As manifestações de protesto, que já se vinham a sentir desde quarta-feira, cresceram em intensidade esta madrugada, tendo em conta a demora na divulgação dos resultados das eleições presidenciais, realizadas no domingo passado, e as suspeitas crescentes de «fraude e manipulação» no processo de escrutínio – para favorecer o actual presidente e candidato pelo Partido Nacional, Juan Orlando Hernández, conhecido pela sigla «JOH».
Apesar de terem ocorrido em vários pontos do país, os protestos desta madrugada foram mais fortes em Tegucigalpa, a capital, com barricadas e pneus queimados nas ruas.
A polícia reprimiu os manifestantes de forma violenta, recorrendo a gás lacrimogéneo e a fogo real, segundo indicam a Prensa Latina e a TeleSur. Ao início da manhã, registavam-se pelo menos duas dezenas de feridos, alguns dos quais com gravidade.
A demora na divulgação dos resultados e o facto de o candidato da Aliança da Oposição contra a Ditadura, Salvador Nasralla, ter surgido atrás na contagem dos votos depois de o sistema informático do STE ter ido abaixo lançaram fortes suspeitas sobre o processo de escrutínio.
Nasralla acusou o STE de ter manipulado os dados para favorecer Orlando Hernández, afirmando que, durante o «apagão», deram entrada na contagem eleitoral «actas manipuladas, não assinadas», e que existem mais de 5000 cujos resultados não foram contabilizados. Por isso, classificou o STE como uma instituição «corrupta e ao serviço do actual presidente».
Enquanto nas ruas aumenta o grito «Fora JOH, fora JOH!» (sigla do actual presidente e candidato à reeleição pelo Partido Nacional), Salvador Nasralla exige ao STE que encontre uma solução para a situação criada.
O presidente do STE, David Matamoros, anunciou ontem que o processo ordinário de escrutínio estava concluído, mas que ainda faltava um «escrutínio especial» – cuja existência decorre da necessidade de verificar actas que estão mal preenchidas.
O responsável pelo STE chegou a ponderar a hipótese de hoje se anunciar os resultados finais das eleições presidenciais, muito questionadas desde a sua realização.
De acordo com a TeleSur, não é plausível que os resultados sejam divulgados em menos de dois dias. Entretanto, a tensão cresce e novas mobilizações estão já agendadas.
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