Num «comentário» publicado esta quinta-feira, a agência estatal Xinhua afirma que as Filipinas «devem parar de apostar na questão do Mar do Sul da China», depois de, na terça-feira passada, forças navais e aéreas chinesas terem «advertido» uma aeronave filipina.
Um porta-voz militar declarou então que o avião C-208 das Filipinas «invadiu ilegalmente o espaço aéreo da China» e «violou a soberania» do país, ao entrar no espaço aéreo sobre Huangyan Dao ou Atol de Scarborough, um dos territórios em disputa no Mar do Sul da China.
«É óbvio que Manila não parou de fazer ondas» na região, cuja paz e estabilidade põe em causa, destaca a Xinhua ao comentar a ocorrência, depois de responsáveis governamentais chineses terem alertado repetidamente para o risco de um confronto geopolítico regional, considerando a atitude do governo filipino «irresponsável e perigosa».
Recentemente, em Pequim, um representante do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Guo Jiakun, destacou o facto de as Filipinas terem voltado atrás na sua palavra sobre o carácter «temporário» da presença em seu território dos mísseis norte-americanos Typhon.
A presença desse sistema de mísseis em território filipino «mina seriamente a paz e a estabilidade regionais, e os interesses legítimos de segurança de outros países», afirmou Guo, frisando que a China «jamais ficará de braços cruzados quando os seus interesses de segurança são prejudicados ou ameaçados».
Em Janeiro último, ambos os países asiáticos realizaram a décima reunião do mecanismo de consulta bilateral sobre o Mar do Sul da China, num contexto de tensões persistentes.
Pequim apresentou protestos formais relativamente àquilo que classificou como «recente violação marítima e actividades provocatórias das Filipinas», tendo instado o lado filipino ao cumprimento estrito da Declaração sobre a Conduta das Partes no Mar do Sul da China – firmada pela China e os países-membros da ASEAN em 2002.
Neste sentido, o lado chinês insiste que a paz e a estabilidade no Mar do Sul da China servem os propósitos comuns dos países na região e mais além; e apela à resolução adequada das divergências por via do diálogo e da consulta, de modo a gerir conjuntamente a situação marítima e a encaminhar as relações bilaterais de volta à senda da normalidade o mais rapidamente possível.
China empenhada na estabilidade económica e cooperação
Ao participar na edição mais recente da Conferência de Segurança de Munique, a antiga diplomata chinesa Fu Ying disse que existe um forte consenso no seio dos países da região relativamente ao desenvolvimento económico e à cooperação.
Observando que as disputas no Mar do Sul da China não são de hoje, Fu manifestou preocupação sobre a influência desestabilizadora dos EUA na questão e recordou que as Filipinas são um dos países signatários da Declaração sobre a Conduta das Partes no Mar do Sul da China, pelo que, tal como os demais signatários, se deve reger pelos princípios nela estabelecidos.
Trata-se de um dos corredores marítimos mais movimentados, sem que a liberdade de navegação tenha sido um problema, afirmou Fu, acrescentando que a chamada «liberdade de navegação» que os EUA defendem não tem nada a ver com os direitos normais de navegação.
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