Milhares de pessoas participaram, em dezenas de cidades colombianas, nas primeiras duas jornadas da paralisação nacional convocada por sindicatos e outras organizações para 19, 21 e 23 de Novembro.
A exigência do respeito pelo acordo de paz e pela vida, num país marcado por massacres e assassinatos frequentes de dirigentes sociais, é uma das primeiras reivindicações dos manifestantes, que assinalam o aniversário de uma iniciativa semelhante em 2019, sem que o presidente colombiano, Iván Duque, lhe tenha respondido à altura.
As jornadas de protesto, que contam com a participação de associações de indígenas, organizações estudantis, de mulheres, de afrodescendentes e agricultores, entre outras, reivindicam igualmente o respeito pelo direito de manifestação e a não criminalização do protesto, exigem uma luta mais eficaz contra a corrupção no país sul-americano, bem como uma resposta mais «competente» das autoridades à complexa situação sanitária relacionada com a Covid-19.
Para além disso, os manifestantes reclamam uma resposta à reforma laboral com a qual o governo pretende eliminar o salário mínimo, reduzir o pagamento aos jovens e diferenciar os salários por regiões, refere a Prensa Latina.
Exigem igualmente que seja posto um travão à política de privatizações dos recursos do país, que se limite a actividade de sociedades financeiras no controlo das contas de empresas públicas e que não se avance para a privatização do fundo de pensões do país, o Colpensiones.
Em comunicado, a Central Unitária dos Trabalhadores (CUT) afirmou que o governo de Duque não dialoga nem negoceia, e daí a necessidade de trazer os trabalhadores para a rua, porque não se pode abdicar do reconhecimento dos direitos da negociação colectiva, indica a TeleSur.
Prosseguem os massacres e assassinatos de dirigentes
Desde o início das mobilizações, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) registou o assassinato de quatro dirigentes sociais e sindicais na Colômbia, dois deles no departamento de Nariño, um no do Cauca e outro no de Risaralda.
De acordo com os dados do organismo, 258 dirigentes sociais, indígenas, agrícolas, políticos, sindicais e defensores dos direitos humanos foram assassinados na Colômbia desde o início do ano.
Este fim-de-semana, foram ainda perpetrados mais dois massacres no país andino. Em Argelia (departamento do Cauca), foram mortas cinco pessoas e em Betania (Antioquia) foram assassinadas sete, de acordo com dados preliminares.
Segundo os números divulgados pelo Indepaz, 303 pessoas foram mortas na Colômbia em 76 massacres este ano. O departamento de Antioquia regista o maior número de casos (18), seguido do Cauca (12), Nariño (nove), Norte de Santander (seis) e Putumayo (quatro).
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