia, na Nigéria e em Itália.

Com base nas entrevistas e também nas visitas efectuadas a centros de detenção na Líbia, os funcionários registaram os «horrores inimagináveis» por que passam os migrantes e refugiados «desde que entram em território líbio, durante o tempo que ali permanecem e – quando conseguem sobreviver – nas tentativas de atravessar o Mar Mediterrâneo».

Entre os «horrores referidos», contam-se casos de execução extrajudicial, torturas, detenções arbitrárias, violações em grupo, escravidão e trabalho forçado, denunciam ambos os organismos das Nações Unidas, sublinhando que «o clima de anarquia» que se vive actualmente no país africano é «terreno fértil para as actividades ilícitas, como o tráfico de pessoas e o contrabando».

«Aqueles que conseguem chegar à costa e, no final, tentam empreender a perigosa travessia do Mediterrâneo são interceptados de forma crescente pela Guarda Costeira da Líbia (GCL), que os leva de volta para a Líbia, onde muitos são novamente submetidos ao esquema de abusos de que acabaram de escapar», alerta o relatório.

Os cerca de 29 mil migrantes que a GCL obrigou a regressar ao país africano desde o início de 2017 foram transferidos para centros de detenção do Departamento de Combate à Migração Ilegal e, segundo refere o texto, milhares deles «continuam detidos indefinida e arbitrariamente, sem o devido processo, acesso a apoio legal ou a serviços consulares».

Neste sentido, as Nações Unidas lamentaram que a União Europeia e os seus estados-membros tenham mantido «uma política que visa reduzir a possibilidade de os migrantes e refugiados alcançarem as costas europeias», «contribuindo para que milhares de pessoas, desesperadas, fiquem presas na Líbia».


Ghassan Salamé, representante especial do secretário-geral da ONU e directora da UNSMIL, frisou que existe um «fracasso local e internacional na abordagem a esta calamidade humana escondida que continua a ter lugar na Líbia».

Por seu lado, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, destacou que «a situação é absolutamente horrorosa», e lembrou a necessidade de combater «a impunidade generalizada» para «acabar com o sofrimento de dezenas de milhares» de migrantes e refugiados, que «apenas procuram uma vida melhor».

Um país que «não é seguro», destruído pela NATO

As Nações Unidas consideram que a Líbia não é um «país seguro». Mais que isso, a Líbia é, desde a intervenção promovida em 2011 pelos EUA, a França, o Reino Unido e seus aliados contra o governo de Muammar Khadafi, um Estado falhado, destruído, onde diversos grupos armados passaram a lutar entre si pelo controlo de território e de recursos.

Em 2010, a Líbia era o país com maior Índice de Desenvolvimento Humano no continente africano, de acordo com dados das Nações Unidas. Com os seus imensos recursos aquíferos, petrolíferos e de gás a saque, a população das cidades líbias passou a sofrer de escassez de água, cortes de luz e falta de instalações médicas.

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Durante a homenagem, que incluiu uma oferenda de flores, a organização dos escritores e artistas cubanos reafirmou o seu apoio ao trabalho do Programa Nacional contra o Racismo e a Discriminação Racial, e vincou a presença e a marca no país daqueles que foram trazidos de África.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o dia 23 de Agosto evoca o aniversário da insurreição, em 1791, dos homens e mulheres submetidos à escravidão em Saint-Domingue, colónia francesa na parte ocidental da Ilha Hispaniola.

O organismo internacional afirma que a revolta, ocorrida no actual Haiti, representa «uma reivindicação universal de liberdade» e um «apelo à humanidade, sem distinção de origem ou de religião».

A Unesco sublinha ainda a importância de conhecer a história, de modo a «pôr em destaque a luta contra todas as formas de opressão e racismo que existem ainda hoje».

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