Num contexto de múltiplas manifestações e bloqueios de estradas por toda a França, a central sindical pediu aos seus activistas, num comunicado ontem emitido, que apoiem a luta dos agricultores, que se mobilizam, nomeadamente, para denunciar os seus baixos rendimentos.
No documento, sublinha-se que «as desigualdades são enormes na agricultura, com 80% da ajuda a ser recebida por 20% dos agricultores». Neste sentido, a CGT pede aos seus filiados que, sempre que possível, criem as condições que permitam a convergência das reivindicações dos operários, dos trabalhadores agrícolas e dos agricultores.
A estrutura sindical explica que, tal como os trabalhadores, cada vez mais agricultores não conseguem viver do seu trabalho, ao mesmo tempo que os preços dos alimentos explodem.
Em seu entender, isto deve-se ao facto de a riqueza ser capturada pelas multinacionais agroalimentares e pela grande distribuição, cujas margens de lucro atingem recordes. «Os trabalhadores da agricultura, da indústria agroalimentar, do comércio, dos transportes e da logística não vêem a cor destes lucros», denuncia.
Ao invés – explica –, «a corrida ao gigantismo, o desenvolvimento de explorações agrícolas industriais e de mega-matadouros estão a eliminar postos de trabalho e a degradar ainda mais as condições de trabalho de uma força de trabalho ultra-precária».
Alertando para a desregulamentação do mercado a nível europeu e o consequente favorecimento da especulação nas matérias-primas e no agronegócio, a CGT afirma que os agricultores são os primeiros a sofrer prejuízos com a falta de apoio à transição ambiental, e salienta que todo o modelo agrícola deve ser repensado, de modo a produzir bem e a permitir que os agricultores possam viver bem do seu trabalho.
Federação dos Sindicatos de Agricultores exige respostas imediatas sobre remunerações
O movimento de contestação tem vindo a crescer desde o seu início, há cerca de uma semana, com tractores a bloquearem estradas e autoestradas, e com acções em dezenas de departamentos.
De acordo com a Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores de França (FNSEA), o movimento de protesto dos agricultores deve fazer sentir-se hoje em 85 dos 96 departamentos do país (no hexágono, sem contar com os territórios ultramarinos), pelo que as respostas da tutela devem ser «concretas» e «à altura das reivindicações».
Segundo revela o portal ouest-france.fr, a FNSEA exige, em primeiro lugar, «respostas imediatas sobre a remuneração» dos agricultores, incluindo ajudas de emergência aos sectores em crise, num montante que estima em «várias centenas de milhões de euros».
Entretanto, o ministro da Agricultura, Marc Fesneau, fez saber que o primeiro-ministro, Gabriel Attal, dará a conhecer as primeiras medidas «para sair da crise» esta sexta-feira.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui